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Da definição do Relatório Brundtland7, pode-se conceituar sustentabilidade como sendo a capacidade de suprimento das necessidades das gerações presentes, sem comprometer as gerações futuras e sem que isto ultrapasse a capacidade de suporte da natureza e do planeta. Percebe-se que há no conceito acima um intervalo de tempo – presente e futuro. Isto mostra que a sustentabilidade não é um estado, mas sim um processo.

A sustentabilidade, de uma forma mais ampla, está apoiada em três aspectos: o ambiental, o social e o econômico (KEELER; BURKE, 2010). Por isso, se não houver integração e harmonia (equilíbrio) entre esses três aspectos, dificilmente se chega à sustentabilidade.

O aspecto ambiental está relacionado ao equilíbrio entre a proteção ao ambiente físico, seus recursos e o seu uso. O aspecto social trata do desenvolvimento de sociedades quanto às oportunidades ao desenvolvimento humano (justiça social). O aspecto econômico está relacionado aos recursos e sua disponibilidade para a sociedade.

2.3.1 Arquitetura sustentável

Neste trabalho, não se enfocou a origem da arquitetura sustentável, porém, desde os primórdios da civilização, a arquitetura produziu exemplares de arquitetura adequada ao clima e a utilização dos recursos disponíveis.

Pode-se conceituar arquitetura sustentável como aquela que almeja a minimização dos impactos ambientais, sociais e econômicos, provocados pela construção de edifícios e equipamentos urbanos bem como o seu uso.

Como a sustentabilidade na arquitetura também não deixa de ser um processo, passa antes por um projeto sustentável. Segundo Keeler e Burke (2010), o projeto sustentável e o projeto integrado devem ser vistos como equivalentes, sendo o projeto integrado uma evolução do projeto sustentável. O projeto integrado orienta a tomada de decisões referentes a consumo de energia, os recursos naturais e qualidade ambiental, exigindo, no seu processo,

7 Relatório elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, publicado em 1987, conhecido por Relatório de Brundtland. Nele aparece a definição de desenvolvimento sustentável: “garantir que se satisfaçam as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de gerações futuras de satisfazer as suas próprias necessidades”. O relatório da Comissão destacou questões de população, alimentação, segurança, saúde das espécies e dos ecossistemas, energia, indústria e desafios urbanos, principalmente em relação aos países em desenvolvimento (KEELER; BURKE, 2010).

um equilíbrio interno das várias prioridades para a obtenção de uma edificação sustentável. O projeto integrado deve atingir todas as questões relativas ao edifício, tais como: urbanismo, condicionantes climáticas, legislação, população abrangida, recursos financeiros e materiais, instalações, impactos ambientais, aproveitamento de recursos naturais, cultura social, tecnologias sustentáveis, educação para a prática de ações sustentáveis.

O projeto integrado tem origem no planejamento, passando pela fase de projeto gráfico (plantas e textos), pela fase da execução, chegando à fase de uso e manutenção. Neste processo, a atuação de todos os atores: governo, arquitetos, engenheiros, construtores, instaladores, indústria, comércio e usuários, é de vital importância para o sucesso da arquitetura sustentável (KEELER; BURKE, 2010).

2.3.2 Arquitetura sustentável em EAS

A diferença entre a arquitetura sustentável de um edifício qualquer e um estabelecimento assistencial de saúde está relacionada à complexidade de programação que este último requer. Fora a especificidade de programação, os critérios de sustentabilidades aplicadas a um equipamento de saúde podem ser os mesmos aplicados a qualquer edificação.

Em um equipamento de saúde, tipo hospital, sua complexidade envolve: a – O tamanho do edifício, geralmente superior a 10.000,00m²;

b – Muitas unidades envolvidas: internação, lavanderia, cozinha, centro cirúrgico, unidade de tratamento intensivo (UTI), imagenologia, consultórios, laboratório, métodos gráficos;

c – O tipo de serviço e o estado físico e psicológico do usuário (paciente);

d – A existência de equipamentos específicos e de alta tecnologia. Exemplo: ressonância magnética, tomógrafo, endoscópio, acelerador linear, mamógrafo, aparelho de raios-x e bracterapia;

e – As instalações específicas, tipo gases medicinais, instalações para qualidade do ar; f – Os materiais de acabamento com vistas à biossegurança;

g – As normas técnicas específicas.

