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Para análise dos dados coletados utilizamos a análise de conteúdo, visando a descrição e a interpretação dos aspectos mais subjetivos, explícitos e implícitos nas respostas dos indivíduos pesquisados, o que nos auxiliou na compreensão sobre a percepção dos participantes acerca da mediação e da competência em informação na construção do conhecimento no ambiente acadêmico. Para Bardin (2011), a análise de conteúdo é compreendida como:

[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando a obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (BARDIN, 2011, p. 47).

A análise de conteúdo como conjunto de técnicas se vale da comunicação como ponto de partida, sendo esta também um elemento chave no processo de mediação da informação. Estes conceitos se entrelaçam à medida que possuem o objetivo final de produzir inferências e contribuir na construção do conhecimento dos sujeitos, escapando da exigência de neutralidade. Nesse sentido, seguindo as orientações de Bardin (2011), organizamos o processo de análise do conteúdo da entrevista e dos questionários a partir de três etapas, são elas:

1. Pré-análise:

1.1 Escolha dos documentos 1.2 Leitura flutuante

1.3 Constituição dos indicadores

2. Exploração do material: codificação dos dados 3. Tratamento dos resultados:

3.1 Ações de descrição, inferência e interpretação 3.2 Constituição dos resultados

A fase da pré-análise consistiu na seleção dos documentos reunidos após a coleta, por meio da leitura flutuante, a qual nos permitiu elaborar um apanhado geral das temáticas abordadas pelos participantes para identificarmos os indicadores dos principais assuntos, definirmos os materiais a serem analisados e por fim sistematizar os dados relatados no instrumento agrupando-os nas categorias e subcategorias de análise estabelecidas no decorrer desse processo.

Para a etapa de codificação organizamos as respostas dos participantes em uma planilha no programa Microsoft® Excel, de forma que reunimos em cada pergunta a resposta de todos os bibliotecários, o que nos permitiu uma ampla visualização dos dados obtidos, facilitando a análise e a sistematização. O tratamento dos dados contemplou a organização das respostas para apresentação por meio de gráficos e quadros.

Posteriormente, os dados foram agrupados no domínio das categorias e subcategorias para interpretação e construção de inferências. Buscamos compreender de forma fidedigna os significados das respostas, as quais nos possibilitaram abordar a problemática levantada e cumprir com os objetivos propostos inicialmente. Ressaltamos que em todas as etapas do processo observamos os critérios apresentados por Bardin (2011) de exaustividade (inclusão de todos os dados significativos definidos de acordo com os objetivos), homogeneidade (fundamentada em um único critério de classificação), exclusividade (classificação de cada elemento em apenas uma categoria) e objetividade (clareza na explicitação das regras de classificação) para garantir que as categorias sejam válidas, pertinentes e adequadas.

Desse modo, nossa primeira categoria de análise da percepção dos bibliotecários aborda a “Compreensão acerca da mediação e competência em informação” tendo foco em 3 subcategorias: a) atuação do bibliotecário; b) educação de usuários e c) construção do conhecimento. A segunda categoria propôs analisar a “Atuação da Comissão de Educação de Usuários da UFC” com desdobramento na subcategoria: d) estratégias para a construção do conhecimento. Essa estrutura será explicitada na próxima seção, onde descrevemos a análise e interpretação dos dados propriamente dita.

Considerando a caracterização da análise de conteúdo como um método destinado aos estudos das relações subjetivas dos indivíduos para propor a inferência durante a análise de dados levantados, podemos afirmar que essa técnica se adéqua de forma positiva às pesquisas no âmbito das ciências humanas e pode trazer importantes contribuições para a solução de problemas sociais.

5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Em consonância com o objetivo proposto nesse estudo de analisar a percepção, sobre a mediação e competência em informação, dos bibliotecários que atuam na Comissão de Educação de Usuários do sistema de bibliotecas da UFC, no processo de construção do conhecimento científico no ambiente universitário, aplicamos entrevista e questionários ao grupo citado, com o propósito de coletar os dados que nos permitiram desenvolver as categorias de análise de conteúdo, bem como responder os questionamentos iniciais dessa pesquisa e alcançar os objetivos traçados, como descrevemos no quadro 7:

Quadro 7 – Relação das categorias de análise de conteúdo com os objetivos de pesquisa CATEGORIA 1: Compreensão dos bibliotecários acerca da mediação e competência em informação

para a construção do conhecimento

Subcategorias Objetivo específico

1.1: Educação de usuários Descrever a percepção do bibliotecário em relação à competência em informação e o processo de mediação na educação de usuários na construção do conhecimento científico.

