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Por tudo quanto fica exposto, aproveitando a menção à reforma no processo civil, aproveitamos para deixar algumas sugestões para melhoria, sendo que o ideal seria tornar conciliável a prevenção geral configurada pelo Estado e a prevenção especial face ao trabalhador.

Assim,

1. Começamos pois por sugerir que a ação possa ser iniciada, também, pelo “trabalhador”, a par com o Ministério Público, deixando pois de ser necessário o recurso ao processo comum por este último.

Caso, porém, esta proposta não possa vingar porquanto a intenção legislativa comportar um caráter Estadual pelo menos, que o trabalhador fosse parte principal na ação, por forma a ser abrangido pelo caso julgado.

2. O Ministério Público poderia representar também o trabalhador, sendo que a lei processual do trabalho assim o permitir, nos termos do artigo 6.º e 7.º do CPT. Em consequência direta do número que antecede, o resultado seria o pretendido pelo Estado, sendo que, a par dar ação especial dos acidentes de trabalho, também a ARECT é de caráter oficioso.

3. O acompanhamento obrigatório do processo pelo trabalhador. Do nosso ponto de vista, traria benefícios à produção de prova.

4. Deveria ser admita a transação das partes, em ambos os sentidos. Fossem elas apenas o Ministério Público e o empregador ou, incluísse também o trabalhador aquando a dedução de articulado próprio. Com efeito, a economia processual beneficiaria de tal possibilidade e reduzir-se-iam encargos desnecessários tanto para as partes como para o Tribunal.

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5. Em sede de julgamento, a produção de prova não se deveria limitar ao mínimo de testemunhas, devendo ser produzida tanta prova quanto a necessária, podendo falar-se aqui num processo especial mitigado;

6. A decisão não deveria ser ditada para a ata. Qualquer decisão, em sede deste processo especial, não poderá ser refletida e acompanhada da devida cautela. A admissibilidade da mesma ser ditada em sede de audiência de julgamento, traduz a ação em causa um julgamento fulminante não se afigurando, no nosso entendimento, plausível face aos contornos que a ação pode assumir.

Face ao exposto, consideramos ser possível o equilíbrio da ARECT, entre a defesa do Estado e dos trabalhadores face ao cariz coletivo da ação e à tutela individual de cada trabalhador, permitindo-se assim beneficio generalizado no acervo dos direitos.

37 II – CONCLUSÃO

De tudo quanto fica exposto, parece poder concluir-se que a expansão das competências da ACT e a criação da ação para reconhecimento da existência de contrato de trabalho parece permitir concluir a produção dos efeitos pretendidos pelo legislador. Com efeito, parece poder sustentar-se que alguns empregadores têm vindo a optar a regularização dos contratos de prestações de serviços, convertendo-os em contrato de trabalho com cariz de subordinação, nos termos do artigo 11.º do Código do Trabalho.

Não nos encontramos isolados nesta conquista, conforme se pode concluir pelos textos mencionados e redigidos pela Organização Internacional do Trabalho e das convenções realizados para o efeito. Tem sido ativa a procura da melhoria das condições de trabalho ao nível europeu.

Esperamos ainda ter sido possível demonstrar que, pese embora hajam melhorias ainda possíveis no sistema processual laboral, mas que certas alterações não se afiguram possíveis dada a própria conjetura social e económica. Nada há que possamos fazer contra a revolução tecnológica instalada e em crescimento, a não ser adaptarmo-nos. E com a adaptação, vem a mudança.

Esperamos que Portugal continue a ser exemplo no que aos direitos laborais diz respeito e que possamos alcançar, a par da comunidade europeia, uma uniformização internacional no que concerne às condições de vida e dos trabalhadores por conta de outrem.

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III - BIBLIOGRAFIA

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