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2 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS SISTEMAS DE COMUNICAÇÕES CIVIS E

2.2 Sistemas com Espalhamento Espectral

distância da origem. Isto significa que as informações são inseridas nos parâmetros de amplitude e quadratura da onda portadora.

No caso do 16QAM, a constelação3 apresenta 16 símbolos, o que significa que cada símbolo representa 4 bits. Pode-se ter também, por exemplo, o modo 64QAM, cuja constelação apresenta 64 símbolos, cada um deles representando 6 bits. A FIG. 2.9a ilustra a constelação gerada pela modulação 16QAM e a FIG. 2.9b ilustra a constelação gerada pela modulação 64QAM.

FIG. 2.9 - Constelação de um sinal com modulação QAM: (a) 16-QAM e (b) 64-QAM.

No espalhamento espectral, o sinal de informação é codificado e modificado,

“espalhando” a informação no espectro de frequências. A largura de banda de transmissão é muito maior que a banda mínima necessária para transmitir a informação.

Algumas vantagens podem ser destacadas com o uso das técnicas de espalhamento espectral (LEE, 1995):

• Dispõem de Ganho de Processamento que em geral é definido como a razão entre a largura de banda originada pelo processo de espalhamento e a largura de banda mínima requerida para o sinal a transmitir.

• Permitem a utilização simultânea da mesma banda de frequências por um número grande de usuários (acesso múltiplo).

• Protegem contra o desvanecimento provocado por multipercursos, que é um grande obstáculo nas comunicações urbanas.

• Dispõem de elevada tolerância a sinais interferentes, especialmente aos sinais de banda estreita, propriedade esta conhecida como anti-bloqueio. Tal propriedade é consequência do processo do espalhador e do correlator efetuados pelo transmissor e receptor, respectivamente.

• Possui baixa probabilidade de interceptação, que é consequência direta da baixa densidade espectral de potência resultante do processo de espalhamento, o que faz com que o sinal se confunda com o ruído.

Entre as desvantagens pode ser citada a complexidade envolvida no projeto de um equipamento com espalhamento espectral, que é superior a dos sistemas convencionais. Além disso, em sistemas não-celulares, a eficiência espectral é significativamente mais baixa.

As principais técnicas de espalhamento espectral são (LEE, 1995; POISEL, 2004):

multiplicação por sequência direta (DSSS - Direct Sequence Spread Spectrum), salto em frequência (FHSS - Frequency Hopping Spread Spectrum) e salto no tempo (THSS - Time Hopping Spread Spectrum).

2.2.1 ESPALHAMENTO ESPECTRAL POR SEQUÊNCIA DIRETA - DSSS

Na técnica de espalhamento DSSS a informação do sinal é multiplicada diretamente por uma sequência pseudo-aleatória PN na transmissão. Para se obter o espalhamento do sinal desejado, a taxa do sinal PN deve ser bem maior que a taxa do sinal de informação. Um

exemplo básico de um sinal transmitido com espalhamento DSSS é ilustrado na FIG. 2.10, onde T é o tempo de duração de um bit e TC é o tempo de duração de um chip (padrão de bits).

FIG. 2.10 – Exemplo básico de um Sinal DSSS.

Na recepção, o sinal é sincronizado e multiplicado pela sequência PN e posteriormente demodulado, recuperando a sequência binária de entrada. O padrão IS-95 é baseado na modulação DS-CDMA.

O diagrama em bloco da FIG. 2.11 ilustra a forma básica de transmissor e receptor que utilizam a técnica de espalhamento DS com modulação digital BPSK.

FIG. 2.11 - Transmissor e Receptor do sinal DSSS-BPSK.

A FIG. 2.12 ilustra o sinal com espalhamento espectral no tempo. A FIG. 2.12a mostra o sinal de dados, a FIG. 2.12b o sinal de dados com modulação BPSK, a FIG. 2.12c o código de espalhamento e a FIG. 2.12d o sinal de dados com espalhamento DSSS.

FIG. 2.12 - Sinal DSSS-BPSK no tempo.

2.2.2 ESPALHAMENTO ESPECTRAL POR SALTO EM FREQUÊNCIA – FHSS

A técnica de espalhamento por saltos em frequência FHSS é similar à técnica DSSS, só que neste caso o sinal de dados é modulado em frequência antes de ser misturado com o sintetizador de frequências. A frequência desse sintetizador é controlada pela saída de um gerador de sequências pseudo-aleatórias, como ilustrado na FIG. 2.13.

