• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 4 ANÁLISE EMPÍRICA E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS COLETADOS

4.3 Análise das entrevistas: a dimensão subjetiva dos profissionais da Rádio Cultura Brasil

4.3.2 O site de uma emissora pública

Pensar nas principais funcionalidades de um instrumento que é uma “plataforma” para a rádio e garantir seu funcionamento; em colocar a emissora na rede, ao vivo, para que mais pessoas possam ter acesso à sua programação (streaming); não perder o foco no público (no cidadão, no ouvinte) são os principais aspectos percebidos nas falas dos entrevistados da em relação ao que não pode faltar em um site de uma rádio, sobretudo, de uma emissora pública.

“Ele (o site) tem que funcionar. Tem que estar no ar em tempo integral, não pode dar bug. Não dar informação errada. Se colocou a grade de programação, tem que ser cumprida. O streaming tem que estar chegando pra ele (usuário). Então, a primeira coisa é que (o site) tem que estar no ar e funcionando bem. Segunda coisa, você tem que ser honesto nas relações e tem que ter informação e atualização sempre. Você não pode ficar camuflando (problemas)”. (Eduardo Weber, Fundação Padre Anchieta)

Novamente, as falas da maioria dos entrevistados indicam certa preocupação com a funcionalidade técnica dos sites, sobressaindo a necessidade de mantê-lo funcionando para que os ouvintes internautas possam ouvir a rádio a qualquer tempo. Essa questão se associa a uma espécie de fidelização do ouvinte via site, fazendo com que as páginas necessitem ter mecanismos de interação para fortalecer uma cultura de participação e aproximar a rádio dos usuários online.

“(O site) precisa ter o sinal (streaming), precisa ter alguma coisa de interatividade, precisa (...) fornecer uma melhor experiência pra ele (ouvinte), pra gente conhecer quem é esse público. A interatividade influencia em melhorar a experiência do usuário e também pra gente conhecê-lo. (Também) precisa ter conteúdo exclusivo, não adianta apenas fazer o que a rádio faz. (...) (Então), as principais coisas são essas: fornecer conteúdo interativo; fornecer conteúdo exclusivo; não abandonar o que acontece no ar, que tem que estar lá (no site) de alguma forma e, (não esquecer) desse relacionamento com o ouvinte (via site)” (Pedro Nakano, Fundação Padre Anchieta)

Todavia, existe, dentre os entrevistados, a clara preocupação de fazer com que as funcionalidades do site sejam voltadas para questões referentes à filosofia da emissora. Os profissionais defendem as páginas das rádios como instrumento não apenas de entretenimento e persuasão da audiência, mas também como veículo para divulgar informações de interesse público e fortalecer a comunicação pública.

(O site) tem que estar aberto (ao público) e tem que ter espaço de interação. (...). Tem que ter “Fale Conosco”, “Envie sua Música”, “Envie sua pesquisa”, (...) tem que ter um espaço de comunicação permanente ali. Acho que esse é o principal, porque se não tiver isso você entra lá só pra ver o que está sendo proposto, acho que não é o papel. Outro fato (importante é) ampliar o acesso àquele conteúdo: ter streaming, ter podcast, ter a produção desse conteúdo que foi feito e foi ao ar uma vez para poder ser acessado a qualquer momento. É para isso, ampliar. (Ricardo Rodrigues, Rádio UFSCar)

“Ele (o site) tem que ser informativo e (permitir) você buscar a informação precisa do que você está querendo. Que informação eu vou levar? O que eu vou ter? O site tem que ter imagem? Tem. Então, como eu vou trabalhar essa imagem? Tem que ter texto? Tem. E qual vai ser o formato do texto? Vai ter, por exemplo, espaço para comentário do ouvinte? Não existe um critério único, definido. Há programas que sobem (os arquivos de áudio são postados no site) e outros não, varia de acordo com demanda, audiência, participação de internautas... Não é só a filosofia da rádio. Existe uma filosofia maior de usar a internet como um meio de levar informação ao público, às vezes, até de bastidores? Você tem que conhecer o teu produto, o que você faz com a informação e adequar às ferramentas (da internet)” (Eduardo Weber, Fundação Padre Anchieta)

A gente tem uma discussão de qual é o papel de todas as mídias. Qual é o papel do adesivo, qual o papel da camiseta, qual é o papel do site... Isso enquanto estratégia de comunicação. E a internet possibilita a gente (...) levar uma proposta política de ação (de comunicação pública) a mais espaços. As redes sociais se tornaram importantes (...) porque fica uma plataforma de comunicação mais direta (com o ouvinte). A gente tem ouvintes que acompanham o trabalho da rádio no Brasil todo e no exterior (Ricardo Rodrigues, Rádio UFSCar)

O (site) é fundamental (para as rádios públicas) por dois motivos principais. Um é o de ampliar o acesso. Uma vez pública, você tem que conseguir o acesso a um número de pessoas. É investimento público, é grana pública, as pessoas [que trabalham] estão ganhando dinheiro público, então tem que alcançar o maior número de pessoas. Uma vez que você põe na internet, você abre o seu alcance que seria só para quem tem acesso ao site a ouvir a chegar a mais gente. Então isso é fundamental, né? Que esse conteúdo seja amplificado. Eu acho que é uma obrigação por ser público, né? E o outro é que eu acho que tem o lance também de ampliar o espaço de interação mesmo, de ser aberto (ao ouvinte). (Ricardo Rodrigues, Rádio UFSCar)

O coordenador de TI da Rádio UFSCar, Cristiano Barbosa, e a estagiária Nicole Santaella também explicitam a necessidade da emissora acompanhar o papel alcançado pela internet na sociedade contemporânea.

Hoje a internet é uma coisa comum – até os celulares estão vindo com navegador. Se você não tá na internet, você praticamente está desconhecido, você está desconectado, vamos dizer assim. A programação da rádio é diferenciada para todos os gostos e acaba permitindo abarcar o mundo inteiro que pode ouvir (pela internet). (Cristiano Barbosa, Rádio UFSCar) A internet é um dos principais meios de comunicação. A rádio também pode ser transmitida pela internet, então nós acreditamos que é importante ter um site explicando isso para as pessoas terem acesso aos programas e à nossa programação, entendendo o que está acontecendo; para ter um espaço para os nossos programadores colocarem as informações e para arquivar os podcasts para as pessoas poderem acessar e entender o que é a rádio - porque ela não é apenas uma rádio comum. Para as pessoas poderem ter acesso. (Nicole Santaella, Rádio UFSCar)

Nesse cenário, “o um site (tem que ser) acessível ao ouvinte. Facilitar o usuário encontrar comandos para ouvir a rádio; (...) informar a programação diária; (...) fazer uma interface que seja mais fácil de interagir com o usuário” (Cristiano Barbosa, Rádio UFSCar). Na visão de Barbosa, o projeto de comunicação pública também se encaixa uso de tecnologias livres e gratuitas.

“A necessidade de trabalhar com tecnologias livres e trabalhar principalmente com o eixo do software livre, do Linux, mas pensando toda nossa estrutura como uma grande tecnologia inicial de comunicação e cultural sempre aberta. Então essa preocupação de trabalhar com tecnologias livres. E tudo isso para ser, de certa forma, transparecido no nosso dia-a-dia, no ar e nos nossos projetos e ações em

geral. (Cristiano Barbosa, Rádio UFSCar)”