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Esta investigação foi desenvolvida junto aos professores(as) e alunos(as) do Ensino Médio e Profissional da Escola Estadual de Ensino Médio São Vicente, com o objetivo de investigar quais os valores éticos que estão permeados na prática docente, bem como as dificuldades e maneiras da inserção de outros valores éticos na prática docente, numa perspectiva de educação cidadã.

A participação dos sujeitos da pesquisa ocorreu de forma espontânea, livre, contemplando os professores(as) que estavam em ativo trabalho perante os alunos(as), nos turnos da manhã e da noite, momento em que os sujeitos exerciam suas atividades profissionais e com os alunos(as) do Ensino Médio e Profissional.

O grupo de professores(as) que, efetivamente, participou da investigação, representou um percentual de 50% em relação ao total de docentes do Ensino Médio e Profissional da Escola, ou seja, dezesseis (16) entrevistados, abrangendo as seguintes formações: Letras - Licenciatura Plena, habilitações em Inglês, Espanhol e Literatura Brasileira (05), Química (01), Matemática (01), Administração (01), Odontologia (01), Direito (02), Pedagogia (02), Geografia (02), Biologia (01).

O montante de alunos(as) que participou dos trabalhos representou 47% das turmas do Ensino Médio e Profissional, ou seja, oito (8) turmas da instituição, entre elas: 1ª, 2ª e 3ª séries do Ensino Médio e 1ª e 2ª etapas do Ensino Profissionalizante.

Os depoimentos contribuíram sobremaneira para o enriquecimento das discussões que se realizaram em torno do tema, o qual está, também, contemplado, no projeto político-pedagógico da instituição, que evidencia a preocupação com a formação em valores éticos e o preparo para a convivência social, pois, no espaço das relações cotidianas estão presentes alguns contra-valores como o desrespeito, a agressividade, os diferentes preconceitos, entre outros, que são pontos geradores ou pretextos para a violência e depõem contra uma formação em valores éticos.

Justifica-se a opção pelo Ensino Médio e Profissional devido ao reduzido número de pesquisas relacionadas à temática proposta, voltada para esse nível de ensino. Observa-se que elas concentram mais as investigações da educação em valores no Ensino Fundamental e Pré- Escolar. Além disso, essa realidade assemelha-se à da escola em que atuo e abrange alunos(as) cuja faixa etária caracteriza-se pela busca de afirmação, de convivência com adultos e de um contato mais efetivo com o mercado de trabalho.

As relações de trabalho, no Brasil, mudaram e surpreenderam o Ensino Médio em profunda crise de identidade. Este nível de ensino nasceu vinculado ao Ensino Superior, como um afluente que servia para conduzir seus poucos navegantes até a faculdade, com caráter preparatório. Uma das alternativas era o ensino profissional, voltado para os menos favorecidos economicamente, um pequeno córrego do qual fazem parte as escolas técnicas federais e o sistema S (Senar, Senai e Senac).

Até 1931, quando o Ensino Médio passou a ter existência formal autônoma, ele não era sequer condição necessária para ingresso numa faculdade. Na época, fazia-se um curso preparatório em casa. Em 1971, isso mudou e houve, então, a imposição da profissionalização obrigatória.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, editada em 1996, começou a pôr fim neste caráter dualista. O Ensino Médio deixou de ser um apêndice do curso superior e juntou-se ao Ensino Fundamental e Educação Infantil para formar a Educação Básica. A partir de 1998, através dos Parâmetros Curriculares Nacionais, cada escola teve que construir o seu plano político-pedagógico e o currículo, propriamente dito.

Nos últimos anos, a busca pelo Ensino Médio noturno praticamente restringe-se a alunos(as) que precisam trabalhar e estudar ao mesmo tempo, com um projeto de vida bem mais complexo do que aquele protegido pela família. São donos de uma autonomia conquistada a duras penas, possuem relações de trabalho, familiares e sociais diferenciadas, por isso não querem nem pensar em falhar nos estudos novamente. Na verdade, estes jovens conhecem, na prática, a noção de competência, sabem que precisam exercitar habilidades para manterem seus postos no mundo do trabalho.

