• Nenhum resultado encontrado

que sustenta a velocidade-espaço começou a fazer cópias da velocidade-espaço para os/as humanos/as O desenvolvimento de

sistemas de realidade virtual (veja, por exemplo, Hillis, 1992;

Rheingold, 1991) tacitamente afirma a fugacidade e a virtualidade

de todos os mundos ou espaços que os humanos têm explorado

9 Um ponto a registrar aqui é que parece existir vínculos intrigantes a ser construídos entre a “picnolepsia” de Virilio e o conceito de “sutura”, da teoria psicanalítica de Lacan sobre a linguagem e a subjetividade: lacunas, tempo perdido, rupturas ou (des)continuidades, como quando o sujeito-(escolar) é percebido como não presente para si mesmo, está ausente ou talvez distraído (Veja Harpold, 1991; Henriques, Holloway, Urwin, Venn, 8t Walkerdine,

na matriz da computação e da telecomunicação. A realidade virtual já é um simulacro total(izador), um simulacro no qual nós, também cyborgs,  estivemos vivendo, num certo sentido, já por algum tempo. O único problema é que somos incapazes de lembrar os momentos picnolépticos quando vestimos e desvesti- mos luvas e capacetes. Para os jovens cyborgs, as escolas também podem simplesmente ser apenas um outro espaço virtual (Luke & Luke, 1990), no interior do qual a influência das experiências de outros espaços pode ser reproduzida de forma ininterrupta e simultaneamente recontextualizada e descontextualizada. Pro- venzo (1991, p. 92) relata o caso de um garoto pré-escolar cuja descrição da forma como ele tinha tido problemas com a profes sora era feita “como se ele tivesse numa fase de um jogo da Nintendo, tal como o Super Mario Brothers  2”. A criança descre veu sua professora como um “chefe”, uma referência aos “peque nos chefes que controlam as diferentes fases do mundo dos sonhos”. Dadas essas condições tecno-culturais — transformadas e cambiantes —, o que é necessário ser rigorosamente e mesmo radicalmente reavaliado em relação à nossa compreensão da subjetividade e da ordem simbólica?

Co n c l u s ã o

Somos convocados de volta à Terra e devemos confrontar o espectro da segunda-feira. Que implicações essa discussão da cultura da mídia, da tecnologia e da subjetividade tem para a escolarização e, de forma mais geral, para a educação pós-moder- na? Uma coisa que parece clara é que a própria ambivalência daquilo que chamamos aqui de “alienígenas” — compreendidos como novas formas de vida — representam um desafio radical. Não podemos ignorar nem a profunda alienação que muitos/as  jovens experimentam hoje, confrontando um futuro que muito freqüentemente parece já esgotado mesmo antes de ter chegado, marcado sempre por uma incerteza fundamental — seu sentimen to de serem, cada vez mais, estranhos/as numa terra estranha —, nem a probabilidade de que eles/as estejam se tornando distintiva e genericamente diferentes, em termos de suas capacidades, suas estruturas de identidade, e seus valores. Discutir adequadamente essa diferença e responder àquilo que pode ser perfeitamente

descrito como uma estrutura pós-moderna de sentimento exige que aqueles/as de nós que carregamos a responsabilidade de escolarizar o futuro não apenas desenvolvamos novas compreen- sões e novos recursos, mas também um sentimento apropriado de humildade, juntamente com o reconhecimento da inevitabilidade da diferença. Como argumenta McRobbie (1986):

Não existe como voltar atrás... Para populações transfixadas em imagens que são elas próprias realidades, não existe nenhum retorno a um modo de representação que politize de alguma suposta forma direta, “digna”. A série televisiva Dallas  está destinada a se situar ao lado de imagens da revolta negra. E não é mais possível, vivendo com o pós-modernismo, falar sobre imagens inequivocamente negativas ou positivas (p. 115).

Embora seja ainda mais apropriado, por exemplo, a telenovela australiana, Chances,  ao lado das impressionantes imagens do espancamento de Rodney King pela polícia de Los Angeles, as contradições são inevitáveis, assim como é inevitável a complexi dade de se viver em novos tempos. McRobbie argumenta em favor de uma visão positiva, competente, dos/as jovens e das emergentes culturas da imagem e de um reconhecimento das possibilidades educacionais e políticas a serem construídas tanto na cultura popular quanto no pós-modernismo. Sem dúvida, tanto o pós- modernismo quanto a noção de “alien-ação”, tal como a desen volvemos aqui, devem ser vistos como efeitos de uma aliança entre o bloco dominante-cultural — essencialmente, neste caso, as gerações adultas — e o complexo industrial-militar que efetiva mente subjaz à cultural global da mídia. Trabalhando contra isso, entretanto, estão formas importantes de resistência, apropriação e redesenho por parte dos grupos subordinados, e isso é algo que sempre deve ser levado em conta. Sem perder de vista, portanto, a contextualização global da cultura da mídia e do discurso cyborg no contexto daquilo que Haraway (1991) chama de “informática da dominação”, o que queremos enfatizar aqui é a ambivalência aberta e a política contraditória associadas com noções tais como currículo cyborg  e, na verdade, com a própria imagem de “aliení genas”. O que fazer com isso é precisa e literalmente o desafio que enfrentamos.

Os alienígenas da ficção científica são criaturas de outros mundos. Em nossa presente e emergente ecologia digital, existem muitos desses mundos que estão aparentemente fora do alcance de cyborgs  mais velhos, mas no interior dos quais os/as jovens cyborgs  estão ocupados, neste exato momento, na tarefa de moldar e fabricar suas identidades. As escolas podem perfeitamen- te se tornar locais singulares, como mundos próprios nos quais cyborgs  geracionalmente diferentes se encontram e trocam narra tivas sobre suas viagens na tecno-realidade — desde que nós nos permitamos reimaginá-los e reconstruí-los de uma forma inteira mente nova, em negociação com aqueles que um dia tomarão nosso lugar.

Re f e r ê n c i a s

ADAMS, P. “The video vanguard opens fire”. The Weekend Australian Review. 1991, Abril 13-14, p.13.

APPLE, M. “Redefining equality: Authoritarian populism and the conservative restoration”. Teachers College Record. 1988, 90(2), 167-184.

ARONOWITZ, S. 8c GIROUX, H. “Schooling, culture and literacy in the age of broken dreams: A review of Bloom and Hirsch”. Harvard Educationsl Review.

1988, 58(2), 172-194.

BAILEY, J. “First we reshape our computers, then our computers reshape us: The broader intellectual impact, parallelism”. Daedalus. 1992, 121(1), 67-86.

BATTEN, M., WITHERS, G., THOMAS, C. 8c McCURRY, D. Sênior students now: The challenges ofretention (Booklet n.2: Sênior students now: Different, or just more of them?). Hawthorn, Vic., Australian Council for Educational Research, 1991.

BEAVIS, C. ôc GOUGH, N. Worldviews and popular culture: What do they mean for what we teach? In Phil Cormack (Ed.). Literacy: Making it explicit, Making it possible.  Selected papers from the 16th Australian Reading Association Conference, Adelaide, 7-11 julho, 1991 (pp 122-132). Carlton South, Austra lian Reading Association, 1991.

BENEDIKT, M. (Ed.). Cyberspace: First steps. Cambridge, Massachusetts Institute of Technology Press, 1991.

BEST, S. “Chãos and entropy: Metaphors in postmodern Scienceand social theory”. Science as Culture. 1991, 2, Parte 2(11), 188-226.

BIGUM, C. Schools for cyborgs: Educating alliens. In Navigating the Nineties: Proceedings of ACEC ’91, Ninth Australian Computing in Education Conferen ce (pp.21-34). Robina, Computer Education Group of Queensland, 1991.

