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O PROJETO MASS (MODAL ANNOTATION IN SPONTANEOUS SPEECH): anotação semântica da modalidade no C-ORAL-BRASIL

A.4. uma expressão modal, anota-se toda a expressão, inclusive, se for o caso, o verbo suporte

5.3.3.2.2 Source of the modality:

A source of the modality é o agente, experenciador ou cognoscente que veicula a modalidade.

Valores Subvalores Source

Epistêmico

conhecimento

O conceptualizador (o falante ou uma outra entidade) que expressa o grau de conhecimento ou compreensão sobre algo.

crença O conceptualizador que expressa a sua crença ou sua opinião sobre algo.

possibilidade O conceptualizador que apresenta o que enuncia como uma possibilidade.

probabilidade O conceptualizador que apresenta o que enuncia como uma probabilidade, baseado em alguma evidência necessidade

O conceptualizador que apresenta o material enunciado como uma necessidade, baseado em conhecimento anterior.

verificação O conceptualizador que expressa incerteza em relação a um estado-de-coisas, evento ou atividade em foco.

Deôntico

obrigação

O conceptualizador que obriga alguém, se vê obrigado ou obriga a si mesmo a realizar uma atividade por uma determinada razão.

permissão O conceptualizador que permite alguém ou a si mesmo a fazer algo, ou permite que algo aconteça.

proibição O conceptualizador que proíbe alguém ou a si mesmo a fazer algo, ou proíbe que algo aconteça.

necessidade O conceptualizador que expressa suas necessidades ou a necessidade de uma outra pessoa ou grupo.

Dinâmico

habilidade

O conceptualizador que expressa a sua própria habilidade/capacidade ou a habilidade/capacidade de uma outra pessoa para realizar ou alcançar algo.

volição O conceptualizador que expressa as suas vontades, necessidades, desejos, esperanças e intenções.

Tabela 5.5 – Sources correspondentes a cada valor e subvalor modais

As regras para a source of the modality são as seguintes:

A. A source of the modality e a source of the event mention são, normalmente, coincidentes:

(5.47) *LUI: [53] eu quero fazer o próximo campeonato no Arnaldinum /=CMM= e foda-se <pro seu Joaquim> //=CMM=$ (bfamcv01)

trigger: quero

modal value: dynamic_volition polarity: pos

IU: CMM

source of the event mention: LUI source of the modality: eu

(5.48) *GIL: [74] que eu acho que deu muito pau /=COM= nessa taça //=APC=$ (bfamcv01)

trigger: acho

modal value: epistemic_belief polarity: pos

IU: COM

source of the event mention: GIL source of the modality: eu

(5.49) *GIL: [94] a gente podia fazer a taça aqui /=COB= todo mundo vai adorar /=COB= e tal //=COM=$ (bfamcv01)

trigger: podia

modal value: epistemic_possibility polarity: pos

IU: COB

source of the event mention: GIL source of the modality: A gente

B. Casos difíceis:

1. Se a source of the modality não está explícita, anota-se:

(a) o falante, se coincidir com ele ou com o grupo em que está inserido:

(5.50) *TIQ: [227] deve ser da /=SCA= <da irmã> Geni /=COM= <né> //=PHA=$ (bpubcv02)

trigger: deve

modal value: epistemic_probability polarity: pos

IU: COM

source of the event mention: TIQ source of the modality: TIQ

(5.51) *REN: [136] sabão em pó nũ precisa não /=COM= né //=PHA=$ trigger: precisa

modal value: deontic_necessity polarity: pos

IU: COM

source of the event mention: REN source of the modality: REN

2. Quando a source of the modality é um pronome, ele é anotado:

(5.52) *CES: [307] ele <tem setenta-e-seis> metros quadrado me parece //=COM=$ trigger: parece

modal value: epistemic_belief polarity: pos

IU: COM

source of the event mention: CES source of the modality: me

3. Quando a source de uma deontic_permission é externa ao participante, ela não é anotada:

(5.53) *BRU: [147] esse aqui não /=CMM= porque esse aqui é quando for desenhar //=CMM=$ [148] aí /=DCT= o [/1]=EMP= no jogo do desenho /=TOP= por exemplo /=INT= um /=TOP= cê nũ pode tirar o [/1]=SCA= o [/1]=EMP= <o> [/1]=EMP= o lápis do papel /=CMM= <o outro tem que desenhar com a mão> esquerda //=CMM=$

*HEL: [149] <não /=CMM= nós nũ> vão fazer o desenho //=CMM=$

*LUC: [150] <eu posso desenhar ao invés de fazer mímica> //=COM=$

(bfamcv04) trigger: posso

modal value: deontic_permission polarity: pos

IU: COM

source of the event mention: LUC source of the modality: -

(5.54) *BRU: [88] <hhh aí /=DCT= passa um tiquim /=CMM= fala de novo /=CMM= né> //=PHA=$

*HEL: [89] <ham ham> //=COM=$ [90] a pessoa &fa +=COM=$ *LUC: [91] <é> //=COM=$

*HEL: [92] <ah> //=COM=$ *LUC: [93] <é> //=COM=$

*HEL: [94] pessoa faz que não //=COM=$ *LUC: [95] é //=COM=$

*HEL: [96] pois é //=COM=$ [97] o que que <pode> <que que nũ pode> //=COM=$

*LUC: [98] <xxx> //=UNC=$

*BRU: [99] <mas aí /=TOP= a> gente escolhe /=SCA= qual //=COM=$ [100] o laranja /=CMM= ou o amarelo //=CMM=$

*HEL: [101] <tá> $ (bfamcv04)

trigger: pode

modal value: deontic_permission polarity: pos

IU: COM

source of the event mention: HEL source of the modality: -

4. Se é uma pergunta retórica, anota-se o cognoscente. Se não está explícito, anota-se o verbo:

(5.55) *REG: [134] e ocê acha que eu nũ te conheço //=COM_r=$ (bfammn04) trigger: acha

modal value: epistemic_belief polarity: pos

IU: COM

source of the event mention: REG source of the modality: ocê

(5.56) *GIL: [54] sabe que que eu penso /=COM= velho //=ALL=$ (bfamcv01) trigger: sabe

modal value: epistemic_knowledge polarity: pos

IU: COM

source of the event mention: GIL source of the modality: sabe 5.3.3.3 Targets:

O target em textos falados é a expressão afetada pelo índice modal expresso pelo trigger dentro de uma unidade informacional. Portanto, diferente de outros esquemas de anotação que anotam o evento no escopo do item modal, não é necessário um predicado completo, como é usualmente tomado em textos escritos (uma cláusula subordinada ou um evento com todos os seus complementos e adjuntos). Na fala, como argumenta Cresti (no

prelo), ―um grande número de chunks falados, de fato, não podem ser definidos como

cláusulas, mas como fragmentos, interjeições, advérbios, sintagmas, no entanto, funcionam perfeitamente do ponto de vista comunicativo‖126.

Assim, o target é anotado maximamente, admitindo-se descontinuidade, dentro do domínio da unidade informacional que contém o índice modal.

126

No original: ―a large number of spoken chunks, indeed, cannot be defined as clauses, but are rather fragments, interjections, adverbs, phrases, while nevertheless functioning properly from a communicative point of view.‖ (CRESTI, no prelo).

A. Se o target é: