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CAPÍTULO IV – RESULTADOS E DISCUSSÕES

Subcategoria 1.3 Sugestões relacionadas ao processo

Esta categoria objetivou oportunizar aos docentes espaço para manifestarem as possíveis sugestões em relação ao processo de avaliação.

Os professores consideraram importante divulgar as avaliações externas à comunidade, de modo a conscientizá-la para a importância destes instrumentos. Além disto, ressaltaram a necessidade de diminuir a rotatividade de alunos nas escolas. Sugerem que sejam convidados professores que representem as escolas para colaborar na elaboração das provas e na construção da matriz de referência. Também destacam a necessidade do engajamento da equipe escolar na preparação dos alunos. Ademais, sugerem que haja uma data fixa e definida com antecedência para a aplicação da prova, a padronização e divulgação dos conteúdos, “de preferência no início

do ano letivo”.

Quadro 8. Temas e verbalizações: Sugestões dos professores relacionadas ao processo

Temas Verbalizações

Conscientização da família e da comunidade

“Acredito que envolvendo a família, conscientizando-a a incentivar o aluno na construção do conhecimento. Promover maior divulgação junto à comunidade em relação à aplicação destas provas.”

Diminuir rotatividade de alunos

“Evitar a quantidade excessiva de rodízio de alunos no decorrer do ano letivo.”

Convidar professores “Que cada escola tivesse alguns professores na construção da

matriz de referência.”

Definição da data “Definir com antecedência a data da aplicação da prova.”

Padronização de conteúdos

“A primeira providência seria padronizar os conteúdos oferecidos na alfabetização.”

Divulgação dos conteúdos

“Antes de ser aplicada a Prova Brasil, fosse enviada a

programação referente ao conteúdo, de preferência no inicio do ano letivo.”

Preparação dos alunos

“Que houvesse um melhor e maior envolvimento da equipe escolar nesse processo. Que os alunos começassem a ser preparados, não somente pelos professores, mas por toda equipe escolar desde o inicio da escolarização.”

“A gente vê nosso resultado no dia-a-dia, mas de alguma forma o governo tem que saber disso então avalia né? Então... claro que a gente vai trabalhar para mostrar o resultado, mas no ambiente da escola esse não é o único fim não... para o governo pode até ser.”

Reavaliação da metodologia

Cont.

Temas Verbalizações

Adequação do vocabulário da prova

“Sabe uma coisa que não funciona nessas avaliações? As palavras utilizadas. O vocabulário que as provas usam. O vocabulário é muito difícil. Quer ver? Quando fala assim na prova... “questão subseqüente”. Meu aluno não sabe o que é isso. Ele não conhece o significado da palavra subseqüente não”.

Avaliação nos moldes da Prova Brasil

“(...) Já em 2008 houve uma preocupação em melhorar o

desempenho na prova e a escola passou a modificar as avaliações bimestrais, colocando-as nos moldes da prova Brasil com

questões de múltipla escolha

Aplicação de simulados

“Outro fator importante foi a aplicação de simulados para testar o nível de conhecimentos dos alunos e corrigir algumas falhas. (...) O que é cobrado como matéria de estudo para Prova Brasil nem sempre é concluído pelo professor durante o ano como: Geometria , Sistema de medidas. E o professor precisa concluir esses conteúdos antes da aplicação da prova para que o aluno pelo menos entenda a questão”.

Acesso às provas “Os professores poderiam ter acesso às provas a serem aplicadas,

também depois”.

“Aproveitar as provas para serem trabalhadas as dificuldades que os alunos tiveram para que possam ter melhor aproveitamento escolar”.

Trabalhar dificuldades

Quando indagados sobre o que poderia ser modificado no processo para que os resultados da avaliação externa fossem mais bem compreendidos pelos atores da escola, os professores sinalizaram a necessidade de melhor divulgação. Mais do que comprometer a escola, seria necessário envolver outras pessoas tais como as famílias e a comunidade. Segundo uma das professoras, a família deveria ser informada sobre a avaliação: “Acredito

que envolvendo a família, conscientizando eles a incentivar o aluno na construção do conhecimento. Promover maior divulgação junto à comunidade em relação à aplicação destas provas”.

Nesse processo de integração, a participação das famílias junto à escola seria uma forma de tornar o processo educativo um compromisso de todos junto à escola como forma de aumentar a responsabilidade social com a educação. As cobranças de pais e/ou responsáveis por melhores desempenhos projetadas sobre a escola seriam amenizadas se fossem assumidas por todos (governo, escola, pais e sociedade), é o que relata uma das professoras. Vianna (2005) defende que:

a presença da família deve ser algo constante no contexto escolar. A ação da escola na educação é incompleta se não houver correlata atuação da família. A qualidade da educação resulta de uma ação interativa de ambas as instituições – escola e família. Daí a importância da avaliação estabelecer nexos entre uma e outra variável (p. 95).

Além disso, os professores destacaram que, para atingir o efeito esperado pelo governo, seria importante que houvesse a participação deles no processo desde a construção até a divulgação dos resultados. Isso permitiria melhor compreensão do todo e auxiliaria o trabalho intra-escolar.

Outro aspecto destacado pelos professores está relacionado às condições das escolas quanto ao número e diversidade de alunos. Um fator que contribuiria bastante como forma de amenizar as disparidades no desempenho seria “evitar a quantidade excessiva de

rodízio de alunos no decorrer do ano letivo”.

A partir da década de 90, o ingresso de crianças e jovens no Ensino Fundamental aumentou consideravelmente. Com o lema “Toda criança na escola”, o governo alcançou em 1995 uma marca 97% das crianças de 7 a 14 anos de idade matriculadas no Ensino Fundamental. Em 2005, esse percentual alcançou 97,3% de matrículas72. Esses números demonstram esforço governamental em dar acesso à educação a todas as crianças em idade escolar. A política é positiva, contudo, do ponto de vista dos professores, esta política

“inchou as escolas.” Dessa forma eles contestam e afirmam que esses números não

representam qualidade: “E a qualidade será medida quando houver Prova Brasil aplicada

aqui na escola”.

Outro ponto destacado por eles é necessidade de padronização dos conteúdos da avaliação a fim de que os testes “contemplassem os conteúdos oferecidos desde a

alfabetização”, ou seja, definição de um currículo e parâmetros de aprendizado para os

alunos em cada um dos estágios escolares. Estes pontos foram bastante destacados pelos professores. Eles acreditam que o “gargalo” do sistema de avaliação está na falta de informação e formação para lidar com o processo.

      

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Além disso, as condições das escolas, de acordo com os professores, são bastante diferentes, o que impactaria diretamente no desempenho dos alunos. Situações do cotidiano da escola, como os ANEEs, o número de alunos nas salas de aula, as diferenças socioeconômicas desses alunos não seriam levadas em consideração quando da composição do processo avaliativo, o que, na opinião dos professores, deveria ser mais bem observado.

Embora os professores percebam que é importante realizar a avaliação externa, eles ainda acreditam que mudanças na metodologia são necessárias, visto que: “o formato

da avaliação em consonância com o que fazemos na escola também divergem e isso influencia diretamente no desempenho de nossos alunos”.

Além do que já foi sinalizado na descrição desta categoria, encontramos gestores e professores preocupados com este processo no seu contexto escolar. Uma das professoras relatou que, em sua escola, a equipe tem se preparado para o exame. “Na nossa escola

prova Brasil na primeira vez que foi aplicada foi utilizada como colocação quem estava na frente da nossa escola e quem estava atrás. Já em 2008 houve uma preocupação em melhorar o desempenho na prova e a escola passou a modificar as avaliações bimestrais, colocando-as nos moldes da prova Brasil com questões de múltipla escolha”.

Categoria 2 - Sugestões para melhoria da compreensão do processo de avaliação na