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Sub-objetivo: Desassoreamento, dragagem e remoção de sedimentos contaminados

D) Objetivo: Recuperar Habitats da Baía de Guanabara

4. Sub-objetivo: Desassoreamento, dragagem e remoção de sedimentos contaminados

A dragagem de sedimentos faz-se necessária para facilitar o tráfego de grandes embarcações na Baía de Guanabara, e em alguns casos para recuperar a circulação hidrodinâmica de áreas rasas da Baía. Algumas regiões da Baía de Guanabara recebem grande aporte de sedimentos e resíduos, e consequente sofrem intenso assoreamento. Geralmente as partes assoreadas da Baía de Guanabara estão associadas com baixa circulação hidrodinâmica, e, portanto, apresentam piores qualidades da água devido à ocorrência de estagnação e a não diluição de águas poluídas, como é o caso do Canal do Fundão e do canal que separa a Ilha do Governador do continente. Já nos rios da bacia hidrográfica a dragagem é importante principalmente nas regiões alagáveis para favorecer o

fluxo hídrico, e recuperar a capacidade dos ecossistemas fluviais em amortecer enchentes. A remoção de sedimentos tóxicos e contaminados, principalmente com metais pesados, também é aconselhada para a Baía de Guanabara, apesar de que é observado que as características geoquímicas e o ambiente anóxico fazem com que os sedimentos da Baía tenham capacidade considerável de retenção dos compostos, diminuindo assim o reciclo de contaminantes para a coluna d’água. Ao mesmo tempo que a remoção de sedimentos é aconselhada para áreas com contaminação crítica, a remoção deve ser conduzida com cuidado e precedida de estudos, pois a dragagem de sedimentos pode disturbar o ambiente e ocasionar o reciclo dos contaminantes presentes nos sedimentos para a coluna d’água. Um dos grandes problemas associados à dragagem é a demanda por definição das áreas de deposição final dos sedimentos removidos, uma vez que a seleção de tais áreas tem de acontecer de forma a não afetar o ecossistema e os outros usos que ocorrem nas áreas escolhidas.

Ações passadas e em andamento:

No que tange a dragagem para permitir o tráfego de embarcações, antes da consolidação da legislação ambiental, muitas obras de dragagem realizadas no Rio de Janeiro utilizaram áreas de bota-fora no interior da Baía e nas regiões costeiras próximas. Mas foi com a Resolução CONAMA 344/04, e com os estudos realizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH), que se definiu as primeiras áreas de bota-fora em região oceânica adjacente à Baía de Guanabara. Durante o período de estagnação econômica houve redução da demanda por dragagem, mas a retomada do crescimento econômico motivou os grandes serviços de dragagem, especialmente nos acessos aos portos do Rio de Janeiro e Niterói, solicitados pela Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ). Essa retomada dos processos de dragagem retomou também as discussões quanto as áreas de deposição dos sedimentos em região oceânica por conflitar com a atividade pesqueira, e por causar distúrbios ao ecossistema marinho. No âmbito destas discussões, o INEA foi motivado pelo Ministério Público Estadual a solicitar nova avaliação ambiental às empresas que possuem procedimentos de dragagem licenciados ou em via de obtenção de licenças ambientais. A Avaliação Ambiental Integrada fornece novas propostas de áreas de bota-fora oceânicas levando em consideração modelagens hidrodinâmicas e aspectos físicos, bióticos, socioeconômicos e o potencial de conflitos com outros usos.

Outro projeto envolvendo dragagem foi realizado em 2009, quando a SEA iniciou o Programa de Revitalização do Canal do Fundão. Informações adicionais sobre o programa podem ser encontradas no Sub-Objetivo de Preservação e Recuperação de Manguezais deste relatório. As intervenções envolveram a dragagem de 3 milhões de metros cúbicos de sedimentos em 7 km do canal. A dragagem foi conduzida baseada em estudos de especialistas da COPPE/UFRJ. O material dragado de áreas contaminadas com metais, tais como mercúrio, cádmio, chumbo e antimônio, passou por um processo de separação com areia. Os sedimentos restantes foram armazenados em sacos geotêxteis. O lixo e os detritos removidos do canal foram dispostos no aterro sanitário de Nova Iguaçu, e a água do Canal