Competência, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, é dominar a língua, compreender fenômenos, tomar decisões, construir

argumentos e, principalmente, intervir na realidade. Este é o verdadeiro exercício da cidadania.

A formação profissional no Brasil teve um caráter assistencialista, marca de toda sua história. O primeiro esforço para o profissionalismo data de 1809, quando se criou o Colégio das Fábricas, e em 1816 a Escola de Belas Artes, com o propósito de articular o ensino das ciências e do desenho para os ofícios mecânicos. Bem depois, em 1861, através de Decreto Real, foi organizado o Instituto Comercial do Rio de Janeiro. A partir da década de 40 do século XIX, foram construídas dez casas de Educandos e Artífices, sendo a primeira delas em Belém do Pará, com o objetivo de atender menores abandonados e, com isso, diminuir a criminalidade e a desocupação. Posteriormente, com o Decreto Imperial de 1854, criava-se estabelecimentos especiais para menores abandonados, chamados Asilos da Infância dos Meninos Desvalidos, que eram alfabetizados e encaminhados para oficinas públicas e particulares, fiscalizados pelo juizado de órfãos.

No início do século XX, o ensino profissional continuou mantendo o traço assistencial do período anterior, voltado para os menos favorecidos socialmente e os abandonados.

Em 1906, o ensino profissional passou a ser atribuição do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, consolidando uma política de incentivo ao desenvolvimento do ensino nessas áreas. Em 1910, instalou- se dezenove Escolas de Aprendizes Artífices, voltadas basicamente para o ensino industrial, custeado pelos Estados. No mesmo ano, foi reorganizado o ensino agrícola no País para formar chefes de cultura, administradores e capatazes. Foram, ainda, instaladas várias escolas- oficinas, destinadas à formação profissional de ferroviários.

Na década de 20, a Câmara dos Deputados promoveu debates sobre o ensino profissional, expandindo a todos, ricos e pobres, e não apenas aos desfavorecidos, o direito a este tipo de formação.

Em 1931, foi criado o Conselho Nacional de Educação. No ano de 1942, com a reforma educacional através de decretos federais, começaram a ser estruturados cursos voltados à profissionalização.

Na década de 60, uma série de experimentos educacionais orientados para a profissionalização de jovens foi implantada, como o GOT e o PREMEN.

Após esta modalidade de ensino passar por problemas como carga horária não apropriada, falsa imagem de profissionalização para a empregabilidade, sem respaldo do interesses das demandas reais da sociedade, a educação profissional deixou de ser responsabilidade das instituições especializadas e recaiu para o sistema público estadual, o qual não teve o apoio necessário para oferecer um ensino profissional de qualidade, compatível com as exigências de desenvolvimento do país.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n. 9.394/96, dispõe que a educação profissional, integrada às diferentes formas de educação ao trabalho, à ciência e à tecnologia possa conduzir diferentes aptidões para a vida produtiva. Após a conclusão do Ensino Médio, última etapa da formação geral básica, é oportunizada a formação profissional, a qual poderá ocorrer em nível básico, técnico e tecnológico. A diferença entre estes níveis reside nas exigências de pré-requisitos, tipos de competências, currículos e carga horária.

Esses elementos irão definir o perfil de qualificação das pessoas, o nível de competência e o campo de atuação de cada profissional.

O melhor antídoto é despertar para a solidariedade, por meio de ações concretas na realidade. Mas não basta agir. É fundamental tomar consciência do papel que cada um pode e deve ter na transformação do mundo. Para ter sentido concreto, esta competência deve dominar as outras. A soma faz com que o estudante fique preparado para agir.

Com base nesse enfoque, no Ensino Médio e Profissional, apreciei aspectos da vida e do trabalho docente em relação à disseminação de valores éticos em suas práticas, porque esses, como todos os grupos humanos, têm seus próprios valores, que podem ser diferentes dos de qualquer outra pessoa. Alguns são indispensáveis na prática docente e para uma convivência humana aceitável, como o respeito, a tolerância, a lealdade, transparência, diálogo, honestidade, sinceridade, cooperação e solidariedade.

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