• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

2.5 SUGESTÃO DE METODOLOGIA DE ANÁLISE DE PATENTES

A análise de patentes, conforme explicitado na seção 3.4.2.1, pode ser usada para a identificação e o monitoramento de concorrentes e de tecnologias importantes. Segundo Faria (2001, p. 41), “como as patentes antecedem o lançamento de produtos e são válidas apenas

nos países em que foram depositadas, elas constituem uma forma de prever quais produtos serão lançados, por quais concorrentes e em quais mercados”.

Vários autores utilizaram-se da análise de patentes para dar suporte à análise do escopo de suas pesquisas. Exemplo disso são os estudos de Falcone, Agnelli e Faria (2007), ao analisar o panorama setorial e as perspectivas da área de polímeros biodegradáveis; Carvalho e Back (2001), ao usarem os conceitos fundamentais da Teoria da Solução Inventiva de Problemas (TRIZ) e do método dos princípios inventivos no desenvolvimento de produtos; Galina (2001) e Galina (2002), ao analisar o desenvolvimento tecnológico realizado no Brasil por empresas fabricantes de equipamentos de telecomunicações através de patentes da base do INPI e da USPTO; Godinho (2007), ao analisar os tipos de indicadores de Ciência & Tecnologia, inovação e conhecimento, sendo a análise de patentes um deles; Jannuzzi, Amorim e Souza (2007), ao analisarem as implicações da categorização e da indexação na recuperação da informação tecnológica contida nos documentos de patentes; Matheus, Vanz e Moura (2007), ao compararem os indicadores de produção científica e de produção tecnológica da rede de coautoria e de co-invenção das universidades brasileiras, através de dados do Institute for Scientific Information (ISI) e do INPI; e, Vieira (1999), ao efetuar o monitoramento da competitividade científica e tecnológica dos estados brasileiros como instrumento de macropolítica de informação.

Sendo assim, a partir da necessidade de se aplicar uma metodologia própria e específica para a análise de patentes e da constatação de que existem inúmeros desafios teóricos e práticos de estender o monitoramento tecnológico para captar informações

8 Conforme o art. 11, § 1º, da Lei 9.279/96 (Lei da Propriedade Industrial), o estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes da data de depósito do pedido de patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou qualquer outro meio, no Brasil ou no exterior (BRASIL, 1996).

importantes do entorno institucional que condicionam as inovações para o desenvolvimento sustentável, desenvolveu-se uma série de etapas de análise e identificação de aspectos que sugiram o desenvolvimento sustentável nesses documentos.

Dentre os possíveis desafios acima mencionados, destaca-se a necessidade da estratégia de busca ser orientada por tipo de tecnologia (por ex., tecnologias para descarte ambientalmente correto de lixo hospitalar ou de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos) e o fato que a etapa da construção dos descritores requer certos cuidados metodológicos, na extração da literatura especializada, pesando sua pertinência aos objetivos do monitoramento às tecnologias que se espera recuperar.

Para tanto, são utilizadas técnicas de levantamento de informação, identificação e análise de documentos de patentes publicadas, através de técnicas de análise quantitativa seguida de uma análise qualitativa do conteúdo do documento.

O analista, portanto, deve ir além dos requisitos de aplicabilidade do produto ou processo, procurando identificar atributos de sustentabilidade e possíveis indicações de risco tecnológico e ambiental, conforme a literatura exposta no aporte teórico desta dissertação, e aplicá-los na análise de conteúdo dos resultados.

Neste sentido, sugere-se os seguintes passos metodológicos que integram uma metodologia de análise de patentes, levantada, aplicada e argumentada ao longo de todo o processo de coleta e análise dos resultados desta pesquisa:

1. Levantamento de bibliografia especializada pertinente à temática da pesquisa, com extração dos possíveis termos para a recuperação das tecnologias nas bases de dados de patentes;

2. Seleção da(s) base(s) de dados de patentes, levando-se em consideração: a) Abrangência das patentes (local, nacional, mundial);

b) Acesso se livre (gratuito) ou proprietário (pago);

c) Área do conhecimento (disciplinar ou multidisciplinar) e temática da pesquisa; d) Historicidade de inclusão dos registros na base e grau de pertinência para a pesquisa no que tange ao seu recorte temporal;

e) Verificação da ocorrência de famílias de patentes (uma mesma patente depositada em diversos países, sendo que a família indica essa “duplicidade” dos registros remetendo um a outro) na base e suas necessidades quanto a este requisito;

3. Realização de pré-teste dos descritores (termos) para verificação dos indicadores e posterior aperfeiçoamento, tendo em vista a literatura previamente levantada; 4. Avaliação por parte de especialistas quanto à pertinência dos termos levantados e

possíveis inclusões ou exclusões;

5. Estudo e levantamento da Classificação Internacional de Patentes pertinente à temática da pesquisa;

6. Elaboração da query (pergunta/estratégia de busca) para a realização das buscas na(s) base(s) de dados selecionada(s), unindo os termos e as IPC levantadas, de acordo com o recorte temporal ou de outra natureza;

7. Recuperação dos dados, utilizando-se a query, download dos dados recuperados e preparo destes para a análise;

8. Análise dos resultados quantitativamente, ou seja, contagem da recorrência do conteúdo dos campos bibliográficos das patentes:

a) Número do documento e do depósito; b) Nome do país onde foi feito o depósito; c) Data do depósito;

d) Data da publicação da solicitação da patente; e) Data da expedição da carta-patente;

f) Classificação Internacional de Patentes; g) Título;

h) Resumo;

i) Nome do depositante; j) Nome do(s) inventor(es); k) Nome do(s) titular(es);

9. Uso da análise de conteúdo como metodologia complementar para uma avaliação qualitativa dos resultados frente ao referencial teórico estudado, seus objetivos e justificativas; e,

10. Apresentação dos dados ao especialista com o objetivo de agrupá-los em categorias para uma melhor apresentação e entendimento dos resultados finais.

Através desta metodologia sugerida pode-se, portanto, realizar estudos de monitoramento tecnológico com as mais diversas abrangências e temáticas, com a consciência, e não o temor, de que a participação de especialistas é, desde logo, essencial, desde o momento da construção das perguntas e argumentos que fundamentam o pré-teste, até o momento da análise dos resultados, não sendo, porém, um impeditivo a sua realização, mas sim um aditivo.

Há, no entanto, que se destacar também a presença de controvérsias e possíveis discussões sobre tal metodologia aqui sugerida, visto que nenhum método ou técnica de pesquisa pode ser considerado um fim em si mesmo. O aspecto cuja relevância torna essa discussão prioritária diz respeito à primeira etapa do método acima sugerido: “levantamento

de bibliografia especializada pertinente à temática da pesquisa, com extração dos possíveis termos para a recuperação das tecnologias nas bases de dados de patentes”.

Essa tarefa de levantar os termos consultando-se toda uma bibliografia especializada é extremamente trabalhosa e exige perspicácia e exaustividade por parte do pesquisador, por isso, questiona-se aqui: há meios para se ultrapassar este obstáculo? Como facilitar o avanço desta etapa tendo-se a certeza de que os termos mais relevantes foram selecionados? A consulta a especialistas é de toda forma eficaz?

Espera-se poder responder a mais estes questionamentos, ou no mínimo indicar um caminho tangível e aplicável a qualquer pesquisa de monitoramento tecnológico e análise de patentes, aplicada por qualquer profissional de interesse, ao final desta pesquisa.