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4.4 Tendências Principais

4.4.2 Socioeconômica

A variável socioeconômica possui três diferentes categorias, que contemplam as tendências das propriedades cafeeiras, da produção de arábica x robusta e da comercialização. Os fragmentos das entrevistas estão organizados por categoria e são adicionados ao decorrer de toda a seção.

Na categoria propriedades cafeeiras, destaca-se a disseminação do conhecimento através de assistências profissionais, ou seja, da constante atualização do produtor sobre as melhores técnicas e as oportunidades de mercado. O entrevistado 05 ainda reforça que o grande desafio para 2020 será nas médias propriedades, primeiramente em evoluir índices de produtividade e qualidade para, posteriormente,

posicionar o produto de maior valor agregado em oportunos mercados. A comunicação direta com o exterior e o aumento na produção de cafés especiais nas fazendas brasileiras também são destaques dessa categoria, representados no Quadro 6.

Quadro 6 Tendências socioeconômicas nas propriedades cafeeiras

CATEGORIA FRAGMENTOS

Propriedades Cafeeiras

[…] enxergo hoje uma dificuldade muito grande na área de gestão por parte do produtor. Estou falando em gestão da máquina, dos recursos humanos, do tempo. Falta planejamento e poder de execução. Para 2020, o grande desafio estão nas médias propriedades, de 100 hectares e acima, de evoluir sua produção e buscar novas oportunidades no mercado. (Entrevistado 05).

[…]o cafeicultura procurará, de uma maneira ou de outra, agregar valor em seu produto para vendê-lo melhor. O desafio é saber como, pois cada propriedade tem peculiaridades. Daí a importância de uma transferência de conhecimento através de assistências de qualidade e com experiência de campo e de mercado. (Entrevistado 04).

[…]eu enxergo uma tendência nos produtores de café em trabalhar junto, e cada um fazendo a sua parte. Eu vejo que, ao invés de unir, o produtor de cada região está lutando para si mesmo. (Entrevistado 07).

[…] vejo o produtor do futuro, com uma boa parcela de café especial produzida na fazenda, e com uma carteira de clientes nacionais e internacionais diversificada, atendendo gostos diferentes. Seria algo além do cereja descascado e do natural. (Entrevistado 09).

[…]há uma tendência da pequena e média propriedade, que produz café especial, vender diretamente seu café para uma indústria ou cafeteria no exterior, pela construção de confiança e padronização da qualidade. (Entrevistado 06).

Na categoria produção arábica x robusta, destaca-se o aumento da área plantada e da oferta de robusta no mundo. A causa dessa tendência é que, pelas oscilações de preço entre os cafés arábica e robusta, as torrefadoras precisaram adotar estratégias para manterem seus custos unitários em um nível aceitável. Uma dessas

estratégias, profundamente discutida entre os players da cadeia, foi o aumento na parcela de robusta nos blends de torrado e moído.A espécie robusta, por apresentar menores custos de produção quando comparado ao arábica, vem ganhando espaço no mercado. Para os entrevistados 03, 04 e 05, a partir do Quadro 7, o robusta dominará em médio e longo prazo, ocupando o lugar do arábica em algumas regiões e a quantidade de arábica disponível no mercado terá um valor agregado maior.

Quadro 7 Tendências socioeconômicas na produção arábica x robusta

CATEGORIA FRAGMENTOS

Produção Arábica x Robusta

[…] o robusta vai dominar em médio e longo prazo, não vai haver lugar no mercado para o arábica de baixa qualidade. O produtor mineiro irá plantar o robusta em solos de Minas Gerais, pois é uma planta produtiva e rústica ao mesmo tempo. Uma previsão para 2020 ou um pouco depois é igualar a área plantada de robusta e arábica no mundo. (Entrevistado 05).

[…] a tendência é uma quantidade de café arábica produzida em menor quantidade e com mais qualidade e valor agregado.O robusta vai ocupar o espaço do café commodity, e continuará a ser comercializado juntamente com o arábica no torrado e moído convencional. (Entrevistado 03).

[…]o robustaveio pra ficar, inclusive ocupando lugar do arábica em muitas regiões.Uma coisa interessante é que os produtores de robusta estão mais abertos as novas tecnologias, o que tem melhorado, e muito, o manejo esta espécie. Os dois tem seu espaço no mercado, principalmente pelo consumidor ter aceitado bem os blends com maior quantidade de robusta feito pela indústria. (Entrevistado 04).

Com relação à categoria comercialização, os entrevistados 05 e 09 destacam países como China, Rússia, Índia e Indonésia como os principais mercados potenciais para a entrada do café brasileiro. Isso especialmente pelos baixos números de consumo per capita de café nesses países. A melhoria na condição logística brasileira, o surgimento de mais unidades exportadoras e indústrias torrefadoras de café especial

no Brasil e o reconhecimento do Brasil no exterior por um país produtor de café de alta qualidade são tendências para os próximos anos na categoria comercialização. Os fragmentos estão organizados no Quadro 8.

Quadro 8 Tendências socioeconômicas na comercialização

CATEGORIA FRAGMENTOS

Comercialização

[…] em 5 anos, destaco a Indonésia, Índia, México e Rússia como potenciais mercados para o café brasileiro. Com relação à China, acredito que demorará um pouco mais para o café entrar de vez,cerca de 10 anos.(Entrevistado 05).

[…] Coréia do Sul e Austrália foram as que mais cresceram em demanda pelos cafés brasileiros, mas destaco como potenciais mercados para o futuro a Rússia e a China. (Entrevistado 09).

[…] enquanto a Rússia e a China tiverem esta dificuldade para a entrada de café brasileiro, pela burocracia e os tramites exigidos, será difícil, no futuro, posicionar o nosso café nestes países. (Entrevistado10).

[…]atualmente, em 2014, é mais caro colocar um café, por exemplo, de Poços de Caldas até o porto de Santos, do que do porto de Santos para um armazém nos EUA. Vejo que há um começo de uma mobilização logística para melhorar esta realidade, principalmente pelo aumento de exportadoras e importadoras de café. (Entrevistado 07).

[…]uma tendência muito importante é o surgimento de pequenas torrefadoras de cafés especiais. No Brasil, são encontradas algumas, mas a velocidade de crescimento deste mercado é impressionante. (Entrevistado 09).

[…] o produtor não vai conseguir sair da realidade do café commodity. Acredito queo produtor conseguirá no máximo 30% do seu café no patamar especial.A grande maioria vai continuar sendo vendido para cooperativas. Com isso, é imprescindível que o produtor saiba e utilize ferramentas de comercialização, já que os preços do grão oscilam demais. (Entrevistado 08).

[…]o Brasil é reconhecido no exterior, por motivos históricos, de produzir quantidade, e não qualidade. Mas, nos últimos 10 anos, o país que mais melhorou em qualidade no mundo foi exatamente o Brasil. Nos próximos anos, a produção de café de qualidade superior irá aumentar, e muito. (Entrevistado 07).

O maior conhecimento por parte dos produtores de café em diferentes ferramentas de comercialização é também uma perspectiva futura apontada pelo entrevistado 08 na categoria comercialização.

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