FIG. 2.13 – Transmissor de um sinal FHSS.

Existem duas variantes para a técnica de FHSS:

• Salto em Frequência Rápido (FFH) – quando um bit é dividido por vários saltos, ou seja, a taxa de ocorrência de saltos é maior que a taxa de símbolos. A FIG. 2.14 ilustra esta situação, que caracteriza o FHSS rápido.

FIG. 2.14 - FHSS rápido.

• Salto em Frequência Lento (SFH) – quando um ou mais bits são transmitidos por um único salto em frequência, ou seja, a taxa de ocorrência de saltos é menor que a taxa de símbolos (FIG. 2.15). Neste caso é forçosa a utilização de código corretor de erros, pois se houver bloqueio em uma das frequências de salto, haverá perda de um ou mais bits.

FIG. 2.15 - FHSS lento.

Dentre as principais vantagens na implementação do FHSS pode-se destacar o custo dos equipamentos, que nesse tipo de técnica de espalhamento é mais barato que a da técnica DSSS, e a possibilidade de uso de faixas de frequência não-contíguas, reduzindo possíveis interferências não-intencionais de faixa estreita. Entretanto, tem-se dificuldades na implementação de sintetizadores de frequência na etapa de modulação, e a demodulação coerente é afetada pelos problemas de manter relações de fase durante os saltos em frequência.

2.2.3 ESPALHAMENTO ESPECTRAL POR SALTO NO TEMPO – THSS

No esquema THSS o sinal correspondente à informação é transmitido em rápidos surtos de intervalos de tempo determinados pelas sequências atribuídas a cada usuário. O eixo do tempo é dividido em quadros, e cada quadro é dividido em M intervalos de tempo (timeslots).

Durante cada quadro, o usuário transmite em um dos M timeslots, sendo a escolha do timeslot feita de acordo com a sequência associada ao usuário. Durante a transmissão, toda a largura de banda alocada ao sistema é ocupada por um determinado usuário, sendo então necessária a minimização da probabilidade de ocorrência de conflitos em transmissões simultâneas.

A implementação da técnica THSS é mais simples que a FHSS e permite a transmissão em altos níveis de potência nos curtos intervalos de tempo.

A TAB. 2.1 sintetiza as vantagens e desvantagens de cada técnica de espalhamento espectral.

TAB. 2.1 - Vantagens e desvantagens de sistemas com espalhamento espectral.

Técnica Vantagens Desvantagens

DSSS − Melhor desempenho na presença de interferências intencionais

− Mais difíceis de detectar

Os multipercursos são menos prejudiciais

− O circuito gerador de freqüência (sintetizador) é mais simples, pois não tem necessidade de trocar de freqüência constantemente

− O processo de espalhamento é simples, pois é realizado através da multiplicação do sinal de informação por um código

− Maior capacidade de transmissão

− Tempo de aquisição de sincronismo demorado

− Necessitam de um gerador PN rápido

− Sofrem do problema perto-longe4

− Mais vulneráveis a bloqueadores com ruído pulsado

− Equipamentos de maior custo

FHSS − Maior imunidade as interferências

− Podem ser programados para evitar certas porções do espectro

− São menos afetados pelo problema perto-longe

− Os canais que o sistema utiliza para operação não precisam ser sequenciais

− A probabilidade de diferentes usuários utilizarem a mesma seqüência de canais é muito pequena

− Equipamentos de menor custo

− Sintetizador de frequência complexo

− Mais vulneráveis a ataques de bloqueadores de banda parcial

− O sincronismo entre a transmissão e a recepção é mais critico.

− Baixa capacidade de transmissão

THSS − Implementação mais simples que FH

− Problema perto-longe é evitável num sistema coordenado

− Tempo de aquisição demorado

4 O fenômeno perto-longe pode ser explicado através de uma situação em que duas unidades móveis estão tentando se comunicar com o mesmo ponto de acesso, e que a unidade A está mais perto que a B, e ambas estão dentro da mesma área de cobertura. Como a unidade A está mais perto, seu sinal de rádio é mais forte. Se as duas unidades tentarem transmitir ao mesmo tempo, pode acontecer de a unidade B nunca conseguir um acesso porque o sinal mais forte (A) prejudica a recepção de sinais mais fracos (B).