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ANEXO – Classificação Bibliográfica 

SUMÁRIO

    1 INTRODUÇÃO ... 12  1.1 APRESENTAÇÃO... 12  1.2 TRILHA METODOLÓGICA ... 15    2 DIÁLOGOS TEÓRICOS ... 17  2.1 CULTURA POPULAR ... 17  2.2 LITERATURA POPULAR... 23  2.2.1 Literatura Popular Escrita: o Cordel ... 23  2.3 SEMIÓTICA E LINGUAGEM... 29  2.4 AS CLASSIFICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS... 41    3  CLASSIFICAÇÕES DA LITERATURA DE CORDEL ... 55    4 CLASSES TEMÁTICAS DA LITERATURA DE CORDEL ... 84  4.1 PRELIMINARES ... 84  4.2 IDENTIFICAÇÃO DOS TEMAS E FIGURAS EXTRAÍDOS DOS FOLHETOS DE CORDEL .. 85  4.2.1 Folhetos analisados por classe ... 188  4.2.2 Semântica discursiva: temas e figuras ... 190  4.2.3 Descrição das classes temáticas... 253    5 CLASSIFICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA DA LITERATURA DE CORDEL: proposta ... 257    6 CONCLUSÃO ... 259    REFERÊNCIAS... 261  ANEXO – Classificação Bibliográfica ... 311  APÊNDICE – Folhetos de Cordel ... 320           

1 INTRODUÇÃO   

 

1.1 APRESENTAÇÃO 

 

Na  atualidade,  a  sociedade  exige  que  as  Universidades  possibilitem  a  seus  formandos  uma  visão  globalizada,  analítica  e  crítica,  integradas  ao  conhecimento  específico  de  outras  áreas  do  saber.  Para  tanto,  exige  de  seus  mestres  um  maior  relacionamento com profissionais de outras áreas do conhecimento, o que a própria  Universidade pode proporcionar. 

Os  Programas  de  Pós‐Graduação  na  Universidade  Federal  da  Paraíba  –  UFPB,  por exemplo, são reconhecidos pela qualidade das pesquisas desenvolvidas em várias  áreas  do  conhecimento  por  grupos  atuantes.  As  atividades  de  pesquisa  vão  desde  o  envolvimento de alunos em vários níveis, da iniciação científica até o doutorado, em  que  a  multidisciplinaridade,  a  interdisciplinaridade  e  a  cooperação  nacional  e  internacional  são  estimuladas.  Os  projetos  e  seus  resultados  são  relevantes  à  sociedade  local,  nacional  e  internacional,  apesar  de  existir  uma  política  nacional  de  educação  desenvolvida  nos  últimos  anos,  refletida  pela  redução  do  investimento  público nas universidades e desvalorização do trabalho docente. 

No  período  de  1980  a  1983,  concluímos  o  Curso  de  Letras  na  Universidade  Católica  de  Pernambuco  –  UNICAP  e,  concomitantemente,  fizemos  o  Curso  de  Biblioteconomia  na  Universidade  Federal  de  Pernambuco  –  UFPE,  entre  os  anos  de  1982 e 1985. Em 1988, inscrevemo‐nos no Curso de Mestrado em Biblioteconomia da  UFPB e enquanto desenvolvíamos pesquisas e estudos para elaboração da dissertação,  em 1989, prestamos concurso público para o provimento do cargo de professora no  Departamento  de  Biblioteconomia  e  Documentação  –  DBD  da  UFPB  para  ministrar  disciplinas  na  área  de  Indexação  no  Curso  de  Biblioteconomia.  Esta  área  envolve  inúmeros  processos  para  recuperação  de  informação.  A  indexação  passou  a  exercer  um  grande  fascínio,  passamos  então  a  ministrar  e  a  pesquisar  nesta  área.  Assim,  as  inquietações começaram a surgir. 

