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O Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos 2010 aponta que a baixa escolaridade média da população e a desigualdade reinante ainda representam um enorme problema na educação brasileira. O que a mantém na pauta das discussões políticas e econômicas, pela necessidade da universalização da educação básica a melhoria na sua qualidade e a erradicação do analfabetismo. É, portanto, de grande importância identificar os avanços, perspectivas e os desafios existentes nas condições educacionais dos brasileiros (UNESCO, 2010).

De acordo com o mesmo documento, o analfabetismo e a pobreza estão fortemente correlacionados. É nos países e comunidades mais pobres que se encontra a maior incidência de analfabetismo (UNESCO, 2010).

Conforme o gráfico abaixo (Gráfico 1) percebe-se que apenas dez países respondem por 72% do número total de adultos analfabetos.

Gráfico 1 - Dez piores índices de adultos analfabetos (2005-2008)

Fonte: Relatório de Monitoramento Global EPT 2010 (UNESCO, 2010).

O Brasil conseguiu reduzir sua população adulta analfabeta em 2,8 milhões de 2000 a 2007, e a China tem mantido forte progresso na alfabetização universal de adultos. Na Índia, as taxas de alfabetização estão se elevando, mas não o bastante para evitar que o número de adultos analfabetos atingisse 11 milhões na

primeira metade da década passada. Nigéria e Paquistão registram progressos bastante sutis (UNESCO, 2011).

No Brasil, conforme o quadro a seguir (Quadro 1), a análise por regiões brasileiras demonstra que a região sul apresenta o menor número de analfabetos com 4,47%, seguido pela região sudeste com 5,11%, região centro-oeste 6,64%. Já as regiões norte e nordeste apresentam os índices mais elevados de analfabetismo que segundo pesquisas associam-se a desigualdade de renda, que, ainda é bastante acentuada entre as cinco regiões brasileiras, apesar da tendência de redução observada nos últimos anos (IBGE, 2010).

REGIÕES BRASILEIRAS ANALFABETISMO (%)

Região Sul 4,47

Região Sudeste 5,11

Região Centro-Oeste 6,64

Região Norte 10,6

Região Nordeste 17,6

Quadro 1. Percentual de analfabetos por região brasileira (2010)

Fonte: IBGE, 2010.

A posição privilegiada no nível de instrução da população da região sul, comparativamente as demais regiões brasileiras merece ser destacada. Porém, com cautela, pois internamente são inúmeras e significativas as diferenças regionais que ainda perduram mesmo com melhoras expressivas dadas pelas taxas de escolarização ao longo dos últimos anos.

Segundo indicadores do atlas socioeconômico, o Rio Grande do Sul, por exemplo, no fundamental a taxa de escolarização passou de 87,2% em 1980, para 96,5% em 2000. No ensino médio o aumento foi ainda maior, passando de 20,6% em 1980, para 45,3% em 2000. No entanto, internamente verifica-se que mais de 65% dos municípios gaúchos apresentam percentual de analfabetismo acima da média estadual (6,7%).

Ao analisar os Estados da Federação dos dados de 2010, o quadro 2 na próxima página demonstra que os menores índices de analfabetismo são apresentados pelo Distrito Federal, Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo e o Rio Grande do Sul, nos quais a taxa de analfabetismo é inferior a 5% da população, valor inferior ao percentual brasileiro de 9,02% da população. Porém os estados de Alagoas, Piauí e Paraíba o analfabetismo ultrapassa 20% da população (IBGE, 2010).

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UNIDADE FEDERATIVA ANALFABETISMO (%)

Acre 15,9 Alagoas 22,52 Amapá 7,89 Amazonas 9,60 Bahia 15,39 BRASIL 9,02 Ceará 17,19 Distrito Federal 3,25 Espírito Santo 7,52 Goiás 7,32 Maranhão 19,31 Mato Grosso 7,82

Mato Grosso do Sul 7,05

Minas Gerais 7,66 Paraná 5,77 Paraíba 20,20 Pará 11,23 Pernambuco 16,73 Piauí 21,14 Rio de Janeiro 4,09

Rio Grande do Norte 17,38

Rio Grande do Sul 4,24

Rondônia 7,93 Roraima 9,69 Santa Catarina 3,86 Sergipe 16,98 São Paulo 4,09 Tocantins 11,88

Quadro 2. Taxa de analfabetismo por Unidade da Federação (2010)

Fonte: IBGE, 2010.

As avaliações educacionais evidenciam que o desempenho está associado, frequentemente, a características socioeconômicas e culturais dos alunos, a fatores como atraso escolar e a aspectos relacionados à qualidade da educação oferecida. De acordo com o IBGE (2010) a renda ainda é o principal fator que define o analfabetismo no Brasil. Um país que apresenta uma das piores concentrações de renda do mundo, onde a renda dos 20% mais ricos é 32 vezes maior que aquela dos 20% mais pobres, a distribuição da educação e do analfabetismo não poderia ser diferente.

Em relação ao índice de pobreza, os Estados das regiões Norte e Nordeste apresentam os piores índices relacionados à pobreza no país, possuem também o maior percentual de analfabetos. É possível constatar essas informações no quadro da próxima página (Quadro 3).

