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Técnica de Interpretação dos Resultados

Os dados coletados foram analisados por meio da análise de conteúdo, técnica que Bardin (2017, p. 31) define como:

Análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição de conteúdo das mensagens. Não se trata de um instrumento, mas de um conjunto de apetrechos; ou, com maior rigor, um único instrumento, marcado por uma grande disparidade de formas e adaptável a um campo de aplicação muito vasto: as comunicações.

A realização da análise de conteúdo implica na adoção das seguintes fases: pré-análise, exploração do material, tratamento dos dados, inferência e interpretação. A pré-análise é a fase da organização propriamente dita. Geralmente, esta primeira fase possui três missões: a escolha dos documentos a serem submetidos à análise, a formação das hipóteses e dos objetivos e a elaboração de indicadores que fundamentem a interpretação final.

A fase de exploração do material é aquela em que, após a leitura do material obtido, se realizam as operações de codificação e de categorização do material.

A codificação é uma transformação dos dados brutos do texto, segundo regras precisas. Esta transformação é feita por recorte, agregação e enumeração e permite atingir uma representação do conteúdo ou da sua expressão, capaz de esclarecer características do texto que podem servir de índices. O recorte é a escolha das unidades; a enumeração é a escolha das regras de contagem e a classificação e a agregação corresponde à escolha das categorias.

As unidades de registro correspondem ao segmento de conteúdo a considerar como unidade de base, visando à categorização e a contagem da frequência. Há várias formas de se definir a unidade de registro: pode ser uma palavra, um tema, um personagem, um acontecimento, ou mesmo um documento.

A categorização, que nem sempre integra uma análise de conteúdo, é uma classificação dos elementos constitutivos de um conteúdo e comporta duas etapas: o inventário e a classificação. O inventário é o isolamento dos elementos e a classificação é a operação

de repartir os elementos, procurando impor certa organização na distribuição dos mesmos. Desde que a análise de conteúdo decide codificar o material, deve produzir um sistema de categorias, que permita organizá-lo.

A categorização deve apresentar as seguintes características: as categorias devem ser mutuamente exclusivas, ou seja, cada elemento só pode estar presente numa divisão, para que não haja ambiguidade; deve haver homogeneidade das categorias, ou seja, um único princípio de classificação deve presidir a organização; o critério adotado para se efetivar a classificação deve pertencer ao quadro teórico definido; a isto se dá o nome de pertinência da categorização; deve haver objetividade na definição das categorias, evitando-se distorções devidas à subjetividade dos codificadores e à variação dos juízos. O organizador da análise deve definir claramente as variáveis que trata e deve precisar os índices que determinam a entrada de um elemento numa categoria. Além disso, quando um conjunto de categorias é definido, ele deve fornecer índices de inferências, hipóteses novas e dados informacionais ricos.

A fase seguinte é a interpretação, na qual devem ser feitas as inferências pelo pesquisador. Apesar de a análise de conteúdo exigir inferências, é importante que as extrapolações do analista não comprometam a interpretação. Ao fazer as inferências, o analista obtém informações suplementares, resultantes de sua leitura crítica de uma mensagem. Esta visão crítica depende da formação do pesquisador, seja ele psicólogo, sociólogo, historiador, crítico literário, comentarista religioso ou político. A partir dos trechos que foram selecionados, ao fazer a inferência o pesquisador expressa sua visão particular do objeto de estudo, colocando o tipo de inferência que sua formação acadêmica permite fazer. No presente caso, a pesquisadora é uma especialista em Ciência da Informação e os dados devem ser tratados em busca de inferências que abordem o comportamento informacional dos sujeitos da pesquisa.

5 O CONTEXTO ESTUDADO

Este estudo tem como foco de pesquisa os líderes religiosos. Decidiu-se pelas lideranças religiosas por estas serem grandes influenciadoras de seus adeptos, tendo o líder um papel de suma importância na difusão da fé e de valores, este exerce importante papel político, social e simbólico nas mais diferentes realidades sociais, por meio da subjetividade. Considerar-se-á aqui líderes de duas religiões: a católica e a protestante. Tendo em vista tal análise, trataremos brevemente sobre a história de cada uma destas religiões, mas antes da história das religiões apresentar-se-á um panorama numérico- estatístico sobre estas religiões no Brasil, na atualidade.

Segundo dados de 2013 do Vaticano, o Brasil é o primeiro país no mundo em número de católicos (zenit.org), o Vaticano também apresenta dados mais específicos sobre a Igreja e seu aparato técnico-administrativo.

A Igreja Católica pode ser representada da seguinte forma:

123.000.000 de católicos, ou seja, 64,6% da população brasileira Igrejas Católicas em Belo Horizonte: 119

274 circunscrições eclesiásticas/dioceses 10.802 paróquias 37.827 centros pastorais 8.900 paróquias 6 cardeais 61 arcebispos 197 bispos

71 abades, coadjutores e bispos auxiliares 17.000 padres

35.000 freiras

Já a Igreja Protestante pode ser representada da seguinte forma:

42.000.000 de protestantes, ou seja, 22,2% da população brasileira Em 2004 estima-se que existiam 188.498 igrejas

Em 2015 presume-se 331.817 igrejas

Estima-se que os evangélicos abrem 14.000 igrejas por ano no Brasil

Igrejas Protestantes em Belo Horizonte: 24 sedes; 780 subsedes mais as subdivisões

3.800.000, ou seja, 2% se declaram espíritas.

A Região Sudeste foi a que mais ganhou adeptos ao espiritismo. De 2% passou para 3,1% da população, aumento de mais de 1 milhão de pessoas. O Estado com maior proporção de espíritas é o Rio de Janeiro.

Entre as religiões, os espíritas têm as maiores proporções de pessