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4 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

4.1 Obtenção dos dados

4.1.1 Sistemas de informações contábeis – contabilidade pública

As informações necessárias à análise dos gastos públicos podem ser obtidas através de consultas aos sistemas de administração financeira federal e estadual.

De acordo com Ribeiro Filho (1997, pag. 51), pode-se afirmar que os sistemas SIAFI e SIAFEM, em razão de sua integração em larga escala, pleno atendimento aos procedimentos de registros contábeis estabelecidos na lei 4.320/64 e parametrização no acompanhamento da execução orçamentária, se constituem em opção técnica imbatível em termos de uma possível análise alternativa com outros sistemas.

Estes sistemas já oferecem, em si mesmos, uma ampla perspectiva de acesso às informações analíticas sobre todos os passos da execução orçamentária da despesa permitindo o atendimento pleno do aspecto da legalidade, além de preservar a veracidade e tempestividade dos dados registrados, fatores essenciais para o controle gerencial.

No caso dessa pesquisa, grande parte dos dados contábeis não estava disponível em banco de dados, devido ao período trabalhado, que precisou coincidir com o período da publicação do IDH, de 1991 até 2005.

Esses dados contábeis extraídos estavam agregados por categoria econômica de despesa, bem como por seus respectivos grupos (natureza da despesa), e por agregação em funções, de acordo com as classificações orçamentárias formais determinadas pela Lei nº 4.320/1964, pela Portaria Interministerial nº 163/2001 e pela Portaria Nº 42, de 13 de abril de 1999, conforme esquematizado nos quadros a seguir:

Categorias econômicas Grupos de Despesas Especificações 1. Pessoal e Encargos Sociais

Despesa de natureza remuneratória decorrente do efetivo exercício de cargo, emprego ou função de confiança no setor público, do pagamento de proventos de aposentadorias, reformas e pensões civis e militares, das obrigações trabalhistas de responsabilidade do empregador, incidentes sobre a folha de salários, contribuição a entidades fechadas de previdência e outros benefícios assistenciais.

2. Juros e Encargos da Dívida

Despesas com o pagamento de juros, comissões e outros encargos de operações de crédito internas e externas contratadas, bem como da dívida pública mobiliária.

3. Despesas Correntes: despesas que não

contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital. 3. Outras Despesas Correntes

Despesas com aposentadorias, reformas e pensões do Regime Geral da Previdência Social (RGPS), aquisição de material de consumo, pagamento de diárias, contribuições, subvenções, auxílio- alimentação, auxílio-transporte, auxílio-doença, salário- maternidade, auxílio-acidente de trabalho, benefício ao deficiente e ao idoso, salário-família, auxílio-financeiro a estudante e a pesquisadores, serviços de terceiros e outras despesas relacionadas à manutenção da estrutura administrativa e à implementação de políticas de governo.

4.

Investimentos

Despesas com o planejamento e a execução de obras, inclusive com a aquisição de imóveis considerados necessários à realização destas últimas, e com a aquisição de instalações, equipamentos e material permanente. 4. Despesas de Capital: despesas que contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital. 5. Inversões Financeiras

Despesas com a aquisição de imóveis ou bens de capital já em utilização, aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, todas já constituídas,

Categorias econômicas

Grupos de

Despesas Especificações

quando a operação não importe aumento do capital e com a constituição ou aumento do capital de empresas.

6. Amortização da Dívida

Despesas com o pagamento e/ou refinanciamento do principal e da atualização monetária ou cambial da dívida pública interna e externa, contratual ou mobiliária.

Quadro 1 - Classificação das Despesas Públicas por Categoria Econômica e por Grupo de Despesa Fonte: adaptado do MTO (2009)

Sequência Função 01 Legislativa 02 Judiciária 03 Essencial à Justiça 04 Administração 05 Defesa Nacional 06 Segurança Pública 07 Relações Exteriores 08 Assistência Social 09 Previdência Social 10 Saúde 11 Trabalho 12 Educação 13 Cultura 14 Direitos da Cidadania 15 Urbanismo 16 Habitação 17 Saneamento 18 Gestão Ambiental 19 Ciência e Tecnologia 20 Agricultura 21 Organização Agrária 22 Indústria 23 Comércio e Serviços 24 Comunicações 25 Energia 26 Transporte

27 Desporto e Lazer Comunitário 28 Encargos Especiais

Quadro 2 – Funções de Governo

Fonte: Portaria Nº 42, de 13 de abril de 1999, do MOG – DOU de 15.4.99

Optou-se, nesse trabalho, pela utilização das despesas não-financeiras, apenas. A decisão se justifica pelo fato de que amortização e refinanciamento de dívida e juros não representarem uma despesa efetiva, pois, nesse caso, o governo não estaria colocando

esse motivo, as despesas financeiras foram retiradas dos testes, nas classificações por natureza - Juros e Encargos da Dívida e Amortização da Dívida – e por função – Encargos Sociais (nesta conta também eram contabilizados os recursos transferidos aos municípios constitucionalmente, e que não fazem parte desse estudo). As informações de gastos do período foram analisadas, comparando-se a evolução dos mesmos com relação ao desenvolvimento do Estado de Pernambuco, evidenciados pelos indicadores estaduais: PIB, PIB Per Capita, IDH e GINI.

Os dados contábeis extraídos da contabilidade da SEFAZ/PE foram atualizados monetariamente, para o último mês do exercício 2005, através do IGPM calculo de IBGE, para permitir a sua comparabilidade.

Baseado em teorias dos gastos públicos discutidas por Musgrave & Musgrave (1980) e Vergolino e Neto (2001), os quais defendem a importância dos gastos públicos na promoção da demanda agregada, e consequente crescimento econômico, procurar-se-á a medida dessa influência no desenvolvimento do Estado Pernambucano.

Segundo Rocha e Giuberti (2007, p. 464), já existem estudos que evidenciam a dicotomia presente no aumento da carga tributária, que desestimula o investimento privado e, ao mesmo tempo, promovem o crescimento, em contrapartida aos investimentos do Estado. Por outro lado, as autoras identificaram que algumas despesas públicas podem promover crescimento econômico principalmente: defesa, educação, transporte e comunicação, além de despesas de capital.

O estudo realizado por Rocha e Giuberti (2007) apresenta duas maneiras de medir a qualidade do gasto público e seus impactos na economia. A forma indireta consistiria:

[...] em avaliar o resultado dos gastos que teriam um efeito positivo sobre o crescimento (por exemplo, gastos com saúde, educação, etc...) e, então, tentar medir o desempenho do setor público relacionando estas medidas de resultado/produto aos insumos utilizados.

A outra maneira é direta, a qual será utilizada nesse trabalho, e definida por Rocha e Giuberti (2007, p.464) como uma forma de “medir o impacto do gasto público sobre o crescimento econômico por meio de análise estatística/econométrica ou estudos de caso”.

Identificar o grau de correlação entre os gastos públicos e o desenvolvimento do Estado, portanto, pode ser possível através da análise estatística das despesas e dos indicadores econômicos e sociais.

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