• Nenhum resultado encontrado

O problema da Arquitetura da Informa¸c˜ao foi colocado por Saul Wurman (1997) em seu livro Information Architecture. A vis˜ao de Wurman ´e derivada de sua forma¸c˜ao como arquiteto e seu principal prop´osito ´e estender os conceitos chaves de organiza¸c˜ao de espa¸cos, desenvolvidos na arquitetura, para os espa¸cos informacionais.

Um problema cr´ıtico em rela¸c˜ao `a Arquitetura da Informa¸c˜ao ´e sua pr´opria defini¸c˜ao. Segundo Haverty (2002, p.839): ”Information Architecture may be considered a field but

has not reached the status of discipline.”

O argumento ´e de natureza metodol´ogica:

Because IA does not have irs own body of theory, Information archi- tects borrow from other fields and disciplines, and thant borrowing is unbounded. So, just like CI, a major activity in IA is locating the best framework for the design problem, identifyng the best solution within than framework and repurposint it to fit the context.

3.2 Sobre a Arquitetura da Informa¸c˜ao 31

A posi¸c˜ao de Fl´avia Macedo (2005) ´e diferente:

Com rela¸c˜ao ao posicionamento da Arquitetura da Informa¸c˜ao no ˆambito da Ciˆencia, pode-se perceber pelos fundamentos expostos, que o campo apresenta caracter´ısticas de uma disciplina que se estabelece no contexto da ciˆencia p´os-moderna.

Entretanto acrescenta:

Conclui-se que ´e poss´ıvel atribuir um car´ater de cientificidade para a Arquitetura da Informa¸c˜ao, com base nos crit´erios demarcados. Mas, para que o campo cient´ıfico se estabele¸ca como disciplina, h´a que se dissolver a lacuna conceitual que se apresenta. Apesar de ser poss´ıvel delimitar um objeto de estudo relevante e distingu´ıvel para a Arquite- tura da Informa¸c˜ao, a ´area ainda carece de um corpo sistematizado de conhecimentos organizados acerca deste objeto. E, assim como ocorre na Ciˆencia da Informa¸c˜ao, as vis˜oes epistemol´ogicas e meta-te´oricas tˆem sido muitas vezes negligenciadas nas pesquisas da ´area, apesar de ser evidente a influˆencia que exercem para a melhor compreens˜ao das limi- ta¸c˜oes e possibilidades de suas diferentes abordagens[...] (p. 140)

O problema da defini¸c˜ao ´e cr´ıtico pois ´e no conceito que seus objetivos s˜ao caracteri- zados e seus objetos de investiga¸c˜ao formulados.

As defini¸c˜oes para o termo s˜ao muito variadas, conforme os autores.

Para Hagedorn (2000) Arquitetura da Informa¸c˜ao ´e “a arte e ciˆencia da organiza¸c˜ao da informa¸c˜ao para a satisfa¸c˜ao de necessidades de informa¸c˜ao, que envolve os processos de investiga¸c˜ao, an´alise, desenho e implementa¸c˜ao”

Para Lamb (2004):

“Some people like to pigeon-hole information architecture into a single category such as graphic design, software development, or usability en- gineering. Information architecture isn’t a single discipline, it’s a com- bination of many areas including psychology, computer science, art, and language”

Rosenfeld e Morville (2006) definem como:

– The combination of organization, labeling, and navigation schemes within and information system.

– The structural design of an information space to facilitate task completion and intuitive access to content.

– The art and science of structuring and classifying web sites and intranets to help people find and manage information.

3.2 Sobre a Arquitetura da Informa¸c˜ao 32 – An emerging discipline and community of practice focused on bringing principles of design and architecture to the digi- tal landscape.

Macedo (2005) define:

Arquitetura da Informa¸c˜ao ´e uma metodologia de desenho que se aplica a qualquer ambiente informacional, sendo este compreendido como um espa¸co localizado em um contexto; constitu´ıdo por conte´udos em fluxo; que serve a uma comunidade de usu´arios. A finalidade da Arquitetura da Informa¸c˜ao ´e, portanto, viabilizar o fluxo efetivo de informa¸c˜oes por meio do desenho de ambientes informacionais.

