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O solicitante de refúgio6 é alguém que solicita o reconhecimento de sua situação de refúgio, mas que ainda não teve seu pedido avaliado definitivamente. O agravamento da situação humanitária em diversos países ao longo do ano de 2014 também teve reflexos nos dados sobre os pedidos de refúgio registrados nesse período. Segundo os dados do relatório do ACNUR (2014), mais de 1.660.000 pedidos

de refúgio foram registrados em 157 países7 em 2014.

A Rússia ocupou o primeiro lugar entre os países que mais receberam solicitações de refúgio em 2014, com um total de 274.700. Destaca-se que a grande parte dessas solicitações foi feita por nacionais da Ucrânia.

Gráfico 3.7: Principais países que receberam solicitantes de refúgio, 2014 (ACNUR)

Elaboração própria com dados de ACNUR Global Trends 2014.

Em segundo lugar, a Alemanha computou 173.100 solicitações de refúgio, o que representa um aumento de 57% em relação ao ano anterior (109.600). Destaca-se o grande número de aplicações submetidas por sírios, refletindo um aumento de 230%

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Definição utilizada pelo ACNUR, disponível em: http://www.ACNUR.org/pages/49c3646c137.html

7 Os dados da África do Sul não constam no relatório ACNUR Mid-Year Trends 2014 e por essa razão não constam na análise. 0 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000 300.000

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entre os anos 2013 e 2014, isto é, foi de 11.900 para 39.300 casos registrados no intervalo de apenas um ano.

Em seguida temos os Estados Unidos, com um total de 121.200 solicitações de refúgio, número 44% maior que o registrado em 2013 (84.400). A maior parte das aplicações veio de nacionais do México (14.000), China (13.700) e de El Salvador (10.100).

Turquia (87.800), Suécia (75.100) e África do Sul (71.900) ocuparam o quarto, quinto e sexto lugares, respectivamente. Destaca-se o fato de que a Suécia tem sido o segundo maior local de destino de solicitantes de refúgio na Europa, após a Alemanha, resultado do aumento no número de aplicações feitas pelos sírios, que quase duplicou de um ano para o outro. Já na África do Sul, ainda que os índices sejam altos, o que se percebe é uma tendência de diminuição no número de solicitantes de refúgio, desde 2009.

Os outros países que se destacaram em 2014 pelo recebimento de solicitações de refúgio foram: Itália (com 63.700), um recorde, tendo em vista que cresceu 148% em relação à 2013, quando registrou 25.700 casos, França (59.000), Hungria (41.100) e Uganda (18.800).

Gráfico 3.8: Principais países que receberam pedidos de refúgio, 2014 (ACNUR)

Elaboração própria com dados de ACNUR Global Trends 2014. 28% 18% 12% 9% 8% 7% 6% 6% 4% 2% Rússia Alemanha Estados Unidos Turquia Suécia África do Sul Itália França Hungria Uganda

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Em 2014, os escritórios do ACNUR registraram 234.500 novos pedidos de refúgio, somente o escritório da Turquia recebeu quase 40% desse total, o equivalente a 87.800 novos pedidos.

Ao analisarmos os dados por nacionalidade, o relatório Global Trends 2014 aponta que os ucranianos foram o maior grupo de solicitantes de refúgio no mundo durante o ano de 2014, com um total de 288.600 aplicações. Os sírios são o segundo maior grupo, com um total de 171.200 novas aplicações no período analisado.

Outros países importantes foram: Iraque (100.000), Afeganistão (73.000), Eritréia (60.000), República Democrática do Congo (48.1000), Sérvia e Kosovo (55.500), Somália (41.100), Paquistão (35.200) e Nigéria (32.100).

Gráfico 3.9: Principais nacionalidades de solicitantes de refúgio, 2014 (ACNUR)

Elaboração própria com dados de ACNUR Global Trends 2014.

O ACNUR estima8 que no ano de 2014 foram avaliados mais de um milhão de solicitações de refúgio. Cerca de 615.000 foram reconhecidos como refugiados e aproximadamente 430.800 pessoas tiveram os pedidos negados. Até o final do referido ano, cerca de 1.8 milhões de pessoas estavam aguardando o resultado dos pedidos de refúgio, o maior número registrado nos último 15 anos. Os casos

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Tais números são estimativas, uma vez que nem todos os países disponibilizaram tais informações. 0 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000 300.000 350.000

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pendentes foram reportados principalmente na África do Sul (463.900), Alemanha (226.200), Estados Unidos (187.800), Turquia (106.400) e Suécia (56.800).

DESLOCADOS INTERNOS (IDPS)

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Consideram-se deslocados internos as pessoas ou grupos de pessoas que tenham sido forçados a sair de suas casas ou locais de residência habitual, mas que não cruzaram as fronteiras internacionais, em razão de efeitos de conflitos armados, situações de violência generalizada, violações de direitos humanos, fenômenos naturais ou catástrofes provocadas pelo homem. Nesse sentido, se diferenciam dos refugiados, pois permanecem em seu país de origem e estão, legalmente, sob a proteção de seu próprio governo, ainda que este governo possa ser a causa da fuga.

O número de deslocados internos continuou a crescer no ano de 2014, o que reflete um incremento das situações de conflitos em diversos países. De acordo com o

Internal Displacement Monitoring Centre, o número estimado de IDPs em 2014

superaria os 38 milhões de pessoas, um número sem precedentes desde 1989 quando esse monitoramente começou a ser publicado.

O número de IDPs beneficiados e assistidos pelo ACNUR alcançou os 32.3 milhões em 2014, superando em 8.3 milhões o número registrado em 2013 (23.9 milhões).

Os principais países que enfrentam a situação do deslocamento interno em 2014 são a Síria, com 7.6 milhões, o que significa a maior situação de deslocamento interno do mundo, e a Colômbia, cujo governo registrou 6 milhões de IDPs em 2014, sendo 137.000 novos deslocados.

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Gráfico 3.10: Países mais afetados com casos de IDPs, 2014 (ACNUR)

Elaboração própria com dados de ACNUR Global Trends 2014.

O ACNUR estima também que 8.6 milhões de novos deslocados internos foram registrados em 24 países em 2014, principalmente no Iraque (2.6 milhões), RDC (1 milhão) e Ucrânia (823.000).

Apesar de que milhões novos deslocados durante o curso de 2014, cerca de 1.8 milhões de IDPs retornaram para seus locais de origem ou locais de residência habitual. Os principais países a receber os retornados foram: República Centro-africana (611.000), Sudão do Sul (200.000), Mali (155.000) e Yemen (85.000).

REASSENTADOS

Quando alguns refugiados não se adaptam ao país em que estão e nem podem voltar para o país de origem (ou não desejam fazer) porque continuarão a sofrer perseguições, o ACNUR oferece ajuda para reassentar esses refugiados em um terceiro país, como uma solução viável, segura e duradoura. O país de reassentamento deve providenciar para o refugiado proteção legal e física, assim como acesso a direitos

7.600.000 6.000.000 3.600.000 2.800.000 1.500.000 805.000 Síria Colômbia Iraque RDC Sudão do Sul Afeganistão

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civis, políticos, econômicos, sociais e culturais iguais aos dos nacionais, isto é, deve permitir aos refugiados se tornarem cidadãos naturalizados.

Em 2014, o número de países que estavam envolvidos com as ações de reassentamento permaneceu inalterado em relação a 2013, sendo 27 ao total. Segundo o ACNUR, mais de 103.800 refugiados foram reassentados nesse período com auxílio da organização.

De acordo com as estatísticas governamentais, 26 países admitiram o total de 105.200 refugiados em 2014, o maior índice alcançado desde 2009. Foram 6.800 casos a mais que o registrado no ano anterior (98.400). A maior parte dos refugiados admitidos eram provenientes do Iraque (25.800), Myanmar (17.900), Somália (11.900), Butão (8.200), RDC (7.100) e Síria (6.400).

Os principais países de origem dos beneficiários do programa de reassentamento do ACNUR em 2014 estão ilustrados no gráfico a seguir:

Gráfico 3.11: Principais países de origem dos beneficiários do programa de reassentamento do ACNUR, 2014

Elaboração própria com dados de ACNUR Global Trends 2014.

Mulheres e crianças em risco representaram mais de 12% do total de registros de reassentamento. A maior parte deles se refere a três tipos de classificações: necessidade de proteção legal e/ou física (33%); falta de perspectiva para soluções duradouras (26%); e sobreviventes de violência e/ou tortura (22%).

11.000

8.900 8.500

7.100

6.200

4.900

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O principal país a fazer parte do programa de reassentamento é os Estados Unidos, com 73.000 casos, o que corresponde a 70% do total. Em seguida, o Canadá com (12.300), Austrália (11.600) e os Países Nórdicos, conforme ilustrado no gráfico abaixo:

Gráfico 3.12: Os principais países que admitiram refugiados reassentados em 2014 (ACNUR)

Elaboração própria com dados de ACNUR Global Trends 2014.

RETORNADOS (RETURNEES)

Os retornados10 são os refugiados que retornaram para o país de origem, voluntariamente ou com a ajuda de alguma organização, mas que ainda necessitam de auxílio na reintegração. Em 2014 foram registrados 126.800 casos de retorno de refugiados.

As estatísticas sobre o número de retornados são indicadores sobre as condições de segurança do local de origem. É comum que guerras civis, instabilidade política e insegurança contribuam para um número limitado de refugiados retornados

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Definição utilizada pelo ACNUR, disponível em: http://www.ACNUR.org/pages/49c3646c1ca.html 73.000

12.300 11.600

2.000 1.300 1.100 Estados

Unidos

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em um determinado país ou localidade. A partir das informações do relatório da ACNUR (2014), é possível inferir uma tendência de queda nos números de retorno de refugiados, tendo em vista que em 2013 foram registrados 414.600 casos. Claramente, as guerras e as condições gerais de insegurança percebidas ao redor do mundo nos anos recentes explicam o motivo do baixo índice registrado em 2014.

Gráfico 3.13: Variação no número de retornados, 2013-2014 UNCHR

Elaboração própria com dados de ACNUR Global Trends 2014.

Os países com maior incidência de casos de retorno de refugiados são:

Gráfico 3.14: Principais países de origem que receberam refugiados retornados, 2014 (ACNUR)

Elaboração própria com dados de ACNUR Global Trends 2014. 414.600 126.800 2013 2014 -69% 25.200 21.000 17.800 14.300 13.100 12.400 5.800

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Por outro lado, os principais países que reportaram a saída de refugiados, em função do retorno, são:

Gráfico 3.15: Principais países que reportaram saída de refugiados, 2014 (ACNUR)

Elaboração própria com dados de ACNUR Global Trends 2014.

APÁTRIDAS (STATELESS PERSONS)

A apatridia se refere à condição de um indivíduo que não é considerado como um nacional por nenhum Estado11. Apesar dos apátridas também poderem ser refugiados, as duas categorias são distintas.

A apatridia ocorre por uma variedade de razões, incluindo discriminação contra as minorias na legislação nacional, falha em incluir todos os residentes do país no corpo de cidadãos quando um Estado se torna independente (sucessão de Estados) e conflitos de leis entre Estados. Tal problema causa um impacto enorme nas vidas dos indivíduos, uma vez que, possuir uma nacionalidade é essencial para a completa participação na sociedade. Nesse sentido, na prática, ser apátrida significa estar

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Definição utilizada pelo ACNUR, disponível em: http://www.ACNUR.org/t3/a-quien-ayuda/apatridas/ 19.000 13.100 13.000 12.200 10.300 RDC Chad Paquistão Libéria Congo

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vulnerável a uma série de violações de direitos, tais como: impossibilidade de obter documentos de identidade, ser detido por não possuir uma nacionalidade, possibilidade de ter o acesso à educação, aos serviços de saúde e ao emprego negados.

Ainda que seja uma temática bastante importante e complexa, o número de apátridas no mundo é desconhecido. O relatório de 2014 aponta para a existência de 3.5 milhões de apátridas distribuídos em 77 países (eram 75 no final de 2013), entre os quais estão: Mianmar (810 mil), Costa de Marfim (700 mil), Letônia (253 mil), República Dominicana (210 mil), Federação Russa (178 mil) e Iraque (120 mil). Apesar dos dados oficiais, o ACNUR estima que exista atualmente no mundo 10 milhões apátridas.

Vejamos no quadro a seguir os dados sobre as diferentes categorias de migração forçada para os 27 países em que há missão das Irmãs Scalabrinianas, MSCS:

36 Fonte: Elaboração própria com dados de ACNUR Global Trends 2010 e 2014.

2010 2014 2010 2014 2010 2014 2010 2014 2010 2014 2010 2014 Refugiados IDPs Total Refugiados IDPs Total

MUNDO 10.549.686 14.380.094 10.549.686 14.380.094 837.478 1.796.310 837.478 1.796.310 14.697.804 32.274.619 3.463.070 3.492.263 197.626 2.923.233 3.120.859 126.823 1.822.591 1.949.414 África 2.947.122 4.623.181 2.408.676 4.126.779 221.195 533.775 329.608 698.702 6.230.071 9.920.194 21.119 - 43.466 979.370 1.022.836 96.858 1.541.468 1.638.326 África do Sul 380 424 57.899 112.192 214 537 171.702 463.940 - - - - - - - 1 - -Angola 134.858 9.507 15.155 15.474 720 1.750 4.241 30.212 - - - - 488 - 488 14.284 -Moçambique 131 58 4.077 4.536 19 1.411 5.914 13.322 - - - - 5 - 5 - - -RDC 476.693 516.770 166.336 119.754 42.896 67.363 932 1.184 1.721.382 2.756.585 - - 16.631 460.754 477.385 25.150 561.073 Américas 473.809 467.883 803.990 769.053 95.383 104.821 128.683 237.109 3.672.054 6.044.151 17 - 58 - 58 11 - 11 Argentina 557 318 3.276 3.498 90 117 947 861 - - 210.000 - - - - - -Bolívia 590 599 695 763 130 271 41 16 - - - 1.200 - - - - - -Brasil 994 977 4.357 7.490 249 1.204 872 11.216 - - - 1 - - - - - -Canadá 90 95 165.549 149.163 5 67 51.025 16.711 - - 3 13 - - - - - -Colômbia 395.577 360.298 212 213 59.954 4.731 167 170 - - - - - - - - - -Costa Rica 352 417 19.505 20.744 76 127 375 1.774 - - - - - - - - - -Equador 852 805 121.249 122.161 209 6.970 49.887 11.583 - - - 2 - - - - - -Estados Unidos 3.026 4.986 264.574 267.222 875 188 6.285 187.826 - - - - - - - - - -Honduras 1.302 4.159 14 26 797 10.146 - 16 3.672.054 6.044.151 11 12 34 - 34 6 -México 6.816 10.666 1.395 1.837 9.960 29.354 172 2.872 - - - - - - - - -Paraguai 86 94 107 153 24 35 8 13 - - - - - - - - - -República Dominicana 246 349 599 608 394 1.148 1.759 746 - - - - - - - - - -Ásia 6.441.866 8.711.972 5.715.818 7.942.132 200.193 568.913 72.410 257.930 4.376.376 15.179.635 2.853.245 - 152.287 1.940.865 2.093.152 29.260 280.673 Filipinas 970 672 243 222 675 1.118 73 109 139.509 142.430 - 6.370 - - - - 98.718 Índia 17.769 10.433 184.821 199.937 3.854 16.709 3.746 5.074 - - - - - - - - - -Indonésia 16.892 14.408 811 4.270 456 1.773 2.071 6.916 - - - - - - - - - -Europa 500.064 447.097 1.587.387 1.495.283 41.900 121.208 302.791 579.636 419.303 1.130.639 588.689 - 1.815 2.998 4.813 694 450 Albânia 14.772 10.140 76 104 1.356 15.101 23 485 - - 7.443 - - - - - -Alemanha 164 176 594.269 216.973 36 89 51.991 226.191 - - 7.920 11.659 - - - - - -Bélgica 83 75 17.892 29.179 9 23 18.288 9.951 - - 691 2.554 - - - - - -Espanha 42 60 3.820 5.798 70 75 2.715 7.525 - - 31 270 - - - - - -França 92 92 200.687 252.264 44 46 48.576 55.862 - - 1.131 1.257 - - - - - -Itália 50 67 56.397 93.715 54 112 4.076 45.749 - - 854 350 - - - - - -Portugal 30 31 384 699 64 34 72 344 - - 31 14 - - - - - -Suíça 19 19 48.813 62.620 1 1 12.916 20.832 - - 62 76 - - - - - -Apátridas REFUGIADOS E SOLICITANTES DE REFÚGIO – 2010 - 2014 PERFIL MIGRATÓRIO DE PAÍSES COM PRESENÇA DE IRMÃS MISSIONÁRIAS SCALABRINIANAS

IDPs Retornados

2010 2014

Refugiados e pessoas em situação análoga ao refúgio

por país de origem

Refugiados e pessoas em situação análoga ao

refúgio por país de destino

Solicitantes de refúgio por país de

origem

Solicitantes de refúgio por país de

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