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Sobre a infraestrutura destinada à implantação da política de inclusão digital

3.3 Descrição e análise crítica do percurso histórico da implementação da política de

3.3.1 Sobre a infraestrutura destinada à implantação da política de inclusão digital

De acordo com B2, a política de informática para as escolas da RPME/UDI deu um “salto qualitativo” devido à liberação junto ao Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT de uma emenda parlamentar de aproximadamente três milhões e meio de reais para viabilizar a implementação de um “projeto de inclusão digital” na cidade de Uberlândia, denominado “Digitando o Futuro” (Anexo 1).

Quando ele (Odelmo) ganhou a prefeitura, ele voltou para a câmara no período de outubro a dezembro e colocou uma emenda parlamentar no Ministério da Ciência e da Tecnologia. Não era um projeto educacional na época, era um projeto de inclusão digital de iniciativa do Ministério da Ciência e da Tecnologia, não era iniciativa do MEC não. Não era um projeto voltado para a educação. Então, ele conseguiu essa emenda como parlamentar, como deputado federal (B2).

Entretanto, antes da liberação dos recursos, houve um impasse entre o MCT e o referido deputado, uma vez que o ministério tinha previsto que estes deveriam ser destinados para a implementação de quarenta “Telecentros Comunitários”.

Os Telecentros eram caracterizados como lugares públicos de acesso gratuito às tecnologias da informação e da comunicação e à Internet, abertos a comunidade e que deveriam inclusive oferecer cursos à população.

De acordo com as exigências do MCT, o governo federal deveria liberar a referida verba para a aquisição de equipamentos de informática enquanto a prefeitura deveria oferecer o espaço fisico e os recursos humanos necessário para a manutenção dos telecentros.

Para que esses recursos pudessem ser utilizados nas escolas, foi realizada uma articulação em que o espaço físico e os recursos humanos oferecidos pela prefeitura de Uberlândia foram aqueles existentes na escola.

Eram três milhões, porque as emendas eram de três milhões e meio, e você pode dividir a emenda. Ele pegou e pôs três milhões, trezentos e cinquenta mil para o projeto “Digitando o Futuro” que só tinha o nome, e cento e cinquenta mil para uma coisa na saúde da emenda. Então, assim, tinha o espelho da emenda, o nome do projeto e o projeto previa a implantação de quarenta Telecentros no município de Uberlândia. [...] Teve uma negociação com o Ministério da Ciência e Tecnologia, porque em princípio eles não queriam que o telecentro ficasse nas escolas. Porque o objetivo do programa era inclusão digital da população e não um programa de informática na escola (B2).

Como o MCT não concordava com a proposta de que os Telecentros fossem instalados nas escolas municipais, a resposta apresentada foi baseada numa crítica aos municípios de Porto Alegre e São Paulo, os quais apresentaram problemas durante a instalação de tais telecentros, devido à “falta de projetos pedagógicos que levassem seus frequentadores a atingir objetivos realmente úteis para suas vidas, e à dificuldades de manutenção física dos laboratórios, na medida em que eles não possuíam verba específica para sua manutenção” (B2).

De acordo com o documento do Projeto “Digitando o Futuro”, o processo de inclusão digital a ser implementado nas escolas da rede pública seria bem sucedido uma vez que estas apresentariam condições de:

absorver, desenvolver e manter em funcionamento uma rede de laboratórios de comunicação e processamento de informações. Da mesma forma as

Bibliotecas Escolares devem ser valorizadas como a porta de entrada dos alunos no universo da pesquisa, unificando as modernas tecnologias disponíveis com a mídia tradicional, o livro. (UBERLÂNDIA, 2005, p.5). Diante do impasse junto ao MCT, a PMU não conseguiu implantar o projeto “Digitando o Futuro” no primeiro mandato de governo do Prefeito Odelmo Leão Carneiro, motivo pelo qual, a SME/UDI terminou contratando os serviços de uma empresa de Brasília, o Grupo NT, que alugaria microcomputadores destinados às escolas, além de fornecer manutenção e suporte pedagógico.

Depois disso, [...] a gente recebeu umas máquinas locadas que não sei se era do projeto “Digitando o Futuro”. Mas eu creio que seja a mesma equipe que já tava trabalhando pra estes laboratórios antigos. Eu acho que já era a mesma equipe. Trabalhou um ano, uma ano e pouco com essas máquinas locadas e sempre nos foram passado que a gente ia receber essas máquinas do projeto “Digitando o Futuro”, que ia acontecer, ia comprar essas máquinas e tal. E acabou que a gente começou até a desacreditar que isso ia acontecer. Foi uma burocracia. O dinheiro não veio, o dinheiro não veio. A gente foi ficando ansioso, o dinheiro foi pro espaço. Vai comprar ou não vai, dessa vez sai e acabou que um certo dia saiu realmente. (A2).

Contando com este serviço, os laboratórios das escolas funcionaram durante um ano e meio aproximadamente (2006-2007) sob a manutenção da promessa de que seria implantado o projeto “Digitando o Futuro”.

