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2.2 Resíduos sólidos

2.2.2 Sustentabilidade e gestão de resíduos

A busca pela sustentabilidade veio com a globalização das questões ambientais, tornando-se necessária a compatibilização do desenvolvimento econômico com a preservação do meio ambiente por meio da aplicação de sistemas de gestão capazes de assegurar todas as diretrizes vitais para a preservação dos

recursos naturais.

O principal conceito de sustentabilidade foi elaborado em 1987, em um documento chamado “Nosso Futuro Comum”, ou “Relatório Bruntland” publicado pelo World Commission on Environment and Development (WCED). O relatório popularizou o termo desenvolvimento sustentável e sua definição é utilizada até os tempos atuais. De acordo com o documento, sustentabilidade é a forma de desenvolvimento que satisfaz as necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades (DREXHAGE; MURPHY, 2010).

Segundo Corrêa (2009, p. 29), “o primeiro passo para a sustentabilidade na construção é o compromisso das empresas da cadeia produtiva a criarem as bases para o desenvolvimento de projetos efetivamente sustentáveis”.

Para a construção dessa base são necessárias algumas condições fundamentais que devem estar elencadas nos requisitos socioambientais. Um

desses requisitos é que se desenvolvam projetos de gestão aprimorados nas empresas, pois somente dessa forma poderá se atingir os níveis de excelência, buscando constantemente a melhoria contínua dos processos ligados ao consumo de recursos naturais, produtividade, desperdício, durabilidade, entre outros. Outro fator é a legitimidade das empresas baseada na seleção formal e consciente de fornecedores e de mão de obra, o que estimula a profissionalização na cadeia produtiva e a eliminação de empresas com baixa produtividade e detentoras de atividades ilícitas. Por fim, na construção de uma base sustentável, é indispensável que as empresas busquem constantemente inovar suas tecnologias e estudar soluções criativas para seus processos, alinhando os ganhos sociais e ambientais com os econômicos (CORRÊA, 2009).

Mais do que uma preocupação por parte das organizações, os rejeitos são produtos inevitáveis da sociedade, fazendo-se necessárias técnicas apropriadas para gerenciar estes resíduos, implicando em requisitos básicos de manejo, tais como diminuir a geração na fonte e implantar um sistema efetivo para manejar os resíduos produzidos. Esse sistema de gestão deve ser sustentável, observando os aspectos ambientais, econômicos e sociais. Um sistema sustentável de gestão dos resíduos sólidos deve, antes de tudo, atender a três aspectos: ser ambientalmente efetivo, economicamente factível e socialmente aceitável. Ambientalmente efetivos, pois o sistema de gestão de resíduos deve reduzir ao máximo os despejos ambientais associados com o manejo dos resíduos (emissões ao ar, solo e água, tais como CO2, CH4 e metais pesados). Economicamente factível para que o sistema de gestão de resíduos possa operar a um custo aceitável para a comunidade. Socialmente aceitável, pois o sistema de gestão de resíduos deve operar de maneira benéfica para a comunidade em geral. Estes requisitos devem estar intrinsecamente relacionados com os diferentes grupos da sociedade a fim de informar, educar, conquistar sua confiança e obter seu apoio. Dessa forma, a sustentabilidade busca compatibilizar as necessidades de desenvolvimento econômico e social com a preservação do meio ambiente, atendendo às necessidades presentes, sem comprometer a possibilidade de gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades (McDOUGALL et al., 2004). A Figura 7 demonstra o sistema da sustentabilidade ambiental.

Figura 7 – Esquematização do tripé da sustentabilidade

Fonte: Adaptado de Templum (2015)

O gerenciamento de resíduos sólidos, utilizado como principal ferramenta na preservação do meio ambiente, está assumindo um papel cada vez mais importante e complexo durante esses últimos anos. Tanto é que a marca ambiental está se tornando um argumento de marketing positivo e a quantidade e o nível das organizações dedicadas ao meio ambiente e a exigência de certificação ambiental às empresas brasileiras exportadoras está aumentando consideravelmente, trazendo reflexos mesmo na indústria interna. Mesmo assim, uma significativa quantidade de resíduos produzidos por indústrias de fabricação e transformação nem sempre é reaproveitada ou tem um destino ecologicamente correto (CASAGRANDE et al., 2008).

A repercussão da importância do meio ambiente dentro das organizações deve ser tratada levando em conta as questões ambientais e sociais, tendo em vista que aspecto econômico é possível de alavancar suas estratégias de negócios. A relevância destas questões ocorre somente a partir do momento em que a empresa se dá conta de que essa atividade, em vez de apenas propiciar despesas, pode transformar-se em uma oportuna ferramenta de redução de custos, além de poder reaproveitar os resíduos comercializando-os como subprodutos ou aumentando as possibilidades de reutilização, seja para a fabricação de novos componentes ou

como novas matérias-primas que resultem em produtos mais confiáveis e tecnologicamente mais limpos. Então, pode-se dizer que o grande desafio por parte das organizações, sejam elas públicas ou privadas, é o de assegurar o gerenciamento apropriado e seguro dos resíduos em todas as etapas do processo, do berço até o túmulo, passando pelas etapas de geração, caracterização, manuseio, armazenamento, coleta, transporte, reutilização, reciclagem, tratamento e disposição (LOPES, 2015).

A gestão de resíduos sólidos no Brasil está passando por um período de transição de modelos tecnológicos convencionais para outros, em que alternativas mais sustentáveis estão sendo incorporadas a processos industriais como as técnicas de produção mais limpa baseadas na redução, reutilização e reciclagem de resíduos. No entanto, não se pode dizer que a velocidade e a amplitude dessa transição sejam satisfatórias. É fundamental a educação ambiental dos gestores para que se tenha acesso ao conhecimento e informação que permitam a implantação de um sistema sustentável. Assim, o setor empresarial precisa internalizar a ecoeficiência em seus processos produtivos e prover condições de logística reversa, não somente dos resíduos perigosos, mas também para resíduos de embalagens. Para que se desenvolva cada vez mais esse cenário sustentável é fundamental que os governantes cumpram o seu papel de organizadores, facilitadores, fiscalizadores e reguladores, no qual devem fomentar e interagir com a sociedade em geral para que de forma democrática e participativa se construam os planos de gestão ambiental integrada (ZANTA, 2014).

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