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Sobre a Atenção Primária à Saúde em Minas Gerais: O Programa Saúde da

CAPÍTULO 3 – ANÁLISE DA EXPERIÊNCIA DE ALOCAÇÃO DE RECURSOS DA

3.2. Sobre as propostas de alocação equitativa em Minas Gerais

3.2.2. Proposta para Atenção Básica

3.2.2.1. Sobre a Atenção Primária à Saúde em Minas Gerais: O Programa Saúde da

Desde 1995, o Estado de Minas Gerais iniciou uma contribuição com os municípios que aderiam à Estratégia Saúde da Família (ESF)7. Nesse período, o Estado, pela Lei Robin Hood (Lei nº 12.040, de 28 de dezembro de 1996), iniciou o repasse de incentivo financeiro aos municípios, por equipe de saúde da família implantada, demonstrando a preocupação do estado com a atenção primária à saúde.

Em 1994 e em todo país, a estratégia adotada pelo Ministério da Saúde como prioritária para a organização da atenção primária foi a Estratégia Saúde da Família, que estabelece a vinculação de uma população submetida a uma equipe multidisciplinar. O financiamento para as ações básicas à saúde é de responsabilidade das três esferas de governo, mas cabe ao Município a responsabilidade de planejar, executar e fazer a gestão da Atenção Básica, por meio da Estratégia Saúde da Família.

Em 1998, houve a implantação do incentivo federal por equipe e escalonado por cobertura, levando, assim, a um aumento no número de equipes por município,

7 Originalmente criada como Programa de Saúde da Família (PSF). Em 2003, considerando a

expansão do PSF, deu-se início à execução do Programa de Expansão e Consolidação da Estratégia Saúde da Família (Proesf), ampliando para municípios de grande porte (com mais de 100 mil habitantes) (CONASEMS, 2011).

ampliando a população coberta. Já em 2007, 97,3% dos municípios possuíam ESF (MINAS GERAIS, SES/MG, 2013).

A Atenção Primária à Saúde (APS) ou Atenção Básica à Saúde (ABS) é considerada o ponto de atenção à saúde mais próximo do usuário, é a porta de entrada preferencial do sistema de saúde e deve ser ordenadora do cuidado para a atenção às condições crônicas. Para isso, é necessário um fortalecimento da APS em estrutura e em processos, e a coparticipação de municípios, estado e governo federal no seu financiamento e em ações de fortalecimento da qualidade.

Em 2003, o Governo do Estado de Minas Gerais definiu dois objetivos para o PSF: expansão do número de equipes e melhoria da qualidade do trabalho das equipes (MACHADO et al., 2003).

O instrumento básico utilizado para esses objetivos foi a instituição de um incentivo financeiro trimestral a ser pago por equipe implantada pelos municípios, em valores que variam de acordo com a necessidade em saúde. Estipulou-se que os recursos financeiros devem ser transferidos do Fundo Estadual de Saúde diretamente para a conta do Fundo Municipal de Saúde, mediante o global cumprimento das metas quantitativas e qualitativas acordadas num contrato de gestão assinado pela Secretaria de Estado da Saúde com cada Secretaria Municipal de Saúde.

Segundo dados da Secretária de Saúde, Minas Gerais é o estado que possui maior número de equipes do Programa Saúde da Família (PSF) em funcionamento no Brasil. Em 2011 foram computadas 4.319 (quatro mil trezentas e dezenove) equipes atuando em 849 municípios8, o que representa uma cobertura de 77,70% da população, ou seja, 14,9 milhões de pessoas cobertas pelo PSF. Esse número representa um salto de 90% em número de equipes, visto que em 2002 o estado contava com 2.278 (duas mil, duzentas e setenta e oito) equipes de PSF, cobrindo o equivalente a 43,4% da população, conforme indicado na Tabela 7.

8

Isso significa que apenas 4 (quatro) municípios não implantaram a ESF, na medida em que o Estado de Minas Gerais dispõe de 853 municípios no total.

Tabela 7: Cobertura populacional do Programa Saúde da Família em Minas Gerais (2001 – 2012)

Ano Número de equipes Cobertura (%)

2002 2.278 43,4 2003 2.571 48,4 2004 2.748 51,1 2005 3.060 56,9 2006 3.466 62,0 2007 3.618 64,7 2008. 3.795 67,1 2009 3.983 69,2 2010 4.031 70,1 2011 4.310 75,9

Fonte: BRASIL, SES/MG, Caderno de Indicadores 2012, 2012.

Ao observar a Tabela 8, é possível observar que Minas Gerais, de 2007 a 2011, encontra-se acima da porcentagem de cobertura populacional do PSF brasileiro e também da Região Sudeste do país, apresentando uma porcentagem de 77,70% em 2011, enquanto o país apresentou uma porcentagem de 59,80% no mesmo ano. Além disso, a RMBH apresenta um salto significativo em 2011, passando de 66,10% em 2010 para 80,10% em 2011.

Entretanto, ao comparar as tabelas 7 e 8, as quais tratam da mesma temática, cobertura populacional do Programa Saúde da Família em Minas Gerais, os dados apresentados no site da SES/MG demonstram uma divergência de 2007 a 2011. Esse fato representa uma fragilidade para análise dos dados fornecida pela SES/MG.

Tabela 8: Cobertura populacional do Programa Saúde da Família em Minas Gerais (2007 – 2010) Unidade 2007 2008 2009 2010 2011 geográfica Brasil 51,60% 54,40% 56,10% 58,80% 59,80% Sudeste 36,40% 39,30% 40,90% 43,20% 45,50% Minas Gerais 63,70% 67,50% 71,40% 75,60% 77,70% RMBH* 55,30% 60,30% 61,20% 66,10% 80,10%

Fonte: BRASIL, SES-MG, Caderno de Indicadores 2012.

Elaboração do Caderno de Indicadores 2012 a partir de dados do Datasus/Ministério da Saúde (MS).

* Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

As duas regiões de Minas Gerais com maior cobertura do PSF são aquelas com a população mais carente, ou seja, Norte de Minas, com 98,6%, e Jequitinhonha/Mucuri, com 93,9%, em 2011, como é possível verificar na Tabela 9.

Tabela 9: Cobertura populacional do Programa Saúde da Família nas Regiões de Planejamento de Minas Gerais (2011)

Região Cobertura Alto Paranaíba 70,2% Central 67,5% Centro-Oeste de Minas 77,4% Jequitinhonha/Mucuri 93,9% Mata 88,6% Noroeste de Minas 66,9% Norte de Minas 98,6% Rio Doce 80,9% Sul de Minas 70,7% Triângulo 45,7%

Fonte: BRASIL, SES/MG, Caderno de Indicadores 2012.

Elaboração do Caderno de Indicadores 2012 a partir de dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG).

A gestão 2003-2006 do governo de Minas trouxe para a agenda o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde, priorizando a implementação das equipes Saúde da Família e instituindo o Projeto Estruturador Saúde em Casa, objetivando a melhoria na qualidade da atenção primária e alocando recursos

financeiros com base no princípio ordenador da equidade, sendo objeto de análise nossa.

O Programa Saúde em Casa foi, de certa forma, a maneira pela qual Minas Gerais manteve e mantém até os dias atuais o princípio da alocação equitativa de recursos. Apesar disso, como é analisado nas próximas seções, o programa mistura a discussão de incentivo financeiro e eficiência, tendo em vista a parte variável do incentivo mediante cumprimento de metas.

3.3. O Programa Estruturador Saúde em Casa: incentivo financeiro e/ou