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2 SOBRE A ORGANIZAÇÃO

4.3 Sobre o Centro Cultural

As questões que seguem abaixo pretendem desenvolver a outra proposta desse trabalho, dentro da temática cultural, que se refere à avaliação dos estudantes do curso de francês em relação a aspectos específicos do Centro Cultural e suas atividades.

a) No quesito 11 sobre como os entrevistados ficam sabendo da programação cultural da Aliança Francesa, a “divulgação na própria Aliança”(135 indicações) é bem eficaz e o Informativo La

Baguette (78), veiculado em diversos pontos da cidade, tem grande efeito de divulgação das

atividades culturais para a comunidade de estudantes da Aliança Francesa de Salvador. Ainda se destaca a divulgação virtual que, acumuladas as alternativas “Site Aliança Francesa” e “Internet” (52), ficam em terceiro lugar. A separação desses itens foi para fins de melhor especificação do local de divulgação na rede virtual.

Como fica sabendo da programação cultural da Aliança Francesa? 78 135 39 36 36 16 15 14 12 11 11 4 1 0 100 200

b) Sobre as principais razões que levam os estudantes a frequentarem as atividades culturais da Aliança Francesa, na questão 13, os entrevistados indicaram entretenimento (62 indicações),

jornal/revista, companhia e outros. As questões apontadas como as principais razões para maior

presença em atividades culturais são relacionadas à programação ou variáveis afins à programação, como entretenimento e fins educativos.

c) Quanto ao principal obstáculo para uma maior frequência às atividades culturais, nessa questão 15, a maior parte das respostas indicou que o principal obstáculo apresentado diz respeito a outras questões, como falta de tempo e horário, com 32%. Entretanto, é considerável também a quantidade de pessoas que indicam a falta de informação (22%), em segundo lugar, como obstáculo, o que, ocasionalmente, pode influenciar no desconhecimento da programação disponível, horário e preço das atividades culturais. Depois seguem acesso (20%), programação (17%) e preço (9%).

O índice de preço é citado em última circunstância, possivelmente pela predominância de atividades culturais gratuitas na programação do Centro Cultural. O Centro Cultural leva vantagem quando comparado a outros espaços culturais da cidade, que têm o preço como um dos maiores obstáculos à frequência. Soluções em comunicação podem também divulgar mais sobre esse tipo de vantagem.

A alta taxa de alunos que alegaram a falta de tempo e horário indica um quadro frequente da vida do homem contemporâneo, o que também aparece em outras pesquisas realizadas no Brasil e na cidade17. Entretanto, pode-se pensar em elaborar uma programação de apresentações culturais também em horários que possam atender à demanda dos alunos ou ser mais flexível à sua rotina de trabalho e estudos desses estudantes. Na questão sobre melhor dia e horário para atividades culturais, é possível traçar também a preferência desse público em relação à frequência em atividades culturais.

d) As respostas nesse quesito 17, sobre o melhor dia para atividades culturais, não trouxeram novidades, já que a maioria diz que o melhor dia da semana para atividades culturais é sábado, com 39%. As respostas seguem um aumento gradual de acordo com o passar da semana. O

17

domingo (19%) apresenta o menor índice para o final de semana e a sexta-feira (25%) é o maior

índice durante a semana.

e) Quanto à questão 18, referente ao melhor horário para atividades culturais, os entrevistados responderam de forma livre, em questão aberta, por isso alguns apenas indicaram o turno de preferência ou definiram o horário ideal. Os turnos que apresentaram maior índice foram o

noturno (49%) e vespertino (47%). Os melhores horários para a noite, foram 19h (25%) e 20h

(24%). Já à tarde, o melhor horário seria às 18h (24%). Dessa forma, o melhor dia/horário seria sábado às 19h. Em alguns casos, os alunos indicaram o horário das atividades em conformidade com o turno em que cursam o francês, para que as atividades começassem ou momentos antes do início das aulas ou logo após o término.

f) Quando perguntados, na questão 16, sobre quais atividades os entrevistados gostariam que tivesse na Aliança Francesa, em questão qualitativa, 57% das respostas eram de natureza cultural, seguida de outras (21%), pedagógico (19%) e estrutura (3%). Dessas respostas de natureza cultural, algumas se referiam a uma demanda de linguagens específicas e formatos de apresentação culturais, de cursos de formação em variadas áreas artísticas, de encontros que privilegiem o intercâmbio, de comunicação mais ativa e aprimoramento da tecnologia dos serviços.

