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5 ASPECTOS METODOLÓGICOS

5.3 Sujeitos da Pesquisa

Foram entrevistadas a coordenadora do Departamento de Atenção Básica (DAB) do município e uma apoiadora institucional. Essas entrevistas visaram identificar a compreensão desses sujeitos sobre o processo de implantação e gestão das Unidades e Equipes de Saúde da Família, bem como da Política de Atenção Domiciliar no município. Além disso, estas entrevistas foram necessárias para a estruturação da seleção e contato com os profissionais participantes da pesquisa.

Considerando que a AD1 não está implantada nas equipes das Unidades Básicas de Saúde sem Saúde da Família, conforme entrevista com a coordenadora do DAB, as mesmas não participaram desta pesquisa. Deste modo, o presente

estudo restringiu-se à avaliação do grau de implantação da AD1 nas equipes de Saúde da Família do município selecionado.

A coordenação do Departamento de Atenção Básica indicou 10 equipes de Saúde da Família que apresentam bom desempenho de acordo com o monitoramento realizado pelo apoio institucional, além de cumprirem os critérios estabelecidos em relação ao tempo de consistência da equipe (mínimo de 6 meses) e de realização de visitas domiciliares (experiência de pelo menos dois meses em Atenção Domiciliar Tipo 1). Além disso, tais equipes estavam vinculadas às equipes de Saúde Bucal.

A seleção das equipes também levou em consideração o vínculo institucional dos profissionais e a diversidade encontrada entre as regiões de saúde, com perfil socioeconômico e epidemiológico singulares. No primeiro caso, identificou-se que os profissionais das equipes de Saúde da Família eram estatutários, com exceção da categoria médica. Entre estes, encontravam-se profissionais com vínculo temporário (REDA, Programa de Valorização da Atenção Básica - Provab, Programa Mais Médicos) e estatutários. Assim, participaram da pesquisa equipes com vínculos empregatícios distintos.

Em relação às regiões de saúde, atentou-se para as características populacionais (rural, urbana e litorânea), as quais apresentavam desafios específicos para as EqSF. Deste modo, as equipes foram distribuídas da seguinte forma: Distrito Sede: 4 equipes (distribuídas em 3 Regiões de Saúde); Distrito de Monte Gordo: 1 equipe (pertencente a 01 Região de Saúde).

Ao final, diante da disponibilidade e interesse, participaram desta pesquisa 05 equipes de Saúde da Família completas, vinculadas a equipes de Saúde Bucal, que desenvolvem a Atenção Domiciliar Tipo 1, no município de Camaçari. As equipes pesquisadas são compostas predominantemente por profissionais estatutários. Os profissionais médicos apresentavam diferentes vínculos empregatícios. Essa diversidade foi intencionalmente contemplada na amostra, de modo a permitir a heterogeneidade de experiências. Em todas as equipes, foram entrevistados no mínimo 2 profissionais, sendo os mesmos de nível superior (médico e enfermeira). As variações na quantidade e formação dos sujeitos dizem respeito à participação de ACS, técnicos de enfermagem e odontólogas nas entrevistas.

Quadro 03: Equipes de Saúde da Família participantes da pesquisa e métodos de coleta de dados

Equipes de Saúde da

Família

Entrevistas Categorias Observações de Atenção Domiciliar

EqSF 1 4 Enfermagem Medicina

ACS

--

EqSF 2 3 Enfermagem Medicina

ACS

01 observação

EqSF 3 3 Enfermagem Medicina

Odontologia -- EqSF 4 5 Medicina Enfermagem Técnico de enfermagem Odontologia ACS 03 observações EqSF 5 2 Medicina Enfermagem 01 observação

Total: 17 entrevistas 05 situações observadas

Foram realizadas 05 observações de visitas domiciliares realizadas pelos profissionais das equipes, distribuídas da seguinte forma: médicos (3), ACS (1), técnica de enfermagem (1). Não houve observação de visita realizada por enfermeira e pelas equipes de duas unidades de saúde, por incompatibilidade de horários entre o turno destinado a Atenção Domiciliar e agenda da pesquisadora, pela preocupação dos profissionais com a autorização dos usuários, ou por recusa do profissional.

Por sua vez, foram entrevistados 17 profissionais de saúde distribuídos da seguinte forma: a maioria é do sexo feminino (76,5%), com média de idade de 39,8 anos (variando entre 27 e 63 anos), atuando na Atenção Primária à Saúde em média há 10,4 anos (variando entre 08 meses e 25 anos de inserção), e especificamente na APS de Camaçari, em média 7,8 anos (com variação entre 06 meses e 25 anos). No que diz respeito à categoria profissional, foram entrevistados 03 Agentes Comunitários de Saúde, 01 Técnica de Enfermagem, 02 odontólogas, 06 médicos e 05 enfermeiras, pertencentes a 06 equipes de Saúde da Família. Entretanto, para

avaliar o grau de implantação da AD1, serão analisadas as entrevistas de apenas 05 EqSF, na medida em que uma equipe estava incompleta no momento da pesquisa.

Em relação aos profissionais de nível superior, 8 (42%) possuem, ou estão realizando, especialização ligada à Atenção Primária à Saúde ou Saúde Pública (Saúde da Família, Saúde Pública, Medicina de Família e Comunidade). Além disso, 8 profissionais (42%) possuem outras especialidades em campos do saber presentes na assistência ou gestão de serviços de saúde (pediatria, cardiologia, ginecologia e obstetrícia, saúde do trabalhador e auditoria em serviços de saúde). Por fim, aponta-se que alguns profissionais possuem mais de uma especialização (4), enquanto outros não são pós-graduados (3).

Por fim, 02 usuários e 02 cuidadores foram entrevistados, com o objetivo de identificar, na visão desses sujeitos elementos complementares sobre o processo de implantação da Atenção Domiciliar Tipo 1. A seleção desses indivíduos obedeceu aos seguintes critérios de inclusão:

 Apresentar condição crônica de adoecimento, com restrição de locomoção até uma unidade de saúde.

 Ser acompanhado (como usuário ou principal cuidador) em Atenção Domiciliar Tipo 1 há pelo menos 2 meses.

Apesar de terem sido realizadas entrevistas com usuários, estas não foram utilizadas como material de análise do grau de implantação da AD1 no município. A decisão foi tomada após análise do contexto no qual foram realizadas as entrevistas. Assim, concluiu-se que houve viés de seleção. As famílias foram selecionadas pelos ACS e agendadas de acordo com a disponibilidade destes. Durante as entrevistas, apesar de solicitado a permanência apenas da entrevistadora e dos usuários no recinto, não houve privacidade e os ACS mantiveram-se presentes ou bastante próximos do espaço onde ocorreu a entrevista, algumas vezes interrompendo e opinando na fala do usuário. Ademais, as entrevistas trouxeram poucas contribuições à proposta de trabalho.

Todos os sujeitos participantes da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice F), atendendo as determinações da Resolução 466/12, do Conselho Nacional da Saúde.