1.2: Atuação do bibliotecário

CATEGORIA 2: Atuação da Comissão de educação de usuários da UFC

Subcategoria Objetivo específico

2.1: Estratégias para a construção do conhecimento

Identificar as metas e ações elaboradas pela Comissão para educação de usuários e para a construção do conhecimento científico.

Fonte: Elaborado pela autora.

Como citado anteriormente, obtivemos retorno na resposta do instrumento de quatro bibliotecários da CEU e buscamos relacionar os dados provenientes em duas categorias: “Compreensão acerca da mediação e competência em informação” e “Atuação da

Comissão de educação de usuários da UFC”. Na análise das respostas, direcionamos nosso

olhar para identificar como os bibliotecários percebem a importância da sua competência em informação como profissional e quais indicadores utilizam para orientar suas ações, com a finalidade de perceber como se veem no processo de mediação para a construção do conhecimento científico no contexto universitário.

Desse modo, apresentamos a seguir a descrição dos dados coletados, acompanhados das devidas inferências e interpretações e organizados em quadros, a fim de orientar nossa discussão. Ressaltamos que os trechos dos discursos dos sujeitos participantes, que trazemos

em alguns momentos da análise, não estão identificados por questão de sigilo das identidades, por isso, optamos por utilizar apenas a letra B, seguida de numeração sequencial (1, 2, 3 e 4) para distinguir os bibliotecários.

Quanto ao perfil dos sujeitos participantes da pesquisa, 75% são do sexo feminino e 25% do sexo masculino, a faixa etária de idade se estabeleceu entre 30 e 40 anos (75%) e 45 e 55 (25%). Todos concluíram a graduação no curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Ceará entre os anos de 2006 a 2010 (75%) e 1988 a 1992 (25%) e 50% possuem pós-graduação em nível de Mestrado, enquanto os outros 50% possuem curso de especialização concluído. No gráfico 1 apresentamos os dados relativos ao tempo de prestação de serviço dos participantes da Instituição, a fim de relacionar com o tempo em que estão atuando na Comissão.

Gráfico 1 - Comparativo entre o tempo de serviço na UFC e a atuação na CEU

Fonte: Elaborado pela autora.

Legenda: S – sujeitos. T – tempo (ano).

Conforme o gráfico 1, um dos participantes da nossa pesquisa possui entre 20 e 25 anos na Instituição e, durante esse período, esteve algumas vezes atuando na Comissão, entretanto, informou que atualmente participa a menos de um ano devido ao rodízio de integrantes que acontece periodicamente. Os outros três sujeitos estão na CEU desde que assumiram o cargo de bibliotecário na Universidade. Dois deles têm entre um e cinco anos de prestação de serviço e, consequentemente, de atuação da Comissão, e o último possui entre seis e dez anos na função e na CEU.

Esses dados vêm a contribuir com as nossas inferências nessa pesquisa à medida em que nos fazem refletir acerca das concepções apresentadas pelos participantes nas próximas seções. Percebemos que o tempo de atuação do bibliotecário na Comissão é um fator que exerce grande influência na elaboração, internalização e aplicação dos conceitos de mediação e competência em informação no processo de educação de usuários. O elemento tempo nesse caso permite que os integrantes conheçam o ambiente, os usuários e o próprio sistema como um todo de forma mais profunda e específica, o que possibilita que tenham um nível de maturidade equilibrado para elaborar um planejamento adequado às demandas, bem como para a prática consciente da tomada de decisão.

O perfil dos bibliotecários evidencia ainda a tendência de uma participação de membros cada vez mais jovens na composição da Comissão, o que pode significar um estímulo para novas práticas, bem como uma maior afinidade com as ferramentas e suportes de comunicação e acesso a informação, alinhados com as inovações tecnológicas que otimizam os processos informacionais. A busca pela qualificação profissional foi um indicador que também se destacou quando relacionado às respostas fornecidas pelos participantes no questionário e na entrevista. Aqueles que informaram possuir mestrado apresentaram conceitos mais completos e se reportaram a elementos teóricos da área da CI, enquanto os demais foram mais objetivos em algumas definições, se limitando ao que percebem a partir de suas vivências diárias.

Destarte, nas próximas subseções adentramos as categorias de análise dessa pesquisa levando em consideração o perfil dos profissionais que foi traçado e observando que se constitui como um grupo relativamente homogêneo, com o pensamento alinhado entre si e com os objetivos institucionais, de modo que obtivemos algumas respostas semelhantes e outras que se complementaram, mostrando o comprometimento da Comissão com a competência técnica dos integrantes.

5.1 Compreensão dos bibliotecários acerca da mediação e competência em informação