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2. Enquadramento Teórico

2.3 Sociedade do Conhecimento/Informação

Falando de aprendizagem ao longo da vida não podemos dissociar o conceito de sociedade do conhecimento, sendo este o grande incitador de uma aprendizagem que se quer ao longo de toda a vida.

Bell (1978) trouxe para discussão, pela primeira vez, o tema das alterações proporcionadas pela tecnologia. Este acreditava que o desenvolvimento e a inovação tecnológica seriam centrais para os países que procuram o desenvolvimento e defendia a criação de uma “elite do conhecimento”, constituída por aqueles que possuem o conhecimento.

Por aquilo que temos vindo a assistir a tese de Bell encontra-se comprovada, pois hoje temos sociedades baseadas no conhecimento, em que este é um dos principais trunfos ao dispor das empresas e da sociedade em geral. Tal como defende Sitoe (2006), os conhecimentos e as competências são um importante catalisador para o crescimento económico e por consequência para o desenvolvimento de determinado país.

A internet e todas as tecnologias que surgiram nos últimos anos têm contribuído para a emergência de um novo paradigma social que Hargreaves (2003) chama de sociedade do conhecimento, onde a informação circula por todo o lado e onde as hipóteses de aprendizagem são inúmeras e os locais que até então eram vistos como

19 exclusivos para adquirir conhecimento (escola) deixam de o ser pois hoje é possível obter aprendizagens em qualquer lugar e a qualquer momento.

Lucci (2000:1) fala-nos da sociedade do conhecimento da seguinte forma: “essa nova sociedade que está se formando, e que tem por base o capital humano ou intelectual, é chamada de Sociedade do Conhecimento. Nessa sociedade onde as ideias, portanto, passam a ter grande importância, estão surgindo em várias partes do mundo os Think Thanks, que nada mais são do que grupos ou centros de pensamento para a discussão de ideias. Esses centros têm por objetivo a construção de um mundo, de uma sociedade mais saudável do ponto de vista económico e social, que possa desfrutar de uma melhor qualidade de vida.”

No memorando sobre aprendizagem ao longo da vida, CEE (2003:8) afirma-se que são” os próprios indivíduos os atores principais das sociedades do conhecimento”, mostrando que o importante é a capacidade do ser humano adquirir conhecimento e usá- lo de forma eficaz.

Para além da utilização da expressão “sociedade do conhecimento” há alguns autores que preferem denominar estas alterações dos últimos anos nas sociedades como “sociedades da informação”, porque de facto aquilo que presenciamos é a informação que circula por todo lado. Castells (1999) debruçou-se também sobre esta temática e fala-nos em “sociedade informacional”, destacando que o conhecimento é o principal fator de produção no mundo contemporâneo. Castells (1999:46) justifica o uso da expressão informacional com algo que “indica o atributo de uma forma específica de organização social em que a geração, o processamento e a transmissão da informação tornam-se fontes fundamentais de produtividade e poder, devido às novas condições tecnológicas surgidas nesse período histórico”.

Mais recentemente Borges (2008:179) não faz qualquer distinção nos termos conhecimento e informação mostrando que estes estão relacionados e retratam a sociedade que se tem vindo a construir nas últimas décadas, afirmando “a sociedade da informação e do conhecimento é reconhecida pelo uso intenso da informação e do conhecimento e das tecnologias de informação e da comunicação, na vida do indivíduo e da sociedade, em suas diversas atividades.”

Conhecimento e informação não são certamente sinónimos, pode considerar-se o conhecimento uma sequência da proliferação da informação, no entanto, podemos afirmar que ambas as expressões são adequadas para descrever as alterações constantes da sociedade que se devem em grande parte à revolução tecnológica.

20 Esta sociedade do conhecimento ou da informação que temos discutido coloca sérios desafios à educação que deve ser capaz de criar indivíduos aptos para se integrarem num mundo globalizado e com capacidade de compreender que a aprendizagem é uma necessidade e uma constante ao longo de toda a vida.

Outro dos desafios apontado por Ausubel (1982) é saber como utilizar e reter toda a informação que nos dias de hoje nos é disponibilizada, porque apesar de a informação se encontrar acessível a praticamente todos através da Internet por exemplo, aceder a informação nem sempre resulta em aprendizagens, é necessário que a pessoa esteja predisposta à aprendizagem e que tire o melhor proveito da informação existente. Também Lévy (2010:18) se debruça sobre esta questão afirmando: “não se deve fabricar pessoas que consomem informação previamente empacotadas por terceiros”, deixando clara a ideia de que as pessoas devem ter sentido crítico e perceber qual a informação que é confiável e por isso deve ser consumida e considera que o conhecimento deve estar acessível a todos e não só a algumas elites do poder, “se nossas sociedades contentarem-se em ser inteligentemente dirigidas, com certeza falharão em seus objetivos. Para ter alguma chance de viver melhor, elas devem se tornar inteligentes na massa.”

Pelizzari et al (2002) defendem a capacidade reflexiva e define o conhecimento como a capacidade que determinada pessoa tem de, mediante a informação a que tem acesso, desenvolver uma capacidade reflexiva e possivelmente estabelecer conexão com outros conhecimentos e depois poder utilizá-los diariamente.

O aumento das desigualdades sociais tem vindo também a ser apontado como um desafio desta sociedade baseada no conhecimento, pois a difusão e proliferação da informação que proporciona a aquisição de conhecimento não está acessível a todos de igual forma. A verdade é que sabemos que é a tecnologia a grande impulsionadora da obtenção de aprendizagens em qualquer lugar e a qualquer momento, mas também sabemos que esta não esta ao alcance de todos

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