A  Pós‐Graduação  em  Biblioteconomia  (1977‐1996)  e,  posteriormente,  em  Ciência da Informação (1997‐2001) na UFPB tem uma tradição histórica que deve ser  considerada  e  foi  reestruturada,  tendo  como  área  de  concentração  –  Informação,  Conhecimento  e  Sociedade,  com  duas  linhas  de  pesquisa,  na  qual  destacamos  Memória,  organização,  acesso  e  uso  da  informação  que  tem  a  seguinte  ementa:  Preservação  da  memória.  Representação  de  informação  e  de  conhecimento.  Web  semântica. Acessibilidade, usos e impactos da informação. 

Nesse  sentido,  buscamos  um  Curso  de  Doutorado,  cujo  objeto  de  estudo   contribuisse  tanto  para  a  área  de  Letras  quanto  para  a  de  Biblioteconomia  e  a  de  Ciência da Informação. Assim, motivada por este interesse, encontramos no Programa  de Pós‐Graduação em Letras da UFPB a área de concentração “Literatura e Cultura”,  apontando alternativas conceituais, teóricas e metodológicas, para a linha de pesquisa  “Memória e Produção Cultural”. 

Verificamos,  ainda,  que  o  Departamento  de  Letras  Clássicas  e  Vernáculas  da  UFPB, através do Programa de Pesquisa em Literatura Popular – PPLP, criou um Centro  de Documentação na Biblioteca Central, com o objetivo de difundir a literatura popular  em  suas  mais  variadas  formas:  literatura  de  Cordel,  Poesia  Oral  Tradicional  e  Conto  Popular. No entanto, falta‐lhe o devido tratamento técnico para sua recuperação.  

Todo  processo  de  recuperação  da  informação  começa  no  tratamento  técnico  dos  itens  para  depois  serem  disponibilizados  para  a  circulação  (empréstimo  e/ou  consulta). Para recuperar um determinado material informacional, no caso o folheto  de cordel, o usuário precisa que o folheto esteja descrito conforme certos padrões de  organização de forma a permitir sua localização. Em um Sistema de Recuperação da  Informação (SRI), destacamos três etapas principais: a indexação, o armazenamento e  a recuperação propriamente dita. No entanto, é a indexação, etapa primordial, em que  o tema principal do documento é identificado, para a efetividade e eficácia do sistema,  pois permite reunir todos os documentos de um mesmo assunto sob um único tema,  tornando maximizada a chance de o usuário recuperar todos os itens de um mesmo  assunto. 

Ao  conhecermos  o  Centro  de  Documentação  do  PPLP  e  durante  a  pesquisa,  outras  unidades  de  informação,  denominadas  por  muitas  de  Cordeltecas,  por  terem  em  seus  acervos  coleções  de  folhetos  de  cordel,  observamos  que  não  atendiam  aos 

padrões  de  organização,  armazenagem  e  recuperação.  Os  folhetos  de  cordel  eram  armazenados  e  organizados  em  ordem  alfabética  de  título,  em  sua  maioria  e  em  outras,  por  autor  (poeta),  o  que  dificulta  a  sua  recuperação  precisa,  uma  vez  que  o  conteúdo do folheto não é analisado em profundidade. Para organizar tecnicamente a  informação  em  acervos  especializados,  como  é  o  caso  da  literatura  popular,  é  necessário se criarem formas de representação e recuperação mais eficazes. 

Reconhecendo  a  importância  da  Literatura  de  Cordel,  enquanto  patrimônio  histórico  e  cultural  do  povo,  principalmente  do  nordestino  brasileiro,  optamos  pelo  estudo  deste  tipo  de  literatura  e  pelo  seu  tratamento  para  recuperação  nos  acervos  das bibliotecas. 

Assim,  o  estudo  reside,  essencialmente,  em  analisar  os  temas  tratados  na  literatura  popular,  especificamente  nos  “folhetos  de  cordel”,  visando  à  expansão  da  classe  de  Literatura  nas  Classificações  Bibliográficas,  considerando  que  a  classe  de  Literatura não atende aos parâmetros teórico‐conceituais da Literatura Popular. 

Investigar  os  diversos  temas  da  Literatura  Popular  de  Cordel  a  partir  do  conhecimento  produzido  é  um  desafio,  pois  tudo  nos  leva  a  crer  que linguagens  em  estilos diferentes podem transmitir o mesmo conteúdo e uma classificação precisa é  um dos primeiros passos da descrição científica. 

É  importante  assinalar  que  os  folhetos  de  cordel  tratavam  e  tratam  de  uma  diversidade muito grande de temas. Alguns estudiosos os classificam por “tipologias”,  por  “ciclos  temáticos”  e  por  “gêneros”.  É  este  universo  de  múltiplos  temas,  como  o  romance,  a  valentia,  o  gracejo,  o  desafio,  o  encantamento,  o  heroísmo,  a  religião,  a  moral,  a  sátira,  o  acontecimento,  a  história  etc.,  que  é  estudado,  neste  trabalho  e  debatido  em  ciclos  literários  como  manifestação  da  cultura  popular  e  não  como  gênero literário. 

A  leitura  sobre  a  literatura  de  cordel  tornou  ainda  mais  acentuada  esta  questão. Os temas deste tipo de Literatura são estudados por folcloristas, sociólogos,  antropólogos,  que  apresentam  classificações  das  mais  diversas  e  algumas  vezes  contraditórias.  

A  literatura  de  cordel  revela  a  luta  de  classes,  o  fosso  que  as  separa  e  o  imaginário  popular  que  fortifica  o  dia  a  dia  das  pessoas.  Assim,  refletir  acerca  da 

natureza e da função da literatura popular através dos folhetos de cordel, é estudar o  processo de evolução cultural do homem, é estudar a arte por ele mesmo produzida.  

O  objetivo  geral  da  tese  foi  analisar,  do  ponto  de  vista  da semiótica  da  discursivização, o nível mais superficial do percurso gerativo da significação, proposto  por Greimas da Escola Semiótica de Paris, os temas utilizados na Literatura Popular de  Cordel,  visando  à  expansão  da  classe  de  Literatura  nas  Classificações  Bibliográficas.  Para  atingi‐lo,  caracterizamos  os  folhetos  de  cordel  do  acervo  do  Programa  de  Pesquisa em Literatura Popular ‐ PPLP; mapeamos os temas mais usados nos folhetos  de  cordel,  levando  em  conta  a  tipologia  e  os  ciclos  temáticos;  identificamos  os  conceitos  atribuídos  aos  temas  e  relacionamos  os  descritores,  de  acordo  com  as  classes hierárquicas por categorias temático‐figurativas. 

Partimos da hipótese de que os temas tratados na Literatura Popular de Cordel  possibilitam  a  expansão  da  classe  de  Literatura  Popular  nas  Classificações  Bibliográficas,  considerando  que  os  ciclos  temáticos  da  Literatura  Popular  de  Cordel  contam com descritores que levam a uma classificação bibliográfica, através da análise  dos temas presentes nos folhetos de cordel.       1.2 TRILHA METODOLÓGICA      O embasamento teórico norteia inicialmente a cultura popular e, dentro desta, 

a  literatura  popular  como  forma  de  representação  da  identidade  de  um  povo,  considerando  o  conceito,  a  origem  e  as  classificações  propostas  por  diferentes  estudiosos para esse tipo de literatura. Vimos também como necessária uma proposta  teórica que permitisse a análise dos folhetos. A escolha recaiu então sobre a semiótica  de linha greimasiana, que desde suas origens vem sendo aplicada na análise dos textos  populares. Como exemplo, citamos os trabalhos desenvolvidos sobre o conto popular,  por  um  dos  seus  fundadores,  Courtés  e,  ainda  aqueles  realizados  no  âmbito  da  Universidade Federal da Paraíba, sobretudo, no Programa de Pesquisa em Literatura  Popular, sob a orientação da Profª Drª Maria de Fátima Barbosa de Mesquita Batista,  bem como, sua tese defendida na Universidade de São Paulo, aplicando esta teoria à  análise  do  romance  popular  oral;  e  por  fim  discorremos  sobre  classificações 

bibliográficas,  linguagens  utilizadas  na  organização  de  acervos  com  o  objetivo  de  agrupar documentos sob o mesmo tema.  

O corpus deste trabalho foi constituído de mil duzentos e cinquenta folhetos,  selecionados aleatoriamente, equivalentes a 25%, dos cinco mil folhetos de cordel que  constituem o acervo do Centro de Documentação em Literatura Popular, criado pelo  Programa  de  Pesquisa  em  Literatura  Popular,  cuja  fundação  ocorreu  em  1977,  por  professores do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade Federal  da Paraíba. Deste corpus foram analisadas obras de autoria de trezentos e quarenta e  cinco  poetas,  equivalentes  a  32,1%  dos  mil  e  setenta  e  três  poetas,  autores  que  figuram  neste  acervo.  Estes  folhetos,  conforme  dissemos,  eram  armazenados  e  organizados,  no  acervo,  por  ordem  alfabética  de  título,  o  que  dificultava  bastante  o  trabalho  do  pesquisador  que  muitas  vezes  chegavam  em  busca  de  temas  para  realizarem  estudos  acadêmicos  o  que  nos  motivou  a  realização  deste  trabalho.  Entretanto,  como  resultados  deste  estudo  passarão  a  ser  organizados  por  classes  temáticas a partir da identificação de temas e figuras presentes na discursivização dos  folhetos. 

Na  análise  do  corpus,  foi  considerada  como  ponto  inicial  a  análise  das  classificações  já  existentes  feitas  por  estudiosos  sobre  a  Literatura  de  Cordel,  que  consideraram  ora  “Tipologias”,  ora  “Ciclos  Temáticos”  e  ainda  “Gêneros”.  A  análise  culminou  com  a  criação  de  vinte  e  sete  classes  temáticas  consideradas  para  a  classificação bibliográfica da Literatura Popular e representadas graficamente através  de  mapas  conceituais,  como  ferramenta  para  organizar  e  demonstrar  as  relações  semânticas existentes entre os temas e figuras na composição das classes temáticas.               

2 DIÁLOGOS TEÓRICOS      2.1 CULTURA POPULAR    Iniciamos nosso diálogo com Foucault, em busca de inspiração para identificar a  origem do erudito e do popular na cultura, tema recorrente nas teorias que estudam a  evolução do pensamento moderno, antes de apresentarmos uma visão panorâmica da  literatura popular de cordel. Para Michel Foucault (1979, p. 18), identificar a origem é   

[...]  tentar  reencontrar  ‘o  que  era  imediatamente’,  o  ‘aquilo  mesmo’ de uma imagem exatamente adequada a si; é tornar  por acidental todas as peripécias que puderam ter acontecido,  todas  as  astúcias,  todos  os  disfarces;  é  querer  tirar  todas  as  máscaras para desvelar enfim uma identidade primeira [...]. O  que  se  encontra  no  começo  histórico  das  coisas  não  é  uma  identidade ainda preservada da origem – é a discórdia entre as  coisas, é o disparate.    O termo cultura vem sendo discutido nas mais diversas áreas do conhecimento  e em diversos setores da sociedade, ao longo de sua história. Para Brumes (2006, p.  64), a cultura   

Nasce  com  o  próprio  aparecimento  do  homem  [...]  quando  expressa  suas  mais  diversas  manifestações  [...]  quando  se  utilizou  das  cavernas  para  abrigar‐se  das  intempéries  climáticas  e  ali  realizou  desenhos  e  pinturas  nas  paredes  desses  abrigos;  quando  fabricou  ferramentas  primitivas;  quando  descobriu  que  poderia  se  utilizar  de  um  pedaço  de  madeira como arma, quando cultivou o solo para se alimentar  [...] manifestou assim diversas formas e elementos da cultura.   

Originalmente, o termo cultura nasce do latim colere utilizado para o cultivo ou  cuidado  com  a  planta.  Na  Antiguidade,  foi  usada  pela  primeira  vez,  no  sentido  de  descrever, numa visão filosófica, a formação do homem enquanto agente no mundo à  procura  do  autoconhecimento  e  de  sua  relação  com  os  ofícios,  artes  e  expressões 

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