• Nenhum resultado encontrado

O termo sustentabilidade teve sua origem da conscientização crescente, durante a década de 1980, na qual os países precisavam descobrir maneiras de promover o crescimento de suas economias sem destruir o meio ambiente ou sacrificar o bem-estar das futuras gerações (SAVITZ, 2007, p.2). No Brasil, a Constituição de 1988, no Art. 225 destaca que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Sustentabilidade configura-se como um alvo móvel e um objetivo permanente, que possui em seus parâmetros invariavelmente ajustados pela sociedade (TACHIZAWA; ANDRADE, 2008).

Jabbour e Jabbour (2013) salientam que os Princípios para uma Educação Gerencial Sustentável (PRME), revelam-se no seu principal objetivo que é incorporar a sustentabilidade e a responsabilidade social na missão central e nas atividades dos cursos que formam líderes organizacionais. A formação de profissionais qualificados segundo Andrade, Tachizawa e Carvalho (2002) deve ser tratada com prioridade, possibilitando assim que governos e empresas possam contar com profissionais qualificados no desempenho de suas funções.

Assim, as IES podem aderir ao PRME, recebendo em contrapartida uma declaração de instituição signatária emitida pela Organização das Nações Unidas (ONU). As IES que aderirem ao Programa devem ter comprometimento com os princípios estabelecidos, quais sejam:

a) desenvolverem nos estudantes as competências para que eles sejam futuros geradores de valor sustentável para as organizações e a sociedade como um todo, trabalhando para uma economia global sustentável e inclusiva;

valores de responsabilidade social e global, pautadas em iniciativas internacionais como as defendidas pela ONU;

c) criarem programas educacionais, materiais, processos e contextos que habilitem efetivas experiências de aprendizagem para formação de lideranças responsáveis; d) participarem de pesquisas conceituais e empíricas que avancem no entendimento sobre o papel, a dinâmica e o impacto das organizações na criação de um valor sustentável em termos sociais, ambientais e econômicos;

e) interagirem com administradores das organizações para expandir o conhecimento sobre os desafios encontrados para integrar as responsabilidades sociais e ambientais e explorarem abordagens conjuntas para superar esses desafios;

f) facilitarem e apoiarem o diálogo e o debate entre educadores, organizações, governos, consumidores, mídia, sociedade civil organizada e outros grupos de interesse em questões críticas relacionadas à responsabilidade social global e à sustentabilidade.

Quando se trata da abordagem da temática de sustentabilidade dentro dos cursos de Administração, alguns autores (GONÇALVES-DIAS; HERRERA; CRUZ, 2013; GHOSHAL, 2005; JACOBI; RAUFFLET; ARRUDA, 2011; OLIVEIRA; SANT’ANNA; DINIZ, 2014) concordam que a mesma ocorre ainda de maneira lenta, passando por uma mudança de pensamento, pois a visão tida até então era a de que os gestores deveriam objetivar o lucro organizacional a qualquer custo, não importando os meios para atingi-lo. Além disso, tem-se a ideia de que o tema deve ser abordado de maneira pendente trabalhado dentro de diversas disciplinas do curso (SILVA; CAMPANARIO; SOUZA, 2013).

Na década de 1970, houve um encontro em Belgrado, Iugoslávia, que resultou na criação de um documento que apontou como meta para a educação ambiental a formação de uma população mundial consciente e preocupada com o meio ambiente e com os problemas associados. Esse documento indica o conhecimento, aptidão, atitude, motivação e compromisso para trabalhar individual e coletivamente na busca de soluções para os problemas existentes e para prevenir novos, objetivando a tomada de consciência sobre o assunto, onde deve-se buscar atingir o público em geral seguindo as diretrizes básicas (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2016).

A Lei nº 6.938, sancionada em 1981 estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente, tendo por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar no País condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. Tal lei tem

como um de seus princípios a educação ambiental em todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente (BRASIL, 1981).

Ainda na década de 80, o País passou por debates relacionados à inserção da temática na educação, apontando para a necessidade de uma abordagem interdisciplinar. Em 1992, a cidade do Rio de Janeiro recebeu a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, com a participação de 179 países, na ocasião foi assinado um programa de ação denominado Agenda 21, o qual objetivava o desenvolvimento sustentável da sociedade (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2016). Esse evento foi de suma importância servindo de base para muitos outros, além de ter a reformulação e reafirmação dos compromissos políticos por meio da Rio+10, realizado em 2002 e o Rio+20, realizado em 2012.

Com seu caráter transformador, a educação ambiental no Brasil passou a ter certo reconhecimento somente na década de 90, após a criação da Lei nº 9.795/99 (RUSCHEINSKY, 2002) tornando-se assim obrigatória em todos os níveis de ensino. Essa lei define em seu artigo primeiro que:

[...] os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999).

O ano de 1997 foi marcado pela Conferência Internacional em Ambiente e Sociedade: Educação e Conscientização Pública para a Sustentabilidade, realizada em Tessaloniki, Grécia, com mais de 83 nações representadas (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 1997). Dentre as conclusões do documento, resultante da conferência, ficou ressaltada novamente a importância da educação para o meio ambiente e a sustentabilidade, devendo ser tratada de forma interdisciplinar, com planos de ação em nível local e regional, primando pelo fortalecimento dos programas de capacitação de docentes frisando como essencial no processo de reversão da crise ambiental e social (BARBIERI; SILVA, 2011).

Mas, conforme Fonseca et al. (2011) pode-se perceber que relatórios de sustentabilidade nas universidades não é uma prática comum quando comparado com as corporações e informações sobre a dimensão social e educativa (LOZANO et al., 2015).

Documentos relacionados