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Pensar em um futuro ideal para novas gerações significa investir em um processo de consolidação dos conceitos e princípios da sustentabilidade frente às demandas da sociedade. Nesse sentido, as IES desempenham um importante papel para a conscientização de práticas mais sustentáveis ao ser fonte de conhecimento para a sociedade.

A partir da Conferência das Nações Unidas em Estocolmo, em 1972, emergiram inúmeros signatários de declarações em prol da sustentabilidade, bem como as discussões do papel fundamental das IES na promoção de um mundo sustentável.

Nas contribuições apresentadas por Tauchen e Brandli (2006), as Universidades na Europa, América Anglo-Saxônica e América Latina revelam uma preocupação com as questões sustentável, não só no aspecto do ensino, mas de práticas de funcionamento ambientalmente corretas.

Por sua vez, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro, em 1992, reforçou o tema da sustentabilidade no âmbito das IES, principalmente com aprovação da Agenda 21.

Nesse cenário, o Governo Federal, engajado nas discussões em construir uma sociedade sustentável, tem exercido uma cobrança dos órgãos da esfera pública, dentre elas, as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), por meio de normativas visando sensibilizar os gestores públicos a inserir o conceito da sustentabilidade no âmbito da gestão universitária.

Em 16 de abril de 2015, o Ministério de Estado de Educação publicou a Portaria n. 370, estabelece que os órgãos e unidades da administração direta do Ministério da Educação, bem como as autarquias, fundações e empresas públicas vinculadas a este Ministério deverão integrar esforços para o desenvolvimento de ações destinadas à melhoria da eficiência no uso racional dos recursos públicos, conforme os seguintes objetivos em seu artigo 1º (BRASIL, 2015):

 Promover a sustentabilidade ambiental, econômica e social na Administração Pública;

 Melhorar a qualidade do gasto público por meio da eliminação do desperdício e pela melhoria contínua da gestão dos processos;

 Incentivar a implementação de ações de eficiência energética nas edificações públicas;

 Estimular ações para o consumo racional dos recursos naturais e bens públicos;  Garantir a gestão integrada de resíduos pós-consumo, inclusive a destinação

ambientalmente correta;

 Melhorar a qualidade de vida no ambiente de trabalho

 Reconhecer as melhores práticas de eficiência na utilização dos recursos públicos, nas dimensões de economicidade e socioambientais; e

 Compartilhar experiências práticas de sucesso, instruir, disseminar e promover o desenvolvimento de processos inovadores relacionados à educação e à Administração Pública em geral (BRASIL, 2015, p.14).

Para fins do cumprimento dos objetivos de que trata o art. 1º, os órgãos e entidades mencionados deverão adotar um modelo de gestão estruturado na implementação de ações

voltadas para o uso racional de recursos, em consonância com os programas já existentes no Governo Federal, conforme art. 2º (BRASIL, 2015):

 Programa de Eficiência do Gasto Público - PEG;

 Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica em Prédios Públicos - Procel EPP;

 Agenda Ambiental na Administração Pública - A3P;  Coleta Seletiva Solidária; e

 Projeto Esplanada Sustentável – PES (BRASIL, 2015, p. 14).

O Ministério de Estado de Educação lança ainda por meio da Portaria n. 370, de 16 de abril de 2015, o programa “Desafio da Sustentabilidade”, com objetivo de impulsionar a eficiência nos gastos públicos com água e energia elétrica nas Instituições Federais de Ensino (IFES).

Dado o exposto, verificar-se que as universidades públicas têm sido estimuladas a comprometerem-se com a sustentabilidade e a mudarem suas estratégias por conta das exigências da sociedade.

Nessa perspectiva, torna-se indispensável a inserção ações mais sustentáveis nas universidades, seja para iniciar um processo de conscientização em todos os seus níveis, atingindo professores, funcionários e alunos, seja para tomar decisões sobre planejamento, ações ou atividades comuns em suas áreas físicas (TAUCHEN; BRANDLI, 2006).

Um exemplo brasileiro que merece destaque é a Universidade Federal de Lavras (UFLA). Pelo quinto ano consecutivo, a Instituição aparece no UI GreenMetric World

University Ranking 2016 como a instituição de ensino superior mais sustentável do Brasil, a

primeira da América Latina e a 38ª entre todas as universidades participantes (AGUIAR, 2017). A UI GreenMetric é um ranking internacional que sinaliza os esforços em sustentabilidade e gestão ambiental das instituições de ensino superior em todo o mundo.

Na visão de Chauí (2003), uma universidade sustentável auxilia os estudantes na compreensão da degradação do ambiente, estimula-os a práticas ambientalmente sustentáveis e os sensibiliza para as injustiças.

Com relação às IES na Amazônia, em especial as localizadas no Estado do Pará, também iniciaram um movimento em prol da sustentabilidade. Os estudos de Viegas e Cabral (2015) apresentam evidências de ações desenvolvidas tanto no campo acadêmico (ensino, pesquisa e extensão) quanto na gestão institucional da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Segundo as autoras, percebe-se uma preocupação dos gestores quanto à necessidade de inserir a questão da sustentabilidade na gestão, ainda que esta preocupação esteja revestida de cumprimento das normas legais.

Nessa premissa, a Universidade Federal do Pará tem em sua missão o compromisso de “produzir, socializar e transformar conhecimento na Amazônia para a formação de cidadãos capazes de promover a construção de uma sociedade inclusiva e sustentável” (UFPA, 2016b, p. 31). De acordo com o Plano de Desenvolvimento Institucional 2011-2015 da UFPA, constituem-se como exemplos de compromisso da gestão com a sustentabilidade institucional: a gestão de resíduos sólidos e perigosos; programa de coleta seletiva de lixo; e a conservação de áreas verdes, os quais tornam-se fundamentais para cumprir com o objetivo de transformar a UFPA em uma cidade universitária solidária, ética e sustentável (UFPA, 2011, p. 79)

Diante desse contexto, a universidade pública, ao implementar a sustentabilidade, mostra para a comunidade acadêmica e para a sociedade como um todo que a adoção das diretrizes sustentáveis promove uma economia de recurso, reduzindo impactos sobre o meio ambiente, que melhoram a qualidade de vida (BRASIL, 2017).

Assim, a adoção de uma prática de sustentabilidade gera mudança de atitude, hábitos, comportamentos e padrões de consumo nas pessoas envolvidas nesse processo. Quando a universidade pública adota uma prática, ela está ensinando e sendo exemplo. Afinal, tudo que ela fizer ou deixar de fazer reflete na sociedade (BRASIL, 2017). Sobre ela estão os olhares de alunos, servidores e da sociedade, observando e aprendendo.

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