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4. DESAPOSENTAÇÃO

5.1 SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ

O Instituto da desaposentação, no âmbito do STJ, encontra-se pacificado, no sentido de que a aposentadoria é renunciável por se tratar de um direito patrimonial disponível, podendo o segurado recorrer a um benefício mais vantajoso.

Houve, no tribunal, uma acalorada discussão sobre a necessidade ou não do segurado devolver os valores recebidos a título de aposentadoria, ou seja, uns defendem a obrigatoriedade e outros a desnecessidade da devolução.

Ao fim, prevaleceu a tese da desnecessidade da devolução dos valores, pois tem o segurado o direito à renúncia sem a obrigação de restituir valores, “pois, enquanto perdurou a aposentadoria pelo regime geral, os pagamentos de natureza alimentar eram indiscutivelmente devidos” (REsp. 692.628/DF, sexta turma, relator o Ministro Nilson Naves, DJU de 05/09/2005). Portanto, a matéria da desaposentação encontra-se consolidada no STJ.

Observa-se que o INSS, em relação ao art. 181B, do decreto 3048/99, indeferiu a renúncia do benefício, por ter a aposentadoria caráter “irreversível” e “irrenunciável”. Por outro lado, o STJ negou a aplicação do referido decreto, entendendo que a renúncia é da natureza do direito que somente poderia ser restringido por lei. (REsp. 310884/RS; REsp. no. 497683/PE, RMS no. 14624/RS).

Seguem, abaixo, algumas ementas de julgados do STJ:

PREVIDENCIÁRIO. MUDANÇA DE REGIME PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA À APOSENTADORIA ANTERIOR COM O APROVEITAMENTO DO RESPECTIVO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. POSSIBILIDADE. DIREITO DISPONÍVEL. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PAGOS. NÃO- OBRIGATORIEDADE. RECURSO IMPROVIDO.

1. Tratando-se de direito disponível, cabível a renúncia à aposentadoria sob regime geral para ingresso em outro estatutário. 2. “O ato de renunciar a aposentadoria tem efeito ex nunc e não gera o dever de devolver valores, pois, enquanto perdurou a aposentadoria pelo regime geral, os pagamentos, de natureza alimentar, eram indiscutivelmente devidos” (REsp 692.928⁄DF, Rel. Min. NILSON NAVES, DJ de 5⁄9⁄05).

3. Recurso especial improvido (Resp 663.336⁄MG, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 6⁄11⁄2007, DJ 7⁄2⁄2008 p. 1). AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. ANÁLISE DE DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. INVIABILIDADE. COMPETÊNCIA DO EXCELSO PRETÓRIO. APOSENTADORIA. DIREITO PATRIMONIAL DISPONÍVEL. RENÚNCIA. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES.

à análise de dispositivos da Constituição da República, ainda que para fins de prequestionamento, sob pena, inclusive, de usurpação de competência da Suprema Corte.

2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem reiteradamente se firmado no sentido de que é plenamente possível a renúncia à aposentadoria, por constituir direito patrimonial disponível.

3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.055.431 – SC (2008⁄0102846-1), Rel. Ministro Og Fernandes, SEXTA TURMA, julgado em 15/10/2009).

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA NO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. DIREITO DE RENÚNCIA. CABIMENTO. POSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DE CERTIDÃO DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO PARA NOVA APOSENTADORIA EM REGIME DIVERSO. NÃO-OBRIGATORIEDADE DE DEVOLUÇÃO DE VALORES RECEBIDOS. EFEITOS EX TUNC DA RENÚNCIA À APOSENTADORIA. JURISPRUDÊNCIA DO STJ. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. A renúncia à aposentadoria é perfeitamente possível, por ser ela um direito patrimonial disponível. Sendo assim, se o segurado pode renunciar à aposentadoria, no caso de ser indevida a acumulação, inexiste fundamento jurídico para o indeferimento da renúncia quando ela constituir uma própria liberalidade do aposentado. Nesta hipótese, revela-se cabível a contagem do respectivo tempo de serviço para a obtenção de nova aposentadoria, ainda que por outro regime de previdência. Caso contrário, o tempo trabalhado não seria computado em nenhum dos regimes, o que constituiria uma flagrante injustiça aos direitos do trabalhador. 2. O ato de renunciar ao benefício, conforme também já decidido por esta Corte, tem efeitos ex tunc e não implica a obrigação de devolução das parcelas recebidas, pois, enquanto esteve aposentado, o segurado fez jus aos seus proventos. Inexistindo a aludida inativação onerosa aos cofres públicos e estando a decisão monocrática devidamente fundamentada na jurisprudência desta Corte, o improvimento do recurso é de rigor. 3. Agravo regimental improvido. (AgRg no Resp 328.101⁄SC, Relatora Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Dje de 20⁄10⁄2008)

PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. RENÚNCIA A BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. POSSIBILIDADE. DIREITO PATRIMONIAL DISPONÍVEL. ABDICAÇÃO DE APOSENTADORIA POR IDADE RURAL PARA CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR IDADE URBANA. 1. Tratando-se de direito patrimonial disponível, é cabível a renúncia aos benefícios previdenciários. Precedentes. 2. Faz jus o Autor à renúncia da aposentadoria que atualmente percebe – aposentadoria por idade, na qualidade de rurícola – para o recebimento de outra mais vantajosa – aposentadoria por idade, de natureza urbana. 3. Recurso especial conhecido e provido. (Resp 310.884⁄RS, Relatora Ministra Laurita Vaz, DJ de 26⁄09⁄2005)

RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.

APOSENTADORIA. RENÚNCIA. POSSIBILIDADE. CONTAGEM DO TEMPO DE SERVIÇO. RECURSO PROVIDO. 1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem reiteradamente se firmado no sentido de que é plenamente possível a renúncia de benefício previdenciário, no caso, a aposentadoria, por ser este um direito patrimonial disponível. 2. O tempo de serviço que foi utilizado para a concessão da aposentadoria pode ser novamente contado e aproveitado para fins de concessão de uma posterior aposentadoria, num outro cargo ou regime previdenciário. 3. Recurso provido. (RMS 14.624⁄RS, Relator Ministro Hélio Quaglia Barbosa, DJ de 15⁄08⁄2005)

Diante do exposto verifica-se que o STJ posicionou-se contrário ao argumento de que a aposentadoria seja irreversível e irrenunciável, como pressupõe o artigo 181B, do decreto 3048/99. Para que a aposentadoria tenha essas características deveria ser aprovado em forma de lei, e não como em decreto, como foi editado.

Quanto à devolução dos valores recebido, pelo segurado, durante o período que estava aposentado, o STJ decidiu ser desnecessário à referida devolução, tendo o instituto da desaposentação efeito ex nunc.

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