do Fundão apresentou grande melhora ao final do programa. O projeto objetivou melhorar a qualidade de vida da população, especialmente acabando com o mau odor da região. O aprofundamento do canal melhorou a navegação e permitiu a revitalização de cinco docas na região. O programa também incluiu a preservação dos manguezais para evitar problemas com a erosão e melhorar o ambiente para a atividade pesqueira. O projeto foi bem-sucedido, porém, em 2014, dois anos após sua conclusão, a manutenção precária dos esforços conduzidos fez com que o estado de degradação da área voltasse a piorar. O problema do assoreamento retornou devido ao aporte de resíduos sólidos, que não foi contido pela ecobarreira instalada no Canal do Cunha.

Figura 27. Assoreamento no Canal do Fundão.

Conforme conversas e reuniões com especialistas associados ao Projeto Iguaçu, foi observado que obras de dragagem também foram realizadas para a prevenção de enchentes na Baixada. Os rios foram dragados para revitalizar o fluxo de águas e aumentar a capacidade dos corpos hídricos em conter enchentes. Foi observado que grande parte do material dragado dos cursos d’água incluíam resíduos sólidos, principalmente da construção civil e pneus.

Metas:

• Até 2018 - Identificar áreas prioritárias para a dragagem de canais para revitalização da navegação, e desenvolver plano diretor para a dragagem e disposição de sedimentos de forma que as áreas de bota-fora não prejudiquem o meio ambiente, os outros usos da Baía ou o seu entorno; desenvolver um plano para monitorar e publicar a quantidade de sedimentos removidos, a qualidade dos sedimentos, e os locais para disposição do material dragado/removido.

• Até 2020 - Identificar áreas prioritárias para a remoção de sedimentos contaminados para a revitalização ambiental do ecossistema, e desenvolver um plano de recuperação dos sedimentos com metas e cronograma de implementação.

• Até 2025 - Iniciar os projetos prioritários de dragagem para a recuperação ambiental.

Ações necessárias para o alcance do sub-objetivo e das metas:

i. Estabelecer um comitê para a gestão de material dragado (modelado de acordo com o comitê estabelecido pela Autoridade Portuária de Maryland), incluindo representantes de agências governamentais, instituições acadêmicas, setor privado e cidadãos envolvidos com as operações portuárias. O comitê deverá revisar e criar um plano para a dragagem e a disposição do material dragado de forma a preservar o meio ambiente.

ii. Contratar instituição acadêmica ou firma de consultoria para identificar áreas críticas com sedimentos contaminados, e determinar as áreas prioritárias para remoção dos sedimentos; identificar e estabelecer áreas de bota-fora adequadas. Deve haver estudos prévios e se chegar em consenso para que as áreas de bota- fora não sejam em locais de ecossistema frágil, e não entrem em conflito com outros usos dessas áreas.

iii. Desenvolver um plano de longo-prazo para a recuperação de sedimentos

contaminados, e buscar recursos para implementação de projetos prioritários. iv. Melhorar a gestão do uso do solo e dos resíduos sólidos a longo-prazo, de forma

a evitar processos erosivos, grande aporte de sedimentos, e o assoreamento de áreas da Baía onde a circulação hidrodinâmica é facilmente comprometida.

Indicadores e métricas:

Assegurar que o material dragado seja disposto em áreas de bota-fora adequadas

Métrica Quantidade de material dragado e quantidade disposta em bota-fora apropriado

Grupos Sub-bacias, bacia hidrográfica, regiões da Baía

Gráfico Gráficos de barras indicando o progresso na disposição de material dragado

Mapas Localização das áreas que passaram por processo de dragagem

Fonte INEA, CPRJ

Certificar que a Baía e os rios da bacia hidrográfica não sejam impactados pelo assoreamento

Métrica - Quantidade de áreas que necessitam obras de dragagem e áreas onde ocorreu dragagem

- Quantidade de sedimentos removidos

Grupos Sub-bacias, bacia hidrográfica, regiões da Baía

Gráfico -

Mapas Localização das áreas assoreadas que carecem de dragagem

Fonte INEA, CPRJ, universidades