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5.1 CATEGORIA – MÚSICA E DESENVOLVIMENTO DA AFETIVIDADE

5.1.3 Subcategoria – Expressão da Afetividade

A partir das respostas das educadoras às questões de número 2 da Pré-oficina de Música e da questão de número 13 do Módulo IV da Oficina de Música, organizou-se a presente subcategoria que trata da maneira como as participantes da pesquisa expressam sua afetividade.

“Transmito meu amor através do olhar, do abraço diário, das palavras, do carinho, do sorriso, da atenção, da preocupação, e me sinto amada, principalmente pelas crianças. [...]”. (Educadora 24, Q13);

“[...] Quanto aos pequenos, procuro ter atitudes de carinho, [...] fazendo com que eles se sintam bem e protegidos”. (Educadora 15, Q2.2);

“[...] adoro aqueles ‘inocentes’ que precisam muito do nosso amor e carinho, afinal passam mais tempo com a gente do que com os pais, por isso precisamos dar educação e muito amor”. (Educadora 11, Q13);

“Em uma escola infantil a afetividade se faz presente todos os dias, quase que faz parte do currículo. Não tem como não amar as crianças”. (Educadora 53, Q13);

“[...] Uso a pedagogia do afeto e obtenho ótimos resultados. [...]. Amo e sou amada. [...]”. (Educadora 54, Q13.2);

“[...]. As crianças gostam muito de mim e sou feliz”. (Educadora 29, Q13);

“Me sinto amada pelas crianças, pois elas têm o professor como companheiro na vida. [...]”. (Educadora 37, Q13.2);

“Adoro as crianças onde trabalho, é maravilhoso aprender com eles”. (Educadora 8,

Q13);

“Expresso minha afetividade no trabalho tratando todas as pessoas que me cercam com carinho, com palavras gentis e com um sorriso amigo. É um lugar que amo e sinto que sou amada, por isso sou muito feliz pelo meu trabalho e amo muito o que faço”. (Educadora

Mosquera (2011) expressa a responsabilidade que o educador e a educadora têm em relação à educação na vida das gerações futuras, como já foi referenciado: “Chegará um momento da vida que seremos responsáveis pelas gerações que estão vindo” (idem, nota 7).

Em uma sociedade que apresenta sinais de perda de manifestações afetivas, Mosquera e Stobäus (2009) chamam a atenção da necessidade de termos uma educação da afetividade para o bom desenvolvimento humano e consideram que os sentimentos e a afetividade são a base do desenvolvimento humano. Os autores destacam a importância da relação afetivo- emocional na escola levando em conta que existe um mundo emocional nas relações das pessoas que interagem no espaço escolar.

Em relação à dimensão afetiva, Teixeira (1999) considera que, na sociedade, por vezes ela pode estar sobposta a uma educação técnica e intelectual, relevada frente ao nível de competitividade técnica e mercantil. E chama a atenção de que a educação deve levar em conta a dimensão afetiva, ética e transcendente da pessoa.

Ainda Mosquera e Sobäus (2009) afirmam que a afetividade é a expressão dos sentimentos e se reflete nas relações interpessoais. Enfatizam que a afetividade é essencial para a atividade vital, que através dela é possível conhecer a personalidade de cada um e que educação recebemos durante a vida.

No sentido da educação da afetividade, também Maslow (1991, p. 233) chama a atenção de que as ciências não se detêm a oferecer sobre o amor, essência de nossas vidas. O autor sugere que, como educadores, devemos ensinar, viver, sentir o amor como necessidade existencial da vida humana: “Nuestra obligación aqui está clara. Debemos entender el amor. Debemos ser capaces de enseñarlo, crearlo, predecirlo, o de lo contrario el mundo se perderá en la hostilidad y la sospecha”.

As educadoras manifestaram as diversas formas de expressão da afetividade, em especial através do carinho e dos gestos afetivos. Destaca-se também, na coleta de dados, a demonstração de carinho das educadoras às crianças. Constata-se nas manifestações das educadoras uma forte ênfase ao sentido afetivo. Outro aspecto relevante presente na maioria dos relatos das educadoras, foi o fato de descreverem que gostam muito de serem educadoras e do local de trabalho onde atuam, e que sentem-se felizes pelo carinho que recebem tanto das crianças como de suas colegas, além de serem afetivas com elas. As expressões afetivas aqui apresentadas, no sentido de realização pessoal e profissional, serão abordadas na subcategoria – Realização Pessoal e Profissional (5.4.1).

A manifestação afetiva é algo que marca profundamente na vida das crianças e na educação da sensibilidade. É perceptível que há, nas atividades desenvolvidas por estas

educadoras, um retorno afetivo. Na Oficina de Música, a sensibilização das educadoras através das canções espirituais, favoreceu que elas manifestassem seus sentimentos e reconhecessem sua afetividade como expressão da própria humanidade.

A Oficina de Música sensibilizou também no aspecto de ter que crescer nas relações afetivas dentro do ambiente de trabalho. Para a pessoa, sentir-se amada é condição de bem- estar físico, psíquico e espiritual. A maior parte dos relatos revelam que o ambiente escolar e a realização pessoal e profissional das entrevistadas são positivos, sentindo-se bem com o que realizam, os depoimentos das Educadoras 17 e 35, expressam uma vontade de crescimento nas relações afetivas, tanto pessoal como institucionalmente.

“[...] me fazem falta os sorrisos, um bom-dia, uma palavra amiga. Nós educadores estamos sendo “devorados” pela rotina [...]. as relações humanas estão se perdendo entre as construções de muros, de balcões de atendimento. [...]”. (Educadora 17, Q13);

“[...] Às vezes me sinto amada, às vezes não. Às vezes acho que não sou bem querida. Talvez o problema seja comigo mesma, das frustrações e da falta de aceitação, com alguns acontecimentos, acho que as pessoas não gostam do meu jeito de ser. Acho que tenho que trabalhar isso em mim”. (Educadora 35, Q13).

Neste caso constatou-se que as canções espirituais auxiliaram na sensibilização das educadoras quanto à necessidade de cultivarem a afetividade e as suas manifestações em relação às pessoas. A percepção de que é preciso mudar de atitude, através de um trabalho pessoal, já é um bom início e conscientização da necessidade de amar e sentir-se amada também no ambiente de trabalho. É dar sentido vital à profissão exercida.

Tanto nos relatos que afirmam terem uma boa vivência afetiva, quanto nos relatos das educadoras que expressam o desejo de trabalhar-se pessoalmente ou criar ambientes mais afetivos na escola, constatou-se que as educadoras valorizam a dimensão afetiva, como fundamental para a educação da sensibilidade.