2.3.3 Os critérios de sustentabilidade

Empresas, organismos ou entidades, públicas ou privadas, trabalham na concepção de produtos sustentáveis, para aplicação em edificações e obras em geral. Os produtos são os mais diversos, podendo ser materiais, processos de gestão de produtos, classificação de edificação, materiais e equipamentos, programas computacionais, leis e normas técnicas. Destaca-se na área de edificações, a criação das certificações para classificação dos edifícios.

Existem várias certificações espalhadas pelo mundo. No Brasil, podemos encontrar a certificação americana LEED8 Health Care (USGBC, 2010), a francesa HQE (Haute Qualité Environnementale - Alta qualidade ambiental), concedida no Brasil pela Fundação Vanzoline com o nome de Processo Aqua, o Selo Azul da Caixa Econômica Federal – CAIXA ( JOHN; PRADO, 2010) e o selo Procel Edifica (BRASIL, 2010b).

Com se trata de um processo de gestão, os certificadores produzem uma série de critérios ou categorias considerados sustentáveis, onde são atribuídos pontos ou outro método de avaliação do produto.

Neste trabalho enfocaremos somente as certificações LEED Health Care (USGBC, 2010), o Selo Azul da Caixa Econômica Federal (JOHN; PRADO, 2010) e o Selo Procel Edifica (BRASIL, 2010b).

O Selo Casa Azul CAIXA é o primeiro sistema de classificação da sustentabilidade de projetos ofertado no Brasil. O Selo Casa Azul possui 53 critérios de avaliação, distribuídos em 6 categorias que orientam a classificação de projeto. É usado para edifícios residenciais, mas serve como base para aplicação em qualquer outro tipo de edifício. As seis categorias são: qualidade urbana, projeto e conforto, eficiência energética, conservação de recursos materiais, gestão da água e práticas sociais. A classificação da certificação da CAIXA são o ouro (maior pontuação), a prata e o bronze (menor pontuação).

Selo Procel Edifica (BRASIL, 2010b), calculado conforme a Regulamento Técnico de Qualidade do Nível de Eficiência Energética dos Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos – RTQ-C tem como critérios a avaliação de eficiência energética da envoltória, da iluminação e dos equipamentos. A classificação da certificação do selo vai do nível A (mais eficiente energeticamente) ao nível E (menos eficiente energeticamente).

LEED Health Care (Leadership in Energy and Environmental Design Rating Systems) – Sistema de certificação do U.S Green Building Council para área de saúde é composto de 7 (sete) tópicos, subdivididos em pré-requisitos e créditos. Os tópicos são: sítios sustentáveis, eficiência da água, energia e atmosfera, materiais e recursos, qualidade do ar interno e inovação em projetos. A classificação da certificação do LEED Health Care é o certificado (menor pontuação), a prata, o ouro e a platina (maior pontuação).

Independente de qualquer que seja o sistema de classificação, existe um núcleo comum entre os três sistemas de avaliação, diferenciando-os por causa da especificidade de

8 LEED Health Care ( Leadership in Energy and Environmental design Design Rating Systems)

cada região, do processo de avaliação e do detalhamento de cada categoria, tópico ou critério adotado.

A tabela 2 demonstra a semelhança existente entre as categorias, os tópicos ou os critérios de classificação da Caixa Econômica Federal, do LEED Health Care da U.S Green Building Council e o Procel Edifica do INMETRO.

Tabela 2 - Quadro comparativo de sistemas de classificação para edifícios - 2010

Fonte: Autor

2.3.4 As normas técnicas específicas para EAS

Para exemplificar a complexidade de EAS quanto à legislação e normas técnicas, listaram-se no Apêndice A algumas normas que devem ser usadas em EAS, especificadamente no projeto do Complexo Ambulatorial do HUJBB. Percebe-se que existe a norma geral para elaboração de projetos de EAS que é a Resolução de Diretoria Colegiada nº 50 (RDC-50) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (BRASIL, 2004a) e, em alguns casos, normas específicas como nas unidades de serviço de diálise, imagenologia, hospital-dia.

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