Dentre as metas contempladas no projeto foi prevista a instalação de quarenta e nove laboratórios de informática: quarenta e sete nas escolas de educação básica, um no CEMEPE e outro na Biblioteca Pública Municipal, assim como também a informatização de quarenta e sete bibliotecas escolares, a biblioteca do CEMEPE e a Biblioteca Pública Central do município de Uberlândia.

Para concretizar estas ações o projeto previu ainda a construção de vinte e oito salas de laboratórios, a instalação de noventa e quatro aparelhos de ar-condicionado, a compra quarenta e nove computadores-servidores e oitocentos e trinta e três microcomputadores distribuídos nos laboratórios, bem como a instalação de quarenta e nove conjuntos de três microcomputadores para as bibliotecas escolares.

Finalmente, no ano de 2008, o MCT autorizou a liberação dos recursos da emenda parlamentar para viabilizar o referido projeto, e “para surpresa de todos” (B2) o dinheiro destinado à implementação dos quarenta e nove laboratórios de informática previstos no Projeto “Digitando o Futuro” garantiu a implementação de mais um laboratório devido à queda de preços dos equipamentos de informática ocorrida até o período de liberação dos

recursos financeiros desse projeto, assim como também foram adquiridos roteadores de internet para todos os laboratórios, as salas de professores de cada escola (as quais também receberam um ou dois micros de acordo o espaço físico disponível) e as bibliotecas, possibilitando com isso, que a internet fosse acessada nas escolas tanto pelos alunos quanto pelos professores.

[...] como o dinheiro demorou pra sair, aí foi... É a planilha, lá nos anexos tem essa planilha... Eu peguei os trezentos e cinquenta para gastar, eu fui ajeitando pra caber. Não faz sentido deixar dez escolas fora, entendeu? Nós tivemos um ganho porque nós tivemos a sorte que esse período de três anos foi um período em houve uma grande diminuição do valor dos produtos de informática. Então, nós partimos de uma realidade que não dava pra fazer nem quarenta escolas. Dava pra fazer os quarenta telecentros com doze máquinas. E na medida em que eu fui mexendo no projeto e eu fui acompanhando o mercado, eu comecei com uma máquina de pior qualidade, eu baixei... É melhor ter mil máquinas mais simples, do que ter quinhentas máquinas muito boas, mas a metade da população fica de fora. Eu coloquei como parâmetro o seguinte: nós vamos universalizar. Eu tenho um valor, eu vou conseguir comprar pra todo mundo com esse valor. Eu pensei nesse processo. Pra minha sorte, demorou tanto pra sair o dinheiro que nós conseguimos com folga montar os cinquenta laboratórios de primeiríssima linha. Porque nós compramos no final máquinas LENOVO, Waifire, que não estavam previstos no projeto original. Entendeu? As coisas foram diminuindo. Por exemplo, no projeto original previa cabeamento das escolas. Eu lembro desse valores. Pra fazer o cabeamento dos mil pontos nós íamos gastar duzentos mil reais. De três milhões, duzentos mil reais era... Porque cada ponto saia por duzentos reais... Um ponto de rede instalado... Tem que passar cabo. De um ano pra outro foi quando deu um boom de rede sem fio, acess point, wireless... A tecnologia popularizou. Aí nós fizemos as contas pra colocar três “AccessPoint” em cada escola... São cinquenta escola, então comprar cento e cinquenta anteninhas, roteadores com antena... ficava em setenta mil. Então, eu ganhei, né... Nós ganhamos com o projeto, na verdade... Eu tive que justificar isso para o Ministério, porque como o projeto original previa o cabeamento de fio por duzentos mil e no final nós implantamos Waifaire que é uma tecnologia mais moderna. (B2).

Diante desta conjuntura, para que os laboratórios pudessem operar, a SME/UDI foi obrigada a ampliar o número de PLI´s, ação esta realizada por meio da formulação de convites encaminhados às escolas, assim como também ampliou o número de coordenadores que participariam das ações do NTE/UDI, os quais foram especialmente selecionados por meio de convites pessoais feitos pela coordenação geral do núcleo.

Vale destacar que nesse mesmo ano, o NTE/UDI continuava a desenvolver as suas atividades por meio da coordenação dos seguintes projetos:

1. Projeto “Identidades”, destinado a criar uma página na Web para cada uma das escolas da rede;

2. Projeto “Click Notícias”, para desenvolvimento de oficinas de criação de um jornal virtual com utilização de ferramentas de criação de blog´s;

3. Projeto “Visual Class”, que buscava reunir e socializar todas os projetos multimídias de aula criados pelos professores por meio da utilização de uma nova versão do programa Visual Class;

4. Projeto “Formação Continuada para professores”;

5. Projeto “Crônicas Animadas”, desenvolvido em caráter interdisciplinar com as disciplinas de arte e literatura, destinado a criar oficinas de animação com alunos e professores utilizando-se do programa “Flash”;

6. Projeto “Micro-ondas”, destinado à criação de oficinas de áudio e vídeo com alunos e professores e um Festival de vídeos com duração de um minuto;

7. Torneio “Tabuada Divertida”, que ocorre uma vez por ano e visa premiar os alunos com melhor desempenho na prática da tabuada.

Em resumo, como resultado da implantação do projeto “Digitando o Futuro” a