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4. Análise Ambiental do Processo Produtivo

4.3 Sistemas e Tipos de Produção de Suínos e suas

4.3.1 Sistemas de Produção

Os sistemas de produção são entendidos como a interrelação entre componentes organizados para cumprir um objetivo, no caso a produção de suínos, cujos componentes básicos segundo GOMES et alli (1992) são: produtor, animais (potencial genético), alimentação, manejo, instalações e insumos para controle sanitário. É interessante ressaltar que ;no trabalho desses autores (utilizado como roteiro das descrições deste item) o manejo de dejetos, não obstante sua importância atual, não aparece como elemento básico de um sistema de produção, estando provavelmente diluído nos elementos genéricos manejo e

instalações.

A grande variação das condições ambientais entre os vários sistemas existentes fundamenta-se na característica comportamental da espécie zootécnica em apreço, isto é, na plasticidade do comportamento dos suínos, que é comprovada pela rapidez com que porcos selvagens têm sido adaptados às limitadas condições de laboratório (HAFEZ e SIGNORET, 1969).

Os suínos são criados em ambientes muito distintos, os quais variam desde pequenos, descobertos e lamacentos chiqueiros até modernas instalações protegidas do ambiente externo, e de grandes áreas de pastagens de gramíneas ou leguminosas até um estado semi-selvagem deslocando-se livremente em áreas de mata. Assim, neste trabalho são identificados cinco sistemas de criação, que são descritas a seguir.

O sistema confinado de alta tecnologia e eficiência é aquele cujas características fundamentais são as seguintes :

• caráter empresarial;

• confinamento dos animais em instalações especializadas projetadas de modo a permitir o controle das condições ambientais;

• animais de alto potencial genético; • intensa reposição de reprodutores;

• regime profilático contra principais doenças;

• programas de alimentos e alimentação específicos para cada fase da vida do animal.

Este sistema é dirigido à obtenção dos mais altos índices de produtividade física possível, incorpora de forma imediata os resultados da pesquisa do setor e é considerado um sistema de alto custo de implantação. O modelo de maior consistência com essa descrição são, possivelmente, as chamadas “factory farms” (granjas-fábrica, numa tradução literal) dos Estados Unidos, que serão abordadas no item 6 deste trabalho.

As criações orientadas pelo sistema confinado de alta tecnologia e eficiência tendem a ser menos sujeitas a grande oscilações de plantei e, portanto, de quantidades de dejetos gerados. Além disso, a economia de escala induz a uma tendência de que esse seja o sistema adotado por grandes e médios produtores em função de seus altos investimentos e custos fixos. No caso catarinense a maior ocorrência dos altos índices técnicos característicos desta forma de produção se dá entre os produtores “integrados” e condomínios de suínos (TESTA et a i, 1996).

Na descrição do sistema em estudo não há referências em GOMES

et alli (1992), outra vez, à forma de manejo de dejetos que, supostamente, deveria

nesse caso, acompanhar a excelência dos outros elementos da produção. A figura III a seguir ilustra as características do sistema descrito.

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Figura III - Criadeiras em sistema confinado de alta tecnologia - São Miguel

d’Oeste (foto do autor) julho/1998

O sistema confinado tradicional de baixo custo e/ou tecnologia é aquele cujas características fundamentais são as seguintes :

• a produção de suínos nem sempre é a atividade principal da propriedade rural em que ele se aplica;

• oscilação da quantidade do plantei vinculada às condições de mercado; • instalações simples;

• reposição de reprodutores machos por aquisição de produtores especializados e de fêmeas, algumas vezes, com animais próprios;

• incorporação parcial e gradual de novas tecnologias.

Quando se considera este sistema em comparação com o anterior pode-se inferir que, para criações de mesmo tamanho, o potencial de impactos decorrentes seria maior no presente caso, isto é, reconhecida a questão do manejo de dejetos como dependente ao nível da propriedade rural e da introdução de novas tecnologias, a adoção de procedimentos de controle de poluição em criações orientadas por este sistema tenderia a ser mais tardia pela insegurança no investimento em instalações quando há grande variações de plantei em função do mercado e, em conseqüência, de volume de dejetos a serem armazenados e tratados. Considerados os índices técnicos deste sistema, TESTA et a i, 1996 entendem que nele se encontraria a média das ocorrências da suinocultura catarinense.

O sistema semi-confinado tradicional de baixo custo e/ou tecnologia é aquele cujas características fundamentais são idênticas às do anterior, mas diferencia-se daquele nos seguintes aspectos:

• acesso controlado ou não a piquetes (pequenas áreas de pastagem ao ar livre) para a maioria dos animais;

• apenas os animais para engorda são confinados.

Neste caso a comparação ambiental é favorável em relação aos sistemas anteriores, em função da desconcentração da produção de dejetos durante a maior parte da vida dos animais e pela maior possibilidade de incorporação ao solo após a sua infiltração e decomposição ao ar livre pela própria mobilidade dos suínos no pasto, embora do ponto de vista dos índices econômicos da produção ele não se justifique como alternativa viável em relação aos anteriores. No caso da suinocultura catarinense é pequena a ocorrência deste sistema.

O sistema intensivo de criação ao ar livre apresenta as seguintes características principais:

• animais em fases de reprodução, maternidade e creche são mantidos em piquetes;

• pequeno número de edificações ; • confinamento de animais de engorda; • rotação das áreas ocupadas pelos animais.

Este têm sido o sistema preferencial adotado por alguns países europeus e, entre as suas vantagens têm sido apontadas: o baixo custo de

implantação, manutenção e de produção, a mobilidade das instalações e facilidades de implantação e aumento da produção, havendo poucas referências a questão dos impactos ao ambiente. A freqüência deste sistema na suinocultura catarinense ainda é, comparativamente aos demais, pouco significativa.

A figura IV a seguir ilustra uma das características do sistema. 58

Figura IV - Piquetes em sistema intensivo de criação de suínos ao ar livre- Paraná- Brasil (anônimo) 1998

O sistema extensivo é assim denominado por apresentar as seguintes características principais:

• manutenção permanente de todos os animais a campo em todas as fases de vida;

• baixos índices de produtividade;

• predominante nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste do Brasil;

• preponderância de consumo próprio de carne e banha, com pouco excedente; comercializado nas proximidades da unidade produtora.

A descrição deste sistema, de modo geral, é semelhante aquela das origens da suinocultura no Sul do Brasil. Isto é, por largo período a produção sulina foi caracterizada pela utilização de animais de raças comuns, voltados mais à produção de banha do que de carne, e criados à solta. O confinamento em áreas cercadas (mangueiras) só ocorria após a safra de verão, pois nesta época era possível a utilização do milho em abundância além da batata-doce, mandioca e abóboras (MIRANDA,1995).

A condição de predominância deste sistema já está em franca alteração no que se refere aos estados do Centro Oeste em função do deslocamento das agroindústrias transformadoras de carne suína para aqueles estados conforme já assinalado no item 2 deste trabalho. De todo modo, o sistema extensivo de produção pressupõe a existência de um rebanho relativamente pequeno sobre uma grande extensão de terras, o que, portanto, facilita a decomposição natural dos dejetos gerados e sua incorporação ao meio, conseqüentemente diminuindo os problemas ambientais.

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