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Sustentabilidade na perspectiva da totalidade

5.1 O PROJETO MÃOS QUE FAZEM

5.2.3 Sustentabilidade na perspectiva da totalidade

Por meio da análise foi possível constatar a ideia central apresentada pelo projeto que é voltada a qualidade de vida a fim de proporcionar por meio de práticas sustentáveis o ensino que perpasse os muros escolares. Para tanto, utilizou-se como objeto de análise o projeto ‘Mãos que Fazem’, PPP e atas de reunião.

O objetivo do projeto é ter um currículo voltado para a realidade local, melhorar a qualidade de ensino, garantir o sucesso e permanência do aluno na escola. Acredita-se que na potencialidade da escola para melhorar a sua qualidade de ensino, pautada em princípios de desenvolvimento ecológico, econômico e social para a vivência no campo (PEDRA TORTA, 2010).

O projeto ‘Mãos que Fazem’ busca por meio das oficinas e aulas práticas, promover o cultivo da horta escolar e familiar, possibilitando a complementação da renda familiar e a permanência no campo. O projeto viabiliza a valorização do trabalho e a cultura do homem no campo, buscando incentivar a adoção de posturas na escola, em casa e na comunidade que os levem a interações construtivas, justas e ambientalmente sustentáveis (PEDRA TORTA, 2018). Consoante, “A educação ambiental, por seus princípios integradores e de promoção da qualidade de vida, pode construir o elo entre o entendimento do ambiente escolar como totalidade que inclui a comunidade em que a escola se insere” (LOUREIRO, 2002, p. 93).

Nessa perspectiva, com base na análise documental, foi possível constatar que o projeto visa à emancipação do aluno, a qual o educando possa consolidar conhecimentos e colocá-los em prática na própria escola e em casa, assim, dialoga com a ideia proposta por Loureiro (2012), na qual a educação ambiental é antes de tudo uma educação, pautada em uma dimensão libertária e crítica voltada à transformação social, a qual educar é emancipar.

A proposta do projeto ‘Mãos que Fazem’ proporciona o desenvolvimento da inteligência e do crescimento familiar, e busca ajudar a valorizar e incentivar as famílias por meio da horta a adoção a práticas sustentáveis e agroecológicas como indispensáveis para a composição da alimentação familiar e a disseminação dessas

práticas no manejo da agricultura sustentável a fim de subsidiar a subsistência (PEDRA TORTA, 2012).

A horta escolar visa ainda estimular a implementação de hortaliças na alimentação dos alunos, estimulando a produção de alimentos com base em uma agricultura agroecológica e sustentável, e incentiva a criação da horta na residência dos alunos bem como o aprendizado de técnicas e manejo agroecológico. Busca priorizar a melhoria na qualidade de vida dos educandos e seus familiares, ou seja, a produção de alimentos saudáveis para a própria subsistência e para complementar a renda familiar (PEDRA TORTA, 2012).

O PPP da escola apresenta algumas metas e estratégias para o ensino integrado e interdisciplinar, e para isso, aborda o trabalho com alguns projetos, mas não contempla o projeto ‘Mãos que Fazem’, pois quando o PPP foi reestruturado o projeto ainda não havia sido implementado na escola.

De acordo com a resolução do CEE Nº 3.777/2014 o PPP deve contemplar “projetos integrados: trabalhos interdisciplinares, programas de estágio, estudos complementares e assemelhados, com sua caracterização e regulamento, se houver”, o que não encontramos no PPP da escola pesquisada. O PPP é o documento de identidade da instituição, que contempla o planejamento, a organização do trabalho administrativo, pedagógico, os projetos e, portanto deve ser atualizado buscando soluções para as questões diagnósticas e atualização de atividades desenvolvidas na e pela escola. Em virtude do documento escolar (PPP) estar desatualizado a mais de 10 anos a essência e discussões que poderiam ser aguçadas em relação ao projeto não são contempladas, haja vista que quando o PPP foi realizado o projeto ainda não acontecia na escola. Assim, não existe uma aproximação do projeto com a realidade escolar e a realidade dos alunos (PEDRA TORTA, 2004; ESPÍRITO SANTO, 2014). Por sua vez, a abordagem da PP está voltada a uma aprendizagem baseada na significância, ou seja, em atividades que façam parte da realidade dos alunos e ao mesmo tempo estimulem o desenvolvimento de novas habilidades educativas que ajudem a emancipação do sujeito no processo de ensino e aprendizagem (HERNÁNDEZ; VENTURA, 1998). Para tanto, a horta escolar e familiar e o desenvolvimento de oficinas artesanais e culinárias são propostas que se encaixam

na relação cultural e social da comunidade em que a escola está inserida, reafirmando a valorização do conhecimento prévio e o ensino significativo.

Por meio da análise documental, verificamos que a ideia do projeto ‘Mãos que Fazem’ está mais voltada a proposta de pedagogia de projetos apresentada por Nogueira (2005), que associa a formação humana e direciona a perspectiva de emancipação e autonomia do sujeito. “Formamos alunos para que desenvolvam as diferentes habilidades e competências necessárias para que possam se inserir no meio e integrar-se ao convívio social” (NOGUEIRA, 2005, p. 14). Ou seja, a metodologia de projetos e a proposta do projeto em estudo reafirmam a valorização e a inserção do educando ao meio e o incentivo à permanência no campo como objetivo voltado as práticas sustentáveis e desenvolvimento familiar.

Com base na análise documental, foi possível, a priori, compreender que a EA é abordada nos documentos escolares de forma integrada às atividades desenvolvidas pelo projeto. Para análise utilizou-se o projeto ‘Mãos que Fazem’ em duas versões: 2012 e 2018, algumas atas de reuniões do projeto de 2010 e o PPP da escola que aborda de forma superficial a EA e a PP, haja vista que o documento encontra-se desatualizado. De forma geral, a escola demonstra preocupação na formação integral do sujeito, garantindo a autonomia dos estudantes e a busca pela transformação social, que vai além da formação individual, alcançando a integração família e escola na construção de práticas sustentáveis e agroecológicas.

Outro ponto de destaque com base nas análises realizadas são os documentos escolares. Observou-se que são poucos os documentos e materiais que retratam o projeto. O Projeto Político Pedagógico da escola não aborda o projeto ‘Mãos que Fazem’. Por sua vez, a última versão do PPP é do ano de 2004, sendo essa a utilizada para análise, com data anterior a implantação do projeto na escola.