BIGUM, C. Computing schools from ‘the clever country’: The prospects for virtual schooling. In Computing the Clever Country ? Proceedings of ACEC ’92, Tenth Annual Australian Computing in Education Conference (pp59-64). Melbourne,

Computing in Education Group of Victoria, 1992.

BLOOM, A. Theclosingofthe American mind. Nova York, Simon 8c Schuster, 1987. BRAND, S. The media lab: Inventing the future at M. I. T.   Nova York, Penguin,

1987.

COLLINS, J. Uncomon cultures: Popular culture and post-modernism. Nova York,

Routledge, 1989.

CSICSERY-RONAY Jr., I. “The SF of theory: Baudrillard Haraway”. Science-Fic- tion Studies. 1991, 18(3), 387-404.

CURRY JANSEN, s. “Is Science a man? New feminist epistemologies and recons- tructions of knowledge”. Theory andSociety. 1990, 19, 235-246.

DATOR, J. “What do ‘you’ do when your robot bows, as your clone enters holographic MTV?” Futures. 1989, 2(4), 361-365.

DERCON, P. “An interview with Paul Virilio”. Impulse. 1986, 12(4), 35-39.

DONALD, J. Beacons of the future: Schooling, subjection and subjectification. In Verônica Beechey ôí James Donald (Eds.). Subjectivity and social relations. Milton Keynes, Open University Press, 1985, pp. 214-249.

Editorial. The Weekend Australian. 1987, 13-14 de junho, p.18. Editorial. The Australian. 1991, 20 de março, p.10.

ELLSWORTH, E. Teaching to support unassimilated difference. Madison, Univer sity of Wisconsin-Madison, Departament of Curriculuam and Instruction, 1990 (mimeo).

FENSHAM, P. (Ed.) Alienation from schooling. Londres, Routledge & Kegan Paul, 1986.

FROW, J. What was postmodernism! Sydney, Local Consumption Publications, 1991.

GIBSON, W. Neuromancer. Nova York, Ace, 1984.

GILBERT, R. “Citizenship, education and postmodernity”. British Journal of Soci- ology of Education. 1992, 13(1), 5-68.

GILL, M. A study in the politics of curriculum change: VCE and the press. Trabalho apresentado em Conference of the Australian Curriculum Studies Association. Adelaide, Julho 1991.

GIROUX, H. Border Crossing: Cultural workers and the politics of education. Nova York, Routledge, 1992.

GREEN, W. After the new English: Cultural politics and English curriculum change. Tese de Doutorado não publicada. School of Humanities, Murdoch University, Perth, Western Australian, 1991.

GROSSBERG, L. “Rockin’ with Reagan, orThe mainstreaming of post-modernity”. Cultural Critique, 1988, n.10, 123-149.

HAFNER, K. & MARKOFF, J. Cyberpunk: Outlaws and hackers on the Computer  frontier.Londres, Fourth Estate, 1991.

HARAWAY, D. Simians, cyborgs, and women: The reinvention of nature.  Nova York, Routledge, 1991.

HARPOLD, T. Threnody: Psychoanalytic digressions on the subject of hypertexts. In Paul Delany &c George P. Landow (Eds.). Hypermedia and literary studies. Cambridge, MIT Press, 1991, pp. 171-181.

HAYLES, N. K. Chãos bound: Ordely disorder in contemporary literature and Science.Ithaca, Cornell University Press, 1990.

HEBDIGE, D. “Postmodernism and ‘the other side’.” Journal of Communication Inquiry. 1986, 10(2), 78-98.

HENRIQUES, J., HOLLWAY, W, URWIN.C., VENN, C. & WALKERDINE, V. Changing the subject: Psychology, social regulation and subjectivity. Londres, Methuen, 1984.

HILLIS, W. D. “What is massively parallel computing, and why is it important?” Daedalus, 121(1), 1992: 1-16.

HINKSON, J. Postmodernity, State and education. Geelong, Vic., Deakin University Press, 1991.

HIRST, P. &c WOOLEY, P. Social relations and human attributes. Londres, Tavis- tock Publications, 1982.

