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1 PROTEÇÃO À PESSOA HUMANA E O DIREITO INTERNACIONAL DOS

3.3.2 Solicitações de reunião familiar

Por sua vez, existe a possibilidade da extensão da condição de refugiado aos familiares do refugiado que estiverem em território nacional. O CONARE dá importância ao objetivo humanitário da reunião familiar, que funciona como um simplificador na integração dos refugiados no território brasileiro.

Buscando implementar o disposto no artigo 2º da Lei nº 9.474/97273, o

CONARE editou a Resolução Normativa nº 4274, adotando critérios objetivos para a

reunião familiar, a saber:

“Art. 1º. Poderão ser estendidos os efeitos da condição de refugiado, a título de reunião familiar, ao cônjuge, ascendente ou descendente, assim como aos demais integrantes do grupo familiar que dependam economicamente do refugiado, desde que se encontrem em território nacional.

Art. 2º. Para efeito do disposto nesta Resolução, consideram-se dependentes:

I – o cônjuge;

II – filhos (as) solteiros (as), menores de 21 anos, naturais ou adotivos, ou maiores quando não puderem prover o próprio sustento;

III – ascendentes;

IV – irmãos, netos, bisnetos ou sobrinhos, se órfãos, solteiros e menores de 21 anos, ou de qualquer idade quando não puderem prover o próprio sustento;

§ 1º. Considera-se equiparado órfão o menor cujos pais encontrem-se presos ou desaparecidos.

§ 2º. A avaliação da situação a que se refere os incisos I e IV deste artigo atenderá a critérios de ordem física e mental e deverá ser declarada por médico.

Art. 3º As situações não previstas nesta Resolução poderão ser objeto de apreciação pelo CONARE.

Art. 4º. Para os fins previstos nesta Resolução adotar-se-á o modelo de termo de solicitação constante do Anexo I.

Art. 5º. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. Art. 6º. Revogam-se as disposições em contrário”

273 Artigo 2º da Lei nº 9.474/97: “Os efeitos da condição dos refugiados serão extensivos ao cônjuge,

aos ascendentes e descendentes, assim como aos demais membros do grupo familiar que do refugiado dependerem economicamente, desde que se encontrem em território nacional. ”

274 Resolução Normativa nº 4, de 1º de dezembro de 1998. Disponível em: <

http://pfdc.pgr.mpf.mp.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/legislacao/asilos-refugiados-e- apatridas/resolucao-normativa-conare-no-04-1998>. Acesso em: 03 mai de 2017.

Na atuação com relação as solicitações de reunião familiar, o CONARE concede o refúgio por extensão não somente aos cônjuges casados civilmente, mas também ao cônjuge com união de fato comprovada.

Aos descendentes, o CONARE outorga a extensão, aos filhos naturais ou adotivos, também concede a extensão aos filhos maiores de 21 anos caso esses não possam prover o próprio sustento. No tocante aos ascendentes, são considerados na reunião familiar, não somente os pais, mas também avós, bisavós e até mesmo trisavós.

A Resolução Normativa nº 4 ainda faz relação aos irmãos, netos e bisnetos ou sobrinhos, caso esses sejam órfãos, solteiros e menores de 21 anos, ou até mesmo de qualquer idade, que não possam vir a prover o próprio sustento.

Um ponto bastante relevante e inovador, é o fato de o CONARE diante da reunião familiar, equipara ao órfão, para que esse obtenha a extensão da condição

de refugiado, o menor em que os pais estejam presos ou desaparecidos275.

É preciso ressaltar que tal situação apontada na equiparação de órfão, é bastante comum diante dos indivíduos solicitantes de refúgio, tendo em vista que quando as pessoas fogem de situações de risco, diante de perseguições em massa ou de grave violação de direitos humanos, acabam fugindo levando filhos dos vizinhos e de parentes. Dessa forma, sem nenhuma comprovação documental de que existe um vínculo de parentesco do menor com o solicitante de refúgio, acabaria deixando as crianças sozinhas e desprotegidas.

Dessa forma, o CONARE atua permitindo que as crianças sejam também consideradas como dependentes daquele solicitante, sendo assim, beneficiadas pela reunião familiar. Entretanto, é preciso que o CONARE tenha bastante atenção com essas situações, para que a vida da criança não acabe em risco.

Faz-se necessário dar destaque diante da situação em que a família do refugiado ainda não se encontra no Brasil com o mesmo. Nessas situações, o ACNUR

275 De acordo com o artigo 2º, § 1º da Resolução Normativa nº 4: “Art. 2º. Para efeito do disposto

nesta Resolução, consideram-se dependentes: § 1º. Considera-se equiparado órfão o menor cujos pais encontrem-se presos ou desaparecidos. “

detém fundos que poderão vir a ser utilizados para financiar a viagem dos dependentes do solicitante da reunião familiar.

Tal procedimento é interno do escritório do ACNUR no Brasil, que irá se comunicar com o escritório do ACNUR no local em que se encontre a família do refugiado, para que seja facilitada a vinda para o Brasil.

Exemplificando toda a situação retratada até então, tem-se o caso da congolesa que fora reconhecida como refugiada pelo governo brasileiro. A refugiada desconhecia o paradeiro de seu cônjuge, que anteriormente havia fugido da República Democrática do Congo, já por conta de perseguição. Após muita procura, essa encontrou o cônjuge em território brasileiro, tendo então solicitado a extensão

da sua condição, visando a reunião familiar.276

Especificamente, em seu artigo 3º, a Resolução Normativa nº 4, deixa ampla a atuação do CONARE em determinar a extensão da condição de refugiado, frisando que situações não previstas na Resolução podem vir a ser apreciadas pelo

CONARE277.

Não se pode negar que muitas são as dificuldades diante da análise na concessão da reunião familiar. É preciso frisar que o CONARE procura desempenhar um trabalho com a maior seriedade possível, dedicando todo o esforço necessário para que assim se garanta uma efetiva proteção aos refugiados.

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