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3 PROPOSTA METODOLÓGICA

3.5 TÉCNICA DE COLETA DE DADOS

A coleta de dados se deu em dois momentos diferentes, num primeiro momento foram realizadas entrevistas abertas individualmente para os componentes das equipes selecionadas para o estudo, e num segundo momento foi realizada uma entrevista em grupo para aprofundamento de como se dá o trabalho em equipe nas

unidades de SF estudadas. Como recursos de coleta de dados também foram utilizados o diário de campo e a observação descritiva.

A entrevista aberta, segundo Minayo (2007) é aquela que evidencia um discurso dinâmico em que espontaneidade e constrangimento são simultâneos e em que o trabalho de elaboração se configura, ao mesmo tempo, como emergência do inconsciente. Com este objetivo, foram feitas perguntas referentes ao processo de trabalho das equipes de Saúde da Família e foi solicitado aos entrevistados que eles falassem sobre um caso bem sucedido que tinham cuidado na Estratégia SF e sobre um não tão bem sucedido, a partir do entendimento dos entrevistados sobre ser ou não um caso bem sucedido.

No segundo momento, utilizando a entrevista em grupo, foi solicitado aos membros de cada equipe que falassem sobre como se dá o trabalho em equipe na unidade em que atuam. Tal instrumento foi utilizado com o objetivo de complementar as entrevistas e perceber como o tema é tratado diferentemente numa entrevista individual e na interação grupal (MINAYO, 2007).

O estudo tem base na metodologia caso traçador, cuja lógica de construção tem o objetivo de observar mais atentamente a micropolítica do trabalho em saúde na produção do cuidado de um usuário (MERHY, 1997).

Traçadores configuram-se como estratégia de investigação tanto em estudos quantitativos como em estudos qualitativos e podem ser desenhados prospectivamente ou identificados retrospectivamente (como marcadores para analisar processos do cuidado, de mudança ou educacional). A análise de traçadores permite examinar “em situação” as maneiras como se concretizam na prática processos de trabalho complexos, como os da saúde e da educação, que envolvem um importante grau de autonomia dos profissionais (SILVA et al, 2010).

Conforme Silva et al (2010), na cena concreta, expressam-se valores, conceitos e tecnologias que não necessariamente são captados numa entrevista (quando geralmente se fala do "dever ser" - e não do que realmente é - ou de como cada um interpreta a cena vivida - sem expressar necessariamente os conflitos). Dependendo do marcador, observam-se diferentes tipos de atuação da equipe, diferentes configurações de interação entre os trabalhadores e dos trabalhadores com os usuários, diferentes repertórios tecnológicos, diferentes arranjos organizacionais. O caráter de traçador do caso selecionado para estudo foi determinado por características tais como ser uma situação de sucesso ("bem sucedido") e uma situação de difícil resolução que marcou o profissional em sua atuação (“mal-sucedido”).

Desta forma, foi realizada uma adaptação do modelo caso traçador, uma vez que na metodologia original o estudo estende-se aos usuários de determinado serviço para coleta e interpretação de dados. No caso, neste estudo, a investigação foi feita com os profissionais.

As entrevistas foram realizadas nas Unidades de Saúde da Família selecionadas para o estudo, gravadas em um aparelho de MP4 da marca Sony® e transcritas integralmente, a fim de diminuir o tempo da entrevista e garantir a preservação dos dados. Os instrumentos de coletas de dados estão apresentados nos APÊNDICES A e B.

Como estratégia para coleta de dados também foi utilizado o diário de campo, um caderno de notas, em que o investigador, dia por dia, vai anotando o que observa. Nele devem ser escritas impressões pessoais que vão se modificando com o tempo, resultados de conversas informais, observações de comportamentos

contraditórios com as falas e manifestações dos interlocutores quanto aos vários pontos investigados (MINAYO, 2007).

Para esta autora, este acervo de impressões e notas contidas no diário de campo é que tornam a pesquisa de campo mais verdadeira. Este instrumento foi utilizado com intuito de confrontar os dados encontrados nas entrevistas e, portanto, foi de caráter complementar às entrevistas.

A observação descritiva, segundo Minayo (2007), é a que se realiza de forma totalmente livre, embora se deva estar sempre focado no que constitui o objeto de estudo.

3.5.1 A EXPLORAÇÃO DO CAMPO

A entrada no campo aconteceu através do contato prévio com a Coordenadora da SF do município, a qual permitiu o acesso às unidades selecionadas para o estudo e comunicou as enfermeiras gerentes sobre os dias em que as visitas seriam feitas.

Desta forma, foi possível chegar às unidades mais facilmente e as duas equipes foram bastante receptivas e acessíveis.

Para a observação e coleta de dados por meio das entrevistas foram três dias em cada unidade, para que detalhes fossem percebidos e registrados no diário de campo.

As entrevistas ocorreram sem dificuldades e todos os entrevistados colaboraram neste momento.

Para o segundo momento da coleta de dados foi realizada uma entrevista em grupo, a partir de um roteiro previamente estabelecido, que estimulava o aprofundamento do tema. A partir dos dados obtidos no primeiro momento, através das entrevistas, foi solicitado aos componentes do grupo que falassem sobre como acontece o trabalho em equipe, se eles realizavam alguma atividade em conjunto e como era a experiência de atuar com o outro profissional.

A coleta de dados através de entrevista foi realizada nos meses de fevereiro e março de 2010. A entrevista em grupo foi feita nas unidades em outubro e novembro, conforme a disponibilidade das equipes.

Em média, as entrevistas individuais duraram 10 minutos e as entrevistas em grupo duraram 20 minutos.