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SUJEITO P2

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ENTREVISTA COM SUJEITO PEDAGOGA 2 – P

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1 – Com relação à trajetória formativa do pedagogo que atua no contexto da educação não formal:

a) Como aconteceu a decisão ou a oportunidade de trabalhar com a educação não formal?

A minha inserção no universo da educação não-formal foi meio ao acaso. Na verdade, eu sou formada em Recursos humanos primeiramente, trabalhava nessa área e eu pensei na pedagogia como complemento da profissão que eu escolhi anteriormente. Só que assim que eu ingressei na faculdade, fui procurar um estágio na área de treinamento e desenvolvimento de pessoas, mais foi complicado conseguir uma colocação, porque além de ser uma faculdade tecnológica, era um curso relativamente novo no Brasil. Então comecei a procurar estágio em todas as áreas dentro da pedagogia, até que eu participei do processo seletivo aqui na Associação, fui selecionada e então conheci o projeto. Quando eles me contaram como funcionava o projeto, qual era o trabalho realizado aqui pela entidade, então eu já me encantei nesse momento. Ingressei, consegui o estágio e estou aqui até hoje. Na verdade, foi uma oportunidade que surgiu e eu não larguei mais.

b) Você tem alguma formação específica para trabalhar no contexto da educação não formal? Qual?

A minha formação em recursos humanos e assim com a formação em pedagogia me auxilia muito, porque a gente trabalha com qualificação profissional. Por enquanto eu não tenho especialização, acabei de iniciar um que é para tecnologia da educação.

c) De que forma você buscou ou garantiu a sua formação para atuar em espaços de educação não formal?

Na verdade, eu não busquei tudo aconteceu meio ao acaso. Mas agora com a formação em pedagogia e com minha inserção nesse contexto da educação não-formal estou buscando algumas especializações e tentando cada vez mais me adequar a esse universo.

d) De que experiências anteriores você se baseia para embasar a sua prática atual?

Baseio-me nas experiências de vida, além das práticas pedagógicas de ensino. São experiências pessoais que a gente vai vivenciando e que contribuem na formação do aluno, pois temos que desenvolver nosso aluno ao empreendedorismo, à busca pela qualificação mesmo.

e) Em sua opinião, os cursos de graduação em pedagogia têm contribuído para a preparação dos profissionais de pedagogia que atuam na educação não formal:

( ) Sim. De que forma? ( x ) Não. Por quê?

Eu acredito que não contribui também. Na verdade é assim, pelo menos na instituição em que eu me formei, o foco principal era educação infantil e a maioria das alunas já trabalhavam nessa área. Então, por exemplo, como o curso de pedagogia não me deu preparação, o que tento fazer é adequar o conhecimento e a teoria a nossa realidade aqui. Nem mesmo as publicações de revistas do setor são focadas nesse universo, a grande maioria é voltada para a educação formal, e aí entra a educação infantil e o ensino fundamental, isto é, não abrange outras áreas como EJA, educação para qualificação profissional etc.

f) Você acha importante fortalecer a discussão com a Universidade da importância da atuação de pedagogos em espaços de educação não formal?

( x ) Sim. De que forma? ( ) Não. Por quê?

Eu acho importante sim. Acho que é fundamental inclusive uma revisão em nível de currículo para a formação de novos profissionais. Eu acredito que não só o pedagogo, mas qualquer profissional de licenciatura não sai preparado para a realidade da sua profissão, ou seja, para a realidade que ele vai enfrentar no seu dia-dia. Ainda estamos muito protegidos pelas teorias, pelos conteúdos mais formais e por isso não estamos preparados para essa realidade, principalmente nós que atuamos na área da educação não-formal. Assim, além de você não sair preparado para a sua prática diária, ainda sai fragilizado por ter que adaptar aquele conteúdo para a sua realidade que é outra. Por tanto, seria primordial que a universidade repensasse a questão do currículo, pois eu acho difícil alguém que se forme em pedagogia, se ela nunca atuou no Terceiro setor ou com essa modalidade de educação não-formal, vai acabar sendo direcionado a trabalhar na educação infantil ou no ensino fundamental.

2 – Com relação à atuação do pedagogo no contexto da educação não formal: a) O que é para você trabalhar com Educação não formal?

È ai que eu me pego naquele dilema sabe, até onde nós não somos formais? Porque é assim, a gente desenvolve o plano de curso, agente desenvolve plano de aula, agente trabalha instrumentalizado nesse sentido, mas ao mesmo tempo nós não temos um direcionamento, como a lei de diretrizes e bases da educação, que nos dê um direcionamento que me diga, olha você tem que ir por aqui ou por ali, ou então isso tem que ser cumprido na sua atuação. Enfim, sem falar naquele meio termo, nós temos a liberdade de decidir o que o nosso aluno vai estudar, mas ao mesmo tempo eu sinto falta do que realmente seria necessário para esse aluno num todo. Por exemplo, nas várias entidades nós vemos muita diferença nos projetos, uns tem mais organização

outros não, você que já trabalhou no Terceiro setor acredito também que já tenha visto isso. Às vezes, acontece de estarmos atuando no mesmo projeto e cada um está trabalhando de uma forma diferente, tudo porque não temos na área da educação não- formal uma legislação específica. Uma legislação que dê uma direção a todos, cada um acaba fazendo do seu jeito, de acordo com seu estatuto ou com o que determinado programa ou projeto pede, mas até aí fica cada um por si.

b) Em sua opinião, que conhecimentos são fundamentais para desenvolver um trabalho pedagógico no campo da educação não formal?

Eu acredito que primeiro, ele tem que saber o que é a educação e qual é o papel dele aí, porque muitos profissionais que nós temos realmente são profissionais com formação técnica. Por exemplo, num curso de colocação de azulejos, dificilmente vamos encontrar um profissional da educação que também tenha essa habilidade, ou seja, essa formação técnica. Então, ele precisa conhecer e entender qual o papel dele nesse universo, ter algumas práticas, noções de metodologias, de didática para poder trabalhar com esse aluno.

3 – Com relação ao perfil profissional do pedagogo no contexto da educação não formal:

a) Existe ou não um perfil necessário para que o pedagogo desenvolva um trabalho educativo em espaços de educação não formal? Se sim qual seria esse perfil?

Eu acho que depende. Depende justamente por essa ainda indefinição da atuação da educação não-formal. Tem o que a gente considera ideal, mas é muito relativo, nem todas as entidades trabalham com pedagogos por exemplo. Na verdade, esse perfil está mais relacionado com o que a instituição desenvolve, porque é aí que você tem que se adequar. Agora falando com uma visão de projeto, cada projeto você vai atuar de uma forma diferente, por causa das suas especificidades. Às vezes, você tem que ser polivalente, pois além de se preocupar com a área pedagógica, da educação, você precisa também se preocupar com a área administrativa, em procurar um espaço, em

como recrutar os jovens, em pensar onde comprar um lanche de acordo com averba que você tem. Enfim, são várias coisas que vai depender do projeto, da entidade etc.

4 – Com relação aos fatores que dificultam a ação pedagógica no contexto da educação não formal:

a) Quais as principais dificuldades encontradas na prática pedagógica no contexto da educação não formal?

Eu sinto falta de parâmetros gerais. A minha atuação aqui é mais voltada para o desenvolvimento de planos de cursos, apostilas, e o que sinto falta são de parâmetros gerais, alguma diretriz que fosse igual para todo mundo, igual como é a educação não- formal.

5-Com relação à formação continuada no contexto da educação não formal:

a) Você acha importante a participação em cursos de formação continuada no campo da educação não formal?

( x ) Sim ( ) Não

b) Existe algum incentivo por parte da instituição onde você trabalha para participar de cursos desse tipo:

( x ) Sim ( ) Não

c) Como os cursos de formação continuada contribuem na sua prática no contexto da educação não formal?

Contribuem para a reflexão, para a reconstrução de conceitos, de outros valores, discussão das práticas, aperfeiçoamento do que é desenvolvido, tudo isso é fundamental.

d) Deseja fazer algum comentário?

Na verdade, a gente busca atingir o que muitas vezes a educação formal não alcança. Então, por exemplo, o perfil dos nossos alunos, de 60 a 70% dentro da Fundação Casa, não tem o fundamental completo, muitos não lêem, nem escrevem, muitos não terminaram os estudos, são de famílias de baixa renda, com renda de um salário mínimo para 5 ou 6 pessoas. Então, realmente buscamos atingir esses jovens para mostrar um mundo que não se resume a sua comunidade. Teve um projeto que realizamos um tempo desses, não lembro o ano, que levamos os alunos para conhecerem a Av. Paulista aqui em São Paulo, pois eles nunca haviam saído da comunidade. Esse foi um momento de ampliar o horizonte deles, de mostrar a eles que existem outras possibilidades, que eles podem também ser empreendedores ali dentro da comunidade mesmo.

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