Outras respostas extrapolaram o limite de atividades e apresentaram outros tipos de necessidades de outra natureza e não de atividades. Entretanto essas questões foram incluídas, de acordo com a natureza de cada uma, para que servissem como banco de dados para a associação.

Dentre as respostas de natureza cultural, destacam-se quanto à programação cultural do Centro Cultural: “mais peças teatrais e espetáculos de dança da cultura francesa em horários flexíveis”, “musicais”, “shows” e “apresentações de artistas franceses”, “mais sessão de filmes franceses e gratuitos para alunos”, “moda” e “gastronomia” (destaques da cultura francesa, reconhecidas mundialmente), “saraus em francês”, “projetos culturais da cidade”, “atividades relacionadas a computadores”, “clubes”, “atividades durante a semana”, “digitalização de material da mediateca”, “aquisição de DVDs em francês” (ampliação do acervo da mediateca).

A demanda de cursos se concentra na área de “design” e “comunicação”, “teatro” e “retorno da trupe de teatro”, “culinária francesa”, “cinema”, “artes plásticas e história da arte”, “sobre a cultura canadense”, “yoga”, “workshops de filosofia e psicanálise” e “minicursos durante as férias”.

Já as atividades de intercâmbio seriam para atender uma necessidade de conhecimento “sobre a cultura de países francófonos” (em especial, o Canadá), “festas com comidas e músicas francesas”, atividades coletivas de prática da língua e ambientação típica de culturas francófonas, palestras e encontros para fins de informação e aprendizado sobre modo de vida, estudo, e cultura de países francófonos.

g) Quando perguntados sobre o que falta na Aliança Francesa, em questão qualitativa 19, a natureza das respostas dos entrevistados foi conforme os dados a seguir: 15% dos que responderam ao questionário indicaram que o que falta na Aliança Francesa é de natureza cultural. Depois de sinalizarem ausência de coisas de natureza pedagógica (28%) e

estacionamento (22%), em terceiro lugar os entrevistados apresentam o que falta de natureza

cultural, seguida do que se refere à estrutura (10%), restaurante (10%), comunicação (5%),

relacionamento (3%), limpeza (2%) e localização (2%).

Os entrevistados sugerem mais atividades culturais de integração e exercício da língua, atividades relacionadas à integração e coletivas de exercício da língua, através de palestras e debates: “eventos mais interativos”, “mais atividades culturais”, “livraria”, “aulas de dança com preços mais acessíveis”, “ampliação do acervo da mediateca” (livros, filmes, discos recentes, gramáticas), “mais atividades relacionadas aos países francófonos”, “apresentações musicais gratuitas”; atividades culturais que complementem o aprendizado da língua francesa através de peças de teatro e saraus em francês: “liberar o acesso aos conteúdos da mediateca durante as férias (sem pagamento de caução)”; mais informações sobre as atividades culturais e maior divulgação dos eventos e do cinema; palestras sobre cultura francesa; práticas de intercâmbio para países franceses: como “atividades sobre história e literatura francesas”, “atividades com habitantes de países francófonos”, “encontro com franceses”, discussão de filme e música no

idioma, etc; maior aproximação Brasil/ França/ Canadá e possibilidades de intercâmbio: “maior vínculo com Aliança Francesa da França”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em certa medida, a pesquisa conseguiu, a partir dos conceitos de um modelo de gestão estratégica em organizações culturais, articular de forma complementar conhecimentos e ferramentas do campo do marketing e das relações públicas, na investigação de informações que servissem como suporte de um plano de relacionamento entre o Centro Cultural e os alunos do curso de francês da Aliança Francesa de Salvador. Supõe-se que ficou clara a necessidade que tal gestão estratégica considere as especificidades dessas organizações, quanto ao consumidor e produto cultural, e que a investigação seja direcionada por princípios de um maior relacionamento entre organização e público, e não redutível à perspectiva mercadológica.

O próprio processo de elaboração e coleta de informações por questionário foi direcionado na perspectiva de integração e relacionamento com o público. A aplicação buscou, de uma parte, a mobilização da organização, através da participação de funcionários, professores e diretoria; e de outra parte, a participação dos alunos. O clima de aplicação dos questionários predispôs o público a uma relação de troca com a organização, a julgar pelo saldo de questionários, mesmo em período de conclusão de aulas. Sobre o momento de aplicação do questionário, percebeu-se que o número de questões não foi um elemento dificultador para os entrevistados. Muitos se sentiram à vontade, participantes da organização e reiteraram a necessidade desse tipo de pesquisa de forma sistemática, como canal de comunicação do público com a organização.

Quanto às ressalvas desse processo, sobre as limitações consideradas ao método (de survey) e quanto à proximidade com o público avaliado, procurou-se acompanhar todo o processo de pesquisa e amenizar as interferências que tornassem a avaliação dos dados tendenciosa. Por outro lado, a proximidade com a dinâmica da organização cultural possibilitou complementar a avaliação dos dados e a relativização das informações em referência ao campo cultural.

Enuncia-se ainda a necessidade de aplicação desses questionários na semana que antecede a conclusão do curso. A investigação durante o processo de realização de provas é mais complicada, pois pode contar com a ausência de alguns estudantes, que precisam concluir antes o semestre de aulas, por viagem, trabalho, intercâmbio, etc. Embora isso não tenha comprometido

o número obtido de questionários respondidos e a adesão dos entrevistados, consequentemente exigiu maior esforço por parte da organização nesse sentido.

Pode-se dizer que o processo de coleta proporcionou informações importantes para um futuro plano de ações, no sentido de um plano de relacionamento com o público, visto que, principalmente nas questões qualitativas, os entrevistados apresentaram, em alguns casos, até mesmo ações concretas, que podem conciliar os valores da organização aos interesses dos alunos aos quais prestam serviço.

Sobre as características dos entrevistados, os resultados apontam para um perfil propício ao consumo dos projetos e atividades do Centro Cultural: jovem/adulto, solteiro, maioria do sexo feminino, que reside em áreas próximas a Aliança Francesa de Salvador ou em bairros de maior poder aquisitivo da cidade, locomovem-se para a AF de carro, possuem nível elevado de escolaridade e formação ou estudo na área de ciências humanas.

Os alunos do curso de francês possuem uma relação com o Centro Cultural, no mínimo razoável, e tem perspectiva de ser ampliada: consideram importante o vínculo da organização com o Centro Cultural e têm conhecimento sobre o mesmo; em alguns casos, a relação com as atividades culturais antecede a relação com o curso de francês e serve como divulgação deste; consideram o Centro Cultural em grau de importância elevado; a maioria frequenta as atividades culturais e o consumo se concentra no cinema. Os espaços mais frequentados são os que fazem parte do seu circuito de caminho às aulas, com exceção do cinema que indica mais uma preferência de linguagem. Percebe-se a possibilidade de ampliação com sucesso das atividades culturais na mediateca, que, embora seja um dos locais mais freqüentados, ainda não faz parte de forma intensa do circuito de programação cultural; a necessidade de inserção dos espaços das salas de cursos e de conferência também nesse circuito, através de atividades solicitadas pelos entrevistados cujo perfil (palestras, conferências, bate-papo, oficinas, etc) é adequado a esses locais. Além disso, em relação com outras questões indica a possibilidade de reforço de frequência dos alunos às atividades através do incentivo em sala de aula.

A avaliação sobre o Centro Cultural e suas atividades: a maioria diz ficar sabendo da programação cultural na própria Aliança Francesa, através do La Baguette, de cartaz, internet e propaganda sala de arte. Os dados referentes a esse tópico da avaliação, relacionado com outros tópicos do questionário, indicam a necessidade de um reforço na comunicação do Centro Cultural; visto que uma parte considerável diz não ficar sabendo da programação e ainda apresenta essa deficiência como obstáculo para uma maior frequência. Assim como em outras pesquisas, o tempo e horário também são apresentados como obstáculos recorrentes em outras pesquisas, mas há por parte desse público uma indicação de receptividade maior para atividades culturais no próprio turno das aulas, antecedendo ou após esse período.

As questões qualitativas foram as mais produtivas no sentido de proposição de atividades culturais e sugestões dos entrevistados. Em resumo, percebe-se um interesse por atividades específicas de formação e intercâmbio culturais (além da França, percebe-se um interesse sobre outros países francófonos, como o Canadá, por exemplo, possivelmente pela política de imigração que tem atraído diversos brasileiros); através de palestras, cursos artísticos, apresentações, saraus, etc., que possibilitam a conexão de interesses da organização e dos entrevistados.

Tais resultados apontam a possibilidade, em uma segunda etapa, de um planejamento de relacionamento do Centro Cultural com os estudantes de francês da Aliança Francesa e em tomada de decisões consistentes em outras instâncias ou contextos nos quais estejam envolvidos.

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ANEXOS

Fachada da Aliança Francesa de Salvador

Teatro Molière e Cinema Sala de Arte Af

Mediateca

Sala de Conferências

Vista do Restaurante/Café Teatro

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