IDHE, D. The technological embodiment of media. In: Michael J. Hyde (Ed.).

Communication philosophy and the technological age. Tuscaloosa, AL, Univer-

sity of Alabama Press, 1982.

JAMESON, F. “Postmodernism, or the cultural logic of late capitalism”. New Left Review, n. 146, 1984: 53-92.

KENWAY, J. Education and the Right’s discursive politics: Private versus State schooling. In: Stephen Bali (Ed.). Foucault and education.  Londres, Falmer

Press, 1990: 167-206.

Losing our romance with printed word. The Weekend Australian, 13-14 de junho

de 1987: p. 18.

LUKE, C. & LUKE, A. “School Knowledge as simuladon: Curriculum in postmo- dern conditions”.Discourse, 10(2), 1990: 75-91.

McROBBIE, A. “Postmodernism and popular cuiture”. Journal of Communication Inquiry, 10(2), 1986: 108-116.

MILNER, A. Postmodernism and popular cuiture. In: Stephen Alomes & Dirk den Hartog (Eds.). Post pop: Popular cuiture, nationalism and postmodernism.

Footscray, Vic., Footprint (Victoria University of Technology, Cultural Studies Unit), 1991: 46-57.

NEGROPONTE, N.P. “Products and Services for Computer networks”. Scientific American, 265(3), 1991: 76-83.

PENLEY, C. ôc ROSS, A. Introduction. In: Constance Penley ôc AndrewRoss (Eds.).

Technoculture. Minneapolis, University of Minnesota Press, 1991: vii-xvii.

POSTMAN, N. Amusing ourselves to death: Public discourse in the age of show business. Nova York, Viking Penguin, 1985.

PROVENZO, E.F. Video kids: Making sense of Nintendo.  Cambridge, Harvard

University Press, 1991.

RHEINGOLD, H.Virtual reality. Londres, Secker ôc Warburg, 1991.

ROMAN, L. G. ôc CHRISTIAN-SMITH, L.K. ôc ELLSWORTH, E. Becoming feminine: The politics of popular cuiture. Londres, Falmer Press, 1988.

ROMANYSHYN, R. Technology as symptom and dream.  Londres, Routledge,

1989.

SACHS, J., CHATS, D. ÔC SMITH, R.Adolescents’ use of information technology: Some implications for teacher education. Trabalho apresentado na AARE Con-

ference. University of Adelaide, novembro de 1989.

Schools breeding pop cuiture addicts. The Australian, 19 de março de 1991: p. 3.

SCHUBERT, W.F1. Curriculum: Perspective, paradigm and possibility. Nova York,

Macmillan, 1986.

SHERINGTON, G. ôc IRVING, T. “Youth politics in twentieth century Australia”.

Bulletin ofthe National Clearinghouse for Youth Studies, 8(3), 1989: 11-19.

Sliding towards the ignorant country. The Australian, 21 de março de 1991: p. 10.

SOFIA, Z. Whose second self ? Gender and (ir)rationality in Computer cuiture.

Geelong, Vic., Deakin University Press, 1993.

SPRINGER, Cl. “The pleasure ofthe interface”. Screen, 32(3), 1991: 303-323.

Switch on TV. The Age Green Guide, 14 de fevereiro de 1990: p. 3

TROW, G.W.S.Within the context ofno context. Boston, Little, Brown, 1978.

TURKLE, S. The second self: Computers and the human spirit. Nova York, Simon

ôc Schuster, 1984.

ULMER, G. The puncept in grammatology. In: Jonathan Culler (Ed.). On puns: The foundations of letters. Oxford, Basil Blackwell, 1988: 164-189.

ULMER, G. Teletheory: Grammatology in the age of video. Nova York, Routledge,

1989.

VIRILIO, P. “The overexposed city”. Zone, 1(2), 1987: 15-31.

VIRILIO, P. The aesthetcis of disappearance. Nova York, Autonomedia, 1991.

Documentos relacionados