UNIDADE FEDERATIVA ÍNDICE DE POBREZA Acre 18,9% Alagoas 20,5% Amapá 12,8% Amazonas 19,3% Bahia 17,7% BRASIL 8,5% Ceará 18,4% Distrito Federal 1,9% Espírito Santo 4,3% Goiás 3,7% Maranhão 26,3% Mato Grosso 5,9%

Mato Grosso do Sul 5,0%

Minas Gerais 4,7% Paraná 3,0% Paraíba 16,3% Pará 19,2% Pernambuco 16,1% Piauí 21,6% Rio de Janeiro 3,9%

Rio Grande do Norte 13,0%

Rio Grande do Sul 2,9%

Rondônia 7,9% Roraima 17,9% Santa Catarina 1,7% Sergipe 15,3% São Paulo 2,7% Tocantins 11,9%

Quadro 3. Índice de pobreza por Unidade da Federação (2010)

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, a partir de dados do Censo do IBGE, 2010. *A linha de pobreza igual a R$ 70,00 per capita por mês.

A alfabetização abre as portas para melhores condições de vida, melhoria da saúde e oportunidades de crescimento. De acordo com o Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos de 2010, quanto a Educação de Jovens e Adultos o compromisso assumido em Dacar para lidar com as “necessidades de aprendizagem de todos os jovens” combinou com elevado nível de ambição. Segundo dados presentes nesse Relatório, o marco de Ação de Dacar inclui um objetivo específico para a alfabetização de adultos: a abrangência de 50% até 2015, objetivo que certamente não será atingido, refletindo o descaso de longa data para com a educação de jovens e adultos nas políticas educacionais (UNESCO, 2010).

A população não-alfabetizada no Brasil, segundo o IBGE (2010), é composta por pessoas de idade mais avançada, ou seja, idosos e adultos mais velhos. Na próxima página, nota-se no gráfico 2 que o público adulto em relação às outras

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faixas etárias é a que mais necessita de intervenções e ações no âmbito educacional. Também, apresenta que a faixa etária superior a 40 anos de idade representa um crescimento significativo ao que se refere ao índice de analfabetismo.

Gráfico 2. Proporção de analfabetismo por faixa etária

Fonte: Censo IBGE 2010

De acordo com relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos 2010 (UNESCO, 2010), as políticas presentes, no entanto, têm abarcado na EJA grande parte de jovens com distorção idade série/ano e negando aos adultos e idosos acesso a escola que atendam especificamente às suas necessidades e peculiaridades enquanto sujeitos sociais. Os números evidenciam problemas de acesso à escola que grande parte da população brasileira mais velha teve quando estavam no período adequado para frequentar as aulas, assim como problemas do presente com a baixa cobertura/eficácia dos programas de alfabetização de adultos e idosos.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD) de 2009, a baixa eficácia dos programas de alfabetização de adultos e algumas causas podem ser destacadas: (a) pela baixa cobertura, já que, há poucos analfabetos frequentando a escola, não só pela falta de acesso, pela falta de estratégias pedagógicas, como também pelo desinteresse em procurar “educação escolar”

9,4% 16,9% 16,4% 17,3% 15,4% 24,7% 5,5% 13,5% 15,9% 16,4% 17,3% 31,4% 2,7% 8,3% 14,0% 17,6% 18,3% 39,2% 0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0% 45,0% 15 a 19 anos 20 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos 50 a 59 anos 60 anos ou mais

Proporção de analfabetos por faixa etária de 1991 a 2010

nessa etapa avançada da vida; (b) baixa eficácia na alfabetização, o público matriculado na EJA apresenta um histórico de fracasso escolar, uma vez que, já frequentou a escola e tem sérias dificuldades de aprendizagem (IBGE, 2009).

Segundo o Plano Nacional de Educação (BRASIL, 2001), um compromisso assumido na reunião de avaliação da Conferência Mundial sobre Educação Para Todos, em Jomtien, no ano de 1990, é a falta de compromisso político amplamente citada como uma razão para o desenvolvimento lento na alfabetização da EJA, pois entre as medidas e programas estabelecidas que visem alfabetizar 10 milhões de jovens e adultos, pouco se cumpriu.

De acordo com o quadro abaixo (Quadro 4), das projeções estabelecidas para as próximas décadas se verifica que algumas delas não foram atingidas, pois, a erradicação do analfabetismo previsto para as faixas etárias de 10 a 19 anos, e 20 a 29 anos até 2010, embora tenha reduzido significativamente conforme gráfico anterior (Gráfico 2), não foi eliminado como se almejava.

Quadro 4. Projeção de taxa de redução de analfabetismo no Brasil (2000-2020)

Fonte: IBGE – Censos Demográficos (apud SOUZA, 1999, p.16).

De acordo com Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do MEC (SECADI, 2011) para que a redução do analfabetismo se estabeleça as políticas públicas destinadas a jovens e adultos devem ampliar e qualificar a oferta de EJA no contexto da Educação Básica dispondo de múltiplas formas e espaços formais e não-formais de ensino e aprendizagens, garantindo a continuidade da escolarização aos egressos do Programa Brasil Alfabetizado na Educação de Jovens e Adultos, bem como ampliar o acesso de gestores e educadores da EJA às políticas de formação inicial e continuada. Para tanto, é necessário à implementação de Política Pública de Educação de Jovens e Adultos a partir de financiamentos, formação de professores e gestores e fortalecimento das redes intersetoriais.

IDADE 2000 2010 2020 10 a 19 0,15 --- --- 20 a 29 0,08 --- --- 30 a 39 0,06 0,04 --- 40 a 49 0,15 0,06 0,04 50 a 59 0,24 0,15 0,06 60 a 69 0,31 0,24 0,15 70 a 79 0,09 0,05 0,03

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4.2 A Educação de Jovens e Adultos no município de Esteio/RS: desafios e