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Foi possível identificar as relações atuais existentes entre os seres humanos, na chamada “Sociedade do Conhecimento e da Informação”. Por esse estudo, obtivemos um panorama das características atuais da vida em sociedade.

A partir de então, o objetivo de verificar como tais características incidem na Educação, particularmente na formação do professor e no seu papel como agente de socialização.

Com a ajuda dos autores selecionados, desenvolverei reflexões sobre a Educação e a escola, no contexto da sociedade atual, uma vez que a prática pedagógica (o trabalho e a ação do professor) se dá, prioritariamente, no ambiente escolar. Por isso, verificarei como se organiza a sua estrutura e seu modelo de entendimento de Ser humano e sociedade, pois, é nesse ambiente que se dá grande parte da capacitação do professor.

Para os Modelos Emergentes a concepção de Educação transcende os limites do espaço escolar. Mas, na sociedade atual, as práticas pedagógicas acontecem, de maneira mais frequente, na escola.

Como afirmado nas partes anteriores deste texto, a Educação é um processo de humanização e, por isto, ela é cada vez mais vital nas sociedades humanas.

A evolução e o desenvolvimento do processo educativo vêm tomando contornos próprios, no que se refere à área de conhecimento e intervenção humana. Esse desenvolvimento caminhou no sentido de sistematização do processo educativo, produzindo espaços específicos para sua efetivação e prática: o ambiente escolar.

Assim como o processo de desenvolvimento humano foi pautado na racionalização, na fragmentação e no mecanicismo, a Educação e a escola seguiram assim. Isso fez com que o sistema educativo se configurasse como mentalista e hierárquico e o saber abstrato se apresentasse como elemento constitutivo do processo ensino-aprendizagem. O conhecimento objetivo, com caráter enciclopédico e ênfase na acumulação como sinônimo de aprender, esteve na base do sistema educacional atual. Em sua prática pedagógica a ação do professor também assumiu esses contornos.

A Educação se constitui de um processo de humanização e, como tal, deve estar de acordo com as características e possibilidades da sociedade atual, ou seja, com a “Sociedade do Conhecimento e da Informação”. A escola, como espaço da Educação, também deve estar alinhada a esse conjunto.

Em face ao panorama analisado sobre a sociedade atual, faz-se necessário pensar: como se deve compreender a Educação na sociedade do conhecimento? A partir das condições atuais das dimensões econômicas, políticas e culturais e o conhecimento, como deve se constituir a escola e sua a relação dentro da sociedade atual? Quais são as suas consequências na formação e atuação do professor?

Em vista dessas questões, foram feita análises e reflexões sobre relações da educação, escola e sociedade atual. Alguns aspectos se evidenciaram importantes: a mobilidade social, as possibilidades humanas de inclusão e as mudanças dentro do contexto atual de relações sociais e a relação da Educação e da escola neste contexto.

No modelo capitalista tradicional, verifica-se a existência de uma relação de luta de classes, tendo de um lado, a classe trabalhadora e, de outro lado, a dos detentores do capital.

Nesse modelo, a empregabilidade se constitui como um fator de regulação de remuneração do trabalho, ou seja, o desemprego funciona como instrumento de controle dos níveis de salário.

A utilização do paradigma cartesiano às relações de produção e trabalho valoriza o trabalho intelectual e o conhecimento racional em detrimento do trabalho manual. A Educação tradicional no capitalismo, denominada por Tedesco (2006), como Educação na Economia Fordista, representa um instrumento de mobilidade social.

Nesse cenário, o aumento da escolarização, ao mesmo tempo, significa o objetivo das políticas sociais e possibilidades de modificação das desigualdades sociais. Isto fez com que a lógica do pensamento fosse: a massificação (democratização) da Educação e do grau de estudo pode significar o aumento da equidade social.

Na verdade, segundo Tedesco (2006), o que ocorreu, inversamente ao esperado, foi que o aumento dos níveis de qualificação e de conhecimento produziu dois fatores que acentuaram as desigualdades sociais.

Um deles foi a tendência de relação inversa entre postos de trabalho, exigência de conhecimento e remuneração. A ideia de que se aumentando o nível de conhecimento e tecnologia se aumentaria o nível de remuneração do trabalho, não se confirmou.

