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A análise dos documentos é necessária para valorizar e dar credibilidade ao trabalho a ser apresentado, podendo assim “espremer cada documento até a última gota” (BELL, 1993, p. 113). Neste sentido, deve-se ter cuidado no que diz respeito à autenticidade dos documentos, isto é, ao seu caráter genuíno. Por isso, os PPs coletados foram, geralmente, enviados pelos coordenadores do curso. Inclusive, várias vezes foi necessário enviar o projeto desta pesquisa, passar por aprovação do colegiado da Universidade para, posteriormente, enviar os documentos solicitados. Em outras instituições, os documentos estavam disponibilizados nas suas páginas principais. De certa forma, poder-se-ia dizer que os documentos obtidos são originais, genuínos e atuais.

Com o intuito de analisar os documentos de uma forma clara e objetiva, sentiu-se a necessidade de categorizá-los e/ou classificá-los, principalmente pela quantidade de documentos conseguidos, de diversos tamanhos. Neste sentido, foi criada uma ficha de análise47, mesmo que, às vezes, seja considerado um instrumento incompleto de coleta de dados:

Ao criarmos uma grade de análise documental, estamos, ao mesmo tempo, realizando um duplo movimento epistemológico: o primeiro deles consiste em eleger categorias e temas a serem privilegiados quando em contato com um documento que, doravante, analisaremos. Concomitantemente, nessa arregimentação da polissemia documental, marginalizamos informações e peculiaridades que consideramos desnecessárias ao fazer de nossas pesquisas. (SOSSAI, F. 2008, p.1)48

Desta forma, para Piaget (1967) a classificação pressupõe uma atividade intelectual de abstração e de agrupamento, podendo ser consequência necessária e evidente da atividade intelectual do ser humano. Assim, ao selecionar umas e não outras informações, procede-se com o máximo de cautela, levando sempre em consideração que uma ficha analítica:

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Anexo 02

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Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Educação – Mestrado em Educação – Linha de Pesquisa Educação, Comunicação e Tecnologia – da Universidade do Estado de Santa Catarina/UDESC; Bolsista CAPES. Material didático elaborado para a disciplina de Currículo Conhecimento e Cultura II do Curso de Pedagogia da Udesc da Professora Dra. Geovana Lunardi Mendonça Mendes.

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{...} é um dispositivo de pesquisa que jamais será elaborado de forma a coletar e/ou conter todos os elementos de um documento. ... Pois ele é fruto das indagações sócio-pessoais do indivíduo que a criou estando, então, a serviço de um projeto que reflete posicionamentos e interesses que se ancoram na trajetória histórica do pesquisador, assim como, segundo o intelectual francês Michel de Certeau, nos anseios e intenções do “lugar social” onde ele interage. (idem)

Assim, levando em consideração que embora a ficha de análise seja fragmentada e, como consequência, produtora de fragmentações afastando-se da sua totalidade, poder-se-ia dizer que elas servem como guias para pesquisar, tornando-se um documento potencializador, “mas que não deve funcionar como uma espécie de tapa olho, cegando-nos diante de informações que, a priori, não deveriam ser incluídas nas linhas que as delimitam” (idem).

Para preencher as fichas, foi utilizado o software TROPES versão749. Este é uma ferramenta de análise de textos. Ele os analisa numa perspectiva semântica e pragmática. Dentre as múltiplas ferramentas de análise podem-se citar:

• Classificação automática das palavras do texto; • Contração do texto (automática e parametrizável);

• Visualização direta de trechos pertinentes, por temas ou por categorias; • Filtragem dos temas em função da sua pertinência;

• Gráficos que permitem visualizar cada referência detectada no seu contexto; • Ferramentas que permitem localizar rapidamente as séries cronológicas no

interior de um documento e de compreender imediatamente a estratégia do narrador;

• Cenários semânticos que permitem fabricar ferramentas de interpretação e de

explorar rapidamente as classificações personalizadas.

No entanto, neste trabalho, TROPES foi usado com os seguintes objetivos:

• Acelerar a velocidade de leitura; • Extrair a informação pertinente;

• Classificar/estruturar automaticamente a informação.

A necessidade de usar este software deveu-se à grande quantidade de material obtido, e como afirmam Lüdke e André (2003), quando a quantidade de dados for volumosa, usar o computador poderá ser uma ferramenta bastante útil e vantajosa. Deste modo, inicia-se o quinto capítulo, no qual serão analisados os

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Projetos Pedagógicos das diferentes universidades, visando atingir os objetivos anteriormente citados.

Assim, para a análise da concepção de tecnologia presentes nos PPs, utilizou-se o software TROPES versão750, que permite a localização e quantificação

de palavras de maneira automática. Vale ressaltar que este tratamento automático de texto fornece ao pesquisador uma série de dados estatísticos; entretanto, é o pesquisador quem interpreta e analisa estes dados. Na tentativa de identificar a abordagem teórica em cada uma das instituições, procurou-se levar em consideração os seguintes itens em forma geral:

• A quantidade de vezes que aparece a palavra tecnologia no PP; • O contexto;

• O perfil; • Os objetivos; • A metodologia;

• O plano de ensino da disciplina que trata sobre tecnologia; • A referência bibliográfica;

• Outros.

Em cada um dos PPs procurou-se pelas seguintes palavras-chave: tecnologia, computador, TICS e informática. Isto com o objetivo de mapear/localizar o contexto onde estas palavras estavam inseridas, a frequência e a relação com o contexto. Contudo, ao analisar cada um dos PPs, especificamente sua matriz curricular, percebeu-se que o nível e postura em relação às tecnologias varia conforme a instituição.

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Para mais informação sobre o software Tropes versão 7, ver metodologia deste trabalho ou acessar:

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5 CONVERSANDO COM OS DADOS

Neste capítulo se apresenta a análise documental dos Projetos Políticos Pedagógicos dos cursos de Pedagogia das universidades públicas brasileiras. O objetivo principal é identificar a existência ou inexistência de uma formação para o uso das tecnologias digitais na educação. No caso de existência desta formação, objetiva-se, também, analisar e/ou identificar a abordagem de tecnologia subjacente em tais documentos. Isto com o intuito de compreender o perfil do educador que está sendo formado em pleno século XXI.