Samantha Bayle (2003) identificou trˆes classes de defini¸c˜oes para a Arquitetura da Informa¸c˜ao:

– Arquitetura de Conte´udos – as relacionadas `a organiza¸c˜ao de conte´udos infor- macionais;

– Design Interativo – a modelagem das interfaces de acesso `a informa¸c˜ao; – Design da Informa¸c˜ao – o projeto de um modelo de representa¸c˜ao da realidade. Na opini˜ao de Bayle deve ser mantida a defini¸c˜ao de Wurman (1997): “arte e ciˆencia de estruturar e organizar sistemas de informa¸c˜oes para auxiliar as pessoas a alcan¸carem seus objetivos.”

Para Andrew Dillon (2002):

IA is the term used to describe the process of designing, implementing and evaluating information spaces that are humanly and socially accep- table to their intended stakeholders.

E mais recentemente Lima-Marques (2007) define:

´

E o escutar, o construir, o habitar e o pensar a informa¸c˜ao como ativi- dade de fundamento e de liga¸c˜ao hermenˆeutica de espa¸cos, desenhados ontologicamente para desenhar.

Em Albuquerque, Siqueira e Lima-Marques (2007) encontra-se uma referˆencia para o conceito de “Arquitetura da Informa¸c˜ao” como referˆencia para trˆes conceitos:

Sugere-se que a “Arquitetura da Informa¸c˜ao” possa ser considerada sob trˆes aspectos distintos:

3.3 Sobre a Ciˆencia da Informa¸c˜ao e Documenta¸c˜ao 33 1. Como Disciplina – quando o termo “Arquitetura da Informa¸c˜ao” refere-se a um esfor¸co sistem´atico de identifica¸c˜ao de padr˜oes e cria¸c˜ao de metodologias para a defini¸c˜ao de espa¸cos informacionais, cujo prop´osito ´e a representa¸c˜ao e manipula¸c˜ao de informa¸c˜oes; bem como a cria¸c˜ao de relacionamentos entre entidades ling¨u´ısticas para a defini¸c˜ao desses espa¸cos informacionais.

2. Como Produto da Disciplina – quando o termo “Arquitetura da Informa¸c˜ao” refere-se ao resultado obtido atrav´es do esfor¸co sistem´atico mencionado.

3. Como Objeto de Estudo da Disciplina – quando o termo “Ar- quitetura da Informa¸c˜ao” referencia um objeto caracterizado como um espa¸co de conceitos interrelacionados de modo a oferecer ins- trumentos para a representa¸c˜ao e manipula¸c˜ao da informa¸c˜ao em determinados dom´ınios.

Antes de encerrar esta revis˜ao sobre os conceitos existentes relativos `a Arquitetura da Informa¸c˜ao ´e necess´ario considerar que o problema da Arquitetura da Informa¸c˜ao ´e antes de tudo um problema filos´ofico. De certo modo, uma Arquitetura da Informa¸c˜ao estabelece uma rela¸c˜ao entre uma ontologia de conceitos e um dom´ınio de aplica¸c˜ao - no sentido convencional em que ´e utilizado (ROSENFELD; MORVILLE, 2006; DILLON, 2002; HAVERTY, 2002). As recentes pesquisas no campo da ciˆencia cognitiva, tornam o problema desta arquitetura mais abrangente. Desde Kurzweil (2006) com suas pesquisas de elabora¸c˜ao das m´aquinas inteligentes, passando por Minsky (2006) com suas m´aquinas emocionais e passando pela filosofia de George Lakoff e Johnson (1999) e pela psicologia experimental de Steven Pinker (1999), em todos estes casos, a Arquitetura da Informa- ¸c˜ao ´e mais que um problema de ergonomia, responde pela pr´opria metaf´ısica utilizada para descrever e experimentar os fenˆomenos da rob´otica, cibern´etica, neurofisiologia dos conceitos e filosofia cognitiva. N˜ao ´e poss´ıvel delimitar a Arquitetura da Informa¸c˜ao ao uso pragm´atico de tratamento de documentos, muito menos, restring´ı-la ao contexto da cria¸c˜ao de s´ıtios na internet como ocorre em (ROSENFELD; MORVILLE, 2006).