Na verdade, o que se verificou foi que a incorporação de novas tecnologias na produção acaba por eliminar postos de trabalho, de substituir o ser humano pela máquina. Nesse cenário, o que ocorre é que os postos de trabalho são criados onde não se exige muita tecnologia e conhecimento e o custo do trabalho humano é, proporcionalmente, menor.

Os setores com maior necessidade de conhecimento alcançam maior remuneração. Porém, criam menos postos de trabalho. Nos setores onde encontramos mais postos de trabalho, a necessidade de conhecimento é menor, assim como a sua remuneração. Essas diferenças provocaram um aumento da desigualdade social. Esse mecanismo também provoca uma maior exclusão social, quer pela substituição do ser humano pela máquina, quer pela baixa remuneração para os trabalhadores.

Outro fator de acentuação das desigualdades sociais foi a tendência e se formar comunidades mais densas. Ao se promover a massificação da escolarização, se promove também a tendência das pessoas, com níveis mais altos de qualificação, agruparem-se, relegando, aos menos qualificados, a exclusão, ou o desempenho de tarefas insignificantes. Esse outro fator promove uma nova face de desigualdade social, uma vez que “as pessoas

com altos níveis de qualificação formam uma comunidade mais densa, com tendência a agruparem-se, relegando os menos qualificados, seja ao desempenho de tarefas desprezíveis ou diretamente à exclusão” (TEDESCO, 2006, p.37).

A democratização da educação não significou a abertura de possibilidades para as mudanças sociais almejadas. Na verdade, enquanto mercadoria, o conhecimento passa a significar um movimento de formação de comunidades que detém o controle e o consequente poder sobre a informação e sobre o conhecimento.

Na Educação, no modelo pós-fordista (na atualidade), o conhecimento passa a ser ferramenta central na vida dos indivíduos, e a lógica é de que o indivíduo seja o responsável pela sua qualificação. Aqueles que não se enquadrarem neste perfil estarão sendo excluídos do processo econômico-social (TEDESCO, 2006).

Mais do que isto, durante a sua vida, o indivíduo também se torna o responsável pela sua requalificação, um processo permanente de busca e aprimoramento de novas informações e conhecimentos.

O modelo fragmentador e racional trouxe, ao modelo atual do capitalismo, o novo capitalismo, uma evolução e exacerbação do individualismo, transferindo ao indivíduo a responsabilidade sobre a sua qualificação. Essa tendência faz com que a percepção tradicional do Modelo Fordista, em que a pobreza era consequência de uma ordem social injusta, de luta de classes, seja, agora, associada à natureza das coisas, da sociedade e de responsabilidade pessoal (do indivíduo). É o que Tedesco (2006) denomina de ideologia das desigualdades.

Esse panorama impõe características diferentes da ideia inicial de aumento da equidade social, a partir da democratização e da massificação da Educação.

A Educação assume necessidades e contornos diferentes, quer nas políticas públicas, quer para os indivíduos. E por isso, aponta para uma necessidade de Educação permanente, voltada para a vida. Mais do que nunca, torna-se necessária uma Educação que ocorra ao longo da vida, que capacite os indivíduos a adaptar-se às modificações da realidade e das exigências do modelo social.

A Educação, como processo de socialização, de humanização, deve acompanhar os cenários e as demandas sociais. Uma Educação voltada para a sociedade atual e moderna necessita situar-se como instrumento de possibilidades reais de inclusão de seus indivíduos.

A situação apontada traz dados sobre a sociedade, a educação e a escola, bem como indica possibilidades de atuação para a inclusão e para a mudança. A informação e o conhecimento necessitam serem apropriadas para o uso consciente e crítico. Trago as palavras de Tedesco: “o papel da escola deve ser definido por sua capacidade para preparar para o uso

consciente, crítico, ativo, dos aparatos que acumulam a informação e o conhecimento” (TEDESCO, 2006, p.42).

Torna-se imperativo a análise profunda do papel da escola e do professor, assim como o seu sistema formativo, para que se possa aprofundar a reflexão do significado de sua prática pedagógica na sociedade atual. Deve-se agora, mais do que nunca, refletir sobre o papel do professor na sociedade atual e, consequentemente, sobre o seu processo formativo.