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CAPITULO III. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA RESERVA EXTRATIVISTA

3.7. Susceptibilidade à Erosão Hídrica e às Inundações

Para a classificação da UC à erosão hídrica, as análises foram baseadas nas características de comportamento hidrológico, formas do relevo e natureza dos processos erosivos/deposicionais associados às classes de uso do solo descritas em nosso mapeamento e no mapeamento da Amazônia elaborado pelo PROBIO/MMA (2006) na escala de 1:75.000.

As classes do mapa de cobertura e uso da terra também foram agrupadas conforme o favorecimento/inibição aos processos erosivos de natureza hídrica para cruzamento com os parâmetros geomorfológicos (tabela 1). Consideraram-se os fragmentos florestais como reguladores dos fluxos hidrológicos e erosivos, com o papel de diminuição da susceptibilidade à erosão hídrica nestas áreas. As formações pioneiras com influência marinha e/ou fluvial também foram consideradas de pouco potencial erosivo, pois estão situadas em áreas baixas do relevo onde predomina a deposição de

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sedimentos. Já os fragmentos de Savanas e áreas de contato entre Savana e Floresta Ombrófila Densa foram consideradas como áreas com potencial maior de erosão hídrica, devido à menor cobertura de dossel e consequente redução na proteção aos solos. Mesmo caso da classe vegetação secundária, por não ter a mesma funcionalidade hidrológica das florestas preservadas. Nos casos dos usos antrópicos, e que hoje só se manifestam fora dos limites da RESEX, foi imputado um maior peso no potencial de geração de erosão hídrica.

Por fim, foi realizado o cruzamento entre os mapas geomorfológico e de cobertura e uso da terra com classes agrupadas (tabela 02) para a elaboração do mapa final de suscetibilidade à erosão hídrica na área da pesquisa.

Tabela 01. Agregação de classes de cobertura vegetal e uso da terra (adaptado de PROBIO, 2006) para elaboração do mapa de suscetibilidade hídrica.

Classe Índice Floresta Ombrófila Aberta Submontana

1

Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas Floresta Ombrófila Densa Aluvial

Floresta Ombrófila Densa Submontana Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas

Formação Pioneira com Influência Fluvial e/ou Lacustre Contato Campinarana/Floresta Ombrófila

2

Contato Savana/Floresta Ombrófila Florestamento/Reflorestamento Savana Vegetação Secundária Agricultura 3 Agropecuária Pecuária (pastagem)

Áreas Antrópicas Indiscriminadas

As formas de relevo também foram ranqueadas conforme sua susceptibilidade à erosão, conforme mostra a (tabela 02). Nesta análise, foram usados dois outros parâmetros constantes do mapeamento geomorfológico do IBGE: a densidade de drenagem e o aprofundamento linear das incisões. Estes parâmetros estão disponíveis apenas para as áreas de dissecação com relevo tabular, e foram utilizadas para diferenciar os polígonos nesta classe. Desta forma, uma maior densidade de drenagem e um maior aprofundamento das

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incisões são interpretados como facilitadores à ação erosiva das águas. As áreas de acumulação (deposição de sedimentos) são consideradas de baixo potencial erosivo, e as de tabuleiros costeiros foi considerado de alto potencial erosivo, por ser uma forma erosiva mais antiga, que está ligeiramente elevada em relação ao relevo circundante, com maiores desnivelamentos e, conseqüentemente, maior energia potencial para o escoamento superficial.

Neste sentido, as áreas mapeadas foram classificadas em função da susceptibilidade à erosão hídrica, sendo que naquelas de mais alta susceptibilidade predominam os processos de destacamento e transporte, enquanto nas áreas de menor susceptibilidade à erosão hídrica predominam processos de deposição. Assim, e considerando apenas as informações levantadas, pode-se considerar que as áreas mapeadas como “muito baixa” susceptibilidade são as mais susceptíveis a inundações.

Tabela 02. Agregação de classes geomorfologicas (IBGE, 2008) para elaboração do mapa de suscetibilidade hídrica.

Processos Forma Densidade de Drenagem Profundidade das

incisões Índice Acumulação Planície 1 Planície e terraço Plano abaciado Terraço Aplanamento Pediplano 2 Plano Dissecação Aguçado Alta Forte 4 Fraco Média Forte Médio Fraco Baixa Forte 3 Médio Fraco Convexo Alta Médio 4 Fraco Média Fraco 3 Baixa Médio Fraco

109 Fraco Encosta íngreme de erosão 4 Tabular Alta Fraco 3 média forte médio 2 fraco baixa fraco

A tabela 03 apresenta a matriz final de classificação para susceptibilidade à erosão hídrica.

Para a delimitação das áreas inundáveis, levamos em consideração a altitude do relevo e a declividade do modelado. Em áreas com altitudes até 10 m foram consideradas sujeitas a inundações sazonais, correspondendo à várzea dos rios principais. Já as áreas até 15 m foram consideradas como sujeitas a inundações extremas.

As áreas mapeadas foram classificadas em função da susceptibilidade à erosão hídrica, sendo que naquelas de mais alta susceptibilidade predominam os processos de destacamento e transporte enquanto que nas áreas de menor susceptibilidade à erosão hídrica predominam processos de deposição.

Tabela 03 - Tabela de cruzamento das classes agregadas dos mapas geomorfológicos e de cobertura vegetal e uso da terra (PROBIO, 2006) para elaboração do mapa de suscetibilidade hídrica.

Índice Uso do Solo Índice Geomorfologia Susceptibilidade à erosão

1 1 Muito Baixa 1 2 1 3 Baixa 1 4 2 1 3 1 2 2 2 3 Média 2 4 3 2 3 3 Alta 3 4

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As áreas sujeitas a inundações sazonais estão restritas ao entorno dos Rios Mocajuba e Mojuim e de seus principais afluentes. Quando se observa as áreas sujeitas a inundações extremas, o padrão é semelhante com concentração no entorno do rio Mojuim e seus principais afluentes. Porém, nesses casos, há fundos de vale onde correm rios de menor porte, como o Igarapé Açu (afluente do Mocajuba), no setor leste e que estão sujeitos à inundação.

As áreas de elevado risco de erosão hídrica do solo são as áreas que, devido às suas características de solo e de declive, estão sujeitas à perda excessiva de solo por ação do escoamento superficial. A delimitação das áreas de elevado risco de erosão hídrica do solo deve considerar de forma integrada o declive e a erodibilidade média dos solos resultante da sua textura, estrutura e composição. Na RESEX em estudo, não foram encontradas áreas de alto risco. Contudo, fora dos limites da RESEX, encontramos algumas áreas de suscetibilidade à erosão hídrica, com isso, percebe-se que na área, onde o relevo é plano, predominam latossolos e o domíno de florestas ombrófilas é amplo. Apenas na porção oeste da UC, junto ao rio Mojuim, e nas proximidades do limite da UC, junto aos principais afluentes do rio Mocajuba são vistas áreas de baixa ou média suscetibilidade, geralmente relacionadas a áreas de uso antrópico, que ampliam significativamente os processos erosivos. No mapa a seguir (figura 51), além da área da RESEX, que já é uma área inundável, mas considerada de baixo risco, identificamos algumas áreas sujeitas à inundações (676,93 ha) fora dos limites da UC, principalmente nas área onde a vegetação foi retirada e em seu lugar foi implanta agricultura, o que requer um pouco de atenção pois essas áreas podem estar sujeitas à inundações durante as marés de sizígia.

111 Figura 35. Carta Imagem de localização de Áreas Inundáveis