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ESTREPTOMICINA E DIIDROESTREPTOMICINA EM AMOSTRAS COMERCIALMENTE DISPONÍVEIS DE MEDICAMENTOS DE USO

5- STRE/ DHS

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amostragem, uma vez que não se tinha esse parâmetro. Para o cálculo da incerteza expandida (U) a Equação 6 e Equação 7 foram empregadas.

Equação 6

Equação 7

onde: (Canal) é incerteza padrão combinada da concentração do analito na amostra

analisada, é o fator de abragencia; Canal é a concentração do analito na amostra

analisada; CanalCC é a concentração do analito interpolada na curva analítica; repro é

a incerteza de reprodutibilidade obtida dos ensaios de precisão intermediária; calib é a incerteza devido a precisão da concentração do analito na curva analítica;

amostragem é a incerteza de amostragem.

O valor da incerteza expandida (U) foi calculada para cada amostra tendo em conta um fator de abrangência de = 2 (95 % de confiança) (de Souza, 2007).

Entretanto, para avaliar se as amostras estão em conformidade ou não com a especificação do fabricante é necessário definir a faixa aceitável, a qual depende do princípio ativo e da formulação. A monografia oficial da diidroestreptomicina está ausente no compêndio nacional. Apenas a estreptomicina na formulação em solução injetável e em pó estéril para ser reconstituído em água para injeção se encontra disponível, indicando os limites de aceitação de no mínimo 90,0% e, no máximo 115,0% da quantidade declarada no rótulo do medicamento. Esta mesma faixa aceitável é preconizada pela Farmacopeia Americana para estreptomicina.

No caso de diidroestreptomicina a faixa aceitável preconizada pela Farmacopeia Americana é de no mínimo 80,0% e no máximo 120,0% da quantidade declarada no rótulo do medicamento veterinário injetável. Cabe destacar, que a farmacopeia

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brasileira não contempla monografias para medicamentos veterinários. No entanto, a ANVISA estabeleceu que na ausência de monografia oficial na Farmacopeia Brasileira, poderá ser adotada monografia oficial da última edição de outros compêndios oficiais. Para as formulações de medicamentos analisados que não existem monografias descritas nas Farmacopeias Americana e Britânica foi adotado o mesmo intervalo.

Tabela 22. Teores médios de STRE e DHS determinados em amostras de medicamentos veterinários. Amostra Média ± U a g kg-1 Formulação Concentração Nominal, Faixa Aceitável (Lmin- Lmax) 1-STRE 283 ± 18 Pó solúvel 270 g kg-1 243- 311 g kg-1 2-STRE 299 ± 23 Pó solúvel 270 g kg-1 243- 311 g kg-1 3-DHS 525 ± 42 Pó solúvel 538 g kg-1 430-645 g kg-1 4-STRE 199 ± 18 Pó solúvel 213 g kg-1 173-221 g kg-1 5-STRE 192 ± 17 Pó solúvel 213 g kg-1 173-221 g kg-1 4-DHS 201 ± 19 Pó solúvel 213 g kg-1 170-255 g kg 5-DHS 191 ± 17 Pó solúvel 213 g kg-1 170-255 g kg 6-DHS 83 ± 9 Suspensão 80 g L-1 66-99 g L-1 7-DHS 81 ± 9 Suspensão 80 g L-1 66-99 g L-1

8-STRE 7,1 ± 0,7 Unguento intramamário 7 g kg-1 6.3- 8,1 g kg-1 9-STRE 6,6 ± 1,0 Unguento intramamário 7 g kg-1 6,3- 8,1 g kg-1 10-STRE 6,9 ± 1,1 Unguento intramamário 7 g kg-1 6,3- 8,1 g kg-1 11-STRE 7,1 ± 1,0 Unguento intramamário 7 g kg-1 6,3- 8,1 g kg-1 12-STRE 7,3 ± 0,7 Unguento intramamário 7 g kg-1 6,3- 8,1 g kg-1 13-STRE 7,3 ± 0,7 Unguento intramamário 7 g kg-1 6,3- 8,1 g kg-1 14-STRE 6,8 ± 1,4 Unguento intramamário 7 g kg-1 6,3- 8,1 g kg-1 15-STRE 6,8 ±1,0 Unguento intramamário 7 g kg-1 6,3- 8,1 g kg-1 16-STRE 6,6 ± 0,7 Unguento intramamário 7 g kg-1 6,3- 8,1 g kg-1

a Média ± U (incerteza expandida)

A interpretação dos resultados das medições foi realizada contemplando bandas de segurança, seguindo o critério apresentado na Figura 36 (MAPA, 2011). Nesta regra de decisão, o resultado (Res) é comparado com uma faixa com um limite mínimo (Lmin) e máximo (Lmax), minimizando assim o risco de falso conforme.

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Foi observado que todas as 16 amostras analisadas atingem as especificações determinadas, com teor conforme ao declarado no rótulo (Tabela 22).

Figura 36. Interpretação de um resultado de medição (adaptado do Manual De Garantia da Qualidade Analítica do MAPA e a Secretaria de Defesa Agropecuária, 2011).

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5. CONCLUSÕES

A detecção eletroquímica dos aminoglicosídeos STRE e DHS sob eletrodo de ouro foi possível mediante a aplicação do pulso de potencial triplo. Evidenciou-se a importância do planejamento experimental para estabelecer as condições ótimas de operação do detector amperométrico, uma vez que pequenas variações nos valores destes três potenciais afetam significativamente a resposta analítica destes compostos. Além disso, foi demonstrado que o potencial de limpeza oxidativa estabelecido é adequado para a obtenção de uma resposta repetitiva e sinais de linha de base estáveis. Isso representa uma vantagem, pois elimina a necessidade da abertura frequente da cela para efetuar uma limpeza mecânica ou química da superfície do eletrodo.

Para as análises simultâneas da STRE e DHS foi desenvolvido um método analítico empregando a HPLC-PAD. Para tanto, foi usado uma coluna de troca aniônica com uma fase móvel composta unicamente de hidróxido de sódio (livre de solvente orgânico), o que apresenta vantagem, frente ao descarte e tratamento de resíduos. No entanto, a concentração de hidróxido de sódio precisa ser controlada, pois afeta a separação dos AG.

O método desenvolvido para a quantificação simultânea de STRE e DHS em medicamentos de uso veterinário por HPLC-PAD foi validado conforme especificação do Guia de Validação do MAPA, publicado em 2011. Esse Guia difere do “Guia para validação de métodos analíticos e bioanalíticos” publicado pela ANVISA, através da Resolução 899 de 29 de Maio de 2003, para Fármacos de Uso Humano. Cabe destacar, que o Guia do MAPA, de modo geral é muito mais rigoroso do que o Guia da ANVISA quanto ao número de ensaios requeridos e aos critérios de aceitação, principalmente no que concernem aos parâmetros de precisão e exatidão. No

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entanto, o guia considera esses critérios de aceitação apenas orientativos, podendo ser justificados quando esses não forem atendidos.

Frente aos parâmetros de validação e critérios de aceitação preconizados o método HPLC-PAD para a determinação de STRE e DHS em medicamentos veterinários se mostrou linear na faixa estabelecida, seletivo frente aos compostos estruturalmente relacionados e/ou associados, além de ser confirmada que a matriz não tem efeito de atenuação ou ganho do sinal de detecção eletroquímica. Entretanto, segundo os critérios do Guia do MAPA, o método desenvolvido não apresentou precisão adequada para todas as formulações, uma vez que estas apresentaram valores de RSD na faixa de 1,8 a 3,9% (inter-ensaio), ou seja, superiores aos preconizados. Em termos de exatidão/veracidade é importante destacar que o Guia não estabelece como realizar o teste sem a disponibilidade de matriz branca ou material de referência certificado. Empregando o teste de recuperação, com três níveis de fortificação, foi verificado que nem todos os valores obtidos se enquadraram dentro das especificações. O não atendimento do parâmetro de exatidão pode ser justificado pelo próprio sistema de detecção. O detector amperométrico não é tão estável quanto um detector de arranjo de fotodiodos.

É importante destacar que o método de cromatografia líquida associada à detecção eletroquímica para a determinação de DHS ainda não foi proposta nas Farmacopeias Brasileira, Britânica e Americana e de acordo aos resultados obtidos neste trabalho este método é adequado e pode ser aplicado com sucesso na rotina de fiscalização de medicamentos veterinários contendo esse princípio ativo. Ainda, como vantagem se destaca que o mesmo método pode ser empregado para a determinação de STRE e DHS.

A padronização interna, usando glicose, apresentou vantagens frente à padronização externa, principalmente pelo sistema de detecção que pode apresentar variações em decorrência da alteração da superfície eletroativa do eletrodo de ouro.

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Todas as amostras avaliadas, considerando a incerteza expandida e um fator de abrangência 2, apresentaram o teor de STRE ou DHS dentro das especificações, considerando uma faixa aceitável de 90 a 115% para STRE e 80 a 120% para DHS do valor nominal informado pelo fabricante. Cabe destacar, que é importante que as agências reguladoras (MAPA) estabeleçam os limites de tolerância para que os laboratórios de fiscalização possam tomar decisões quanto à conformidade ou não das amostras analisadas.

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