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O Ruído e o Indivíduo

1.3 O Som: Conceito

Dos fenómenos físicos existentes na Natureza, o som talvez seja o que mais sensibiliza o Homem (Fernandes, 2006). Para Guyton (1988), o ouvido humano possui a função de converter o som em impulsos nervosos, ou seja, em sinais eléctricos que são conduzidos ao cérebro produzindo sensações sonoras.

O som pode ser definido como qualquer variação de pressão passível de identificação pelo ouvido humano. Tal como as peças de dominó, as ondas de pressão sonora propagam-se quando uma partícula de ar imprime movimento à partícula que lhe está mais próxima, alargando-se este movimento a partículas cada vez mais afastadas da fonte sonora (Arezes, 2002). Por seu turno, Guyton (1988) menciona que o som é originado por uma série de ondas de compressão repetidas, que se propagam através do ar em forma de ondas a uma velocidade aproximada de 321, 8 m/s (metros por segundo) e, ao alcançar o ouvido, produzem sensações sonoras.

1.3.1 Características do Som

Segundo, Guyton (1988), o som apresenta 3 características: a frequência, o nível sonoro ou intensidade sonora e a duração.

13 Ao considerar-se um ponto da onda sonora verifica-se que a pressão oscila um determinado número de vezes por segundo à volta da pressão atmosférica. O número de flutuações ou períodos por segundo (Hertz) define a frequência ou altura do som (Miguel, 2007).

Equação 1

Em que: f é a frequência, em Hertz (Hz); T é o período, em segundos.

Para se ter a noção exacta da composição do ruído é necessário determinar o nível sonoro para cada frequência. Este tipo de análise chama-se análise espectral ou análise por frequência e costuma ser representada graficamente num sistema de eixos onde as frequências se situam no eixo das abcissas e os níveis sonoros no eixo das ordenadas (Miguel, 2007).

A escala de frequências é usualmente dividida em 3 grandes grupos: os infra-som, a gama de frequências audível e os ultra-sons. A gama audível compreende os sons cujas frequências vão desde 20 a 20 000 Hz e, como o seu nome sugere, é susceptível de provocar reacção ao nível da audição humana. Está dividida em 10 grupos de frequências designados por oitavas. Cada oitava, por seu turno, está dividida em 3 grupos de terços de oitava. Abaixo de 20 Hz situam-se os infra-sons e, acima de 20 000 Hz os ultra-sons, Miguel (2007). De acordo com Guyton (1988), o grau de sensibilidade para cada frequência de som depende de pessoa para pessoa e, também, está relacionada com parâmetros tais como: tempo de exposição ao ruído, sexo, idade, infecções do ouvido por vírus ou bactérias, etc. Os sons de baixa frequência (inferiores a 1000 Hz) são designados de graves e os que se encontram acima de 3000 Hz de agudos. Na Natureza encontramos uma fusão de vibrações de diferentes frequências. Os sons, na sua forma absoluta, são constituídos por componentes de várias frequências.

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1.3.1.2 Nível Sonoro (Intensidade)

Qualquer fonte sonora emite uma determinada potência acústica, característica e de valor fixo, relacionada com a saída da mesma. As vibrações sonoras originadas pela fonte têm, no entanto, valores variáveis dependentes de factores externos, tais como a distância e orientação do receptor, variações de temperatura, tipo de local, etc. A intensidade das vibrações sonoras, ou das variações de pressão que lhes estão associadas exprime-se em newton por metro quadrado (N.m-2), ou pascal (Pa), e designa-se por pressão sonora. A medida de pressão

sonora numa escala linear é contudo impraticável, pois compreende cerca de um milhão de unidades. Com efeito, o limiar da audibilidade a 1000 Hz é provocado por uma pressão de 20 µ Pa, enquanto que o limiar da dor ocorre a uma pressão de 100 Hz (Miguel, 2007). O mesmo autor expõe que a intensidade do som depende da energia das oscilações e define-se em termos de potência por unidade de área. Os diferentes tipos de som que existem na Natureza têm intensidades distintas, sendo este intervalo de intensidades sonoras muito amplo e adequá-lo a uma escala eficiente constituiu uma grande dificuldade. Além disso, o ouvido não responde linearmente aos estímulos, mas sim logaritmicamente. Motivos pelos quais, se chegou ao consenso de utilizar uma unidade logarítmica para medir a intensidade, designada por decibel (dB), que é uma escala linear utilizada para definir uma escala de amplitude logarítmica com a qual se reduz um grande intervalo de valores de amplitude a um pequeno conjunto de números. Refere, ainda, que o décibel é, por definição, o logaritmo da razão entre o valor medido e um valor de referência padronizado e corresponde praticamente à mais pequena variação da pressão sonora que um ouvido normal pode distinguir nas condições normais de audição.

De acordo com a Norma Portuguesa, NP 1730: 1996, o nível de pressão sonora, Lp, em decibéis é dado pela expressão (Miguel, 2007) da equação 2:

Equação 2

Em que:

P é o valor eficaz ou RMS (Root Mean Square, ou seja, Raiz quadrada da média aritmética dos quadrados) da pressão sonora, em pascal (Pa);

15 Ainda, Miguel (2007) salienta que na generalidade dos casos, o nível sonoro varia com o tempo, sendo necessário explicitar uma relação entre o nível e a sua duração. Tal objectivo é conseguido através do nível sonoro contínuo equivalente, que representa um nível sonoro constante que, se estivesse presente durante todo o tempo de exposição, produziria os mesmos efeitos, em termos de energia, que o nível variável. A decisão acerca da tolerabilidade para uma exposição de curta duração a ruídos contínuos depende da forma como se estima que o ouvido faz a integração da quantidade de ruído recebido num determinado intervalo de tempo.

Por sua vez, de acordo com Miguel (2007), a NP 1730: 1996, considera a seguinte expressão para o nível sonoro contínuo equivalente ponderado A num determinado intervalo de tempo T, com início em t1 e fim em t2 :

Equação 3

Onde,

Equação 4

Onde, T =

1.3.1.3 Duração

A duração do som é medida em segundos. Assim, os sons são classificados como sendo de curta ou cumprida (ampla) duração, sendo que os de curta são aqueles que duram menos de 0,1s e que dificultam a percepção e dos de cumprida duração duram mais de 1s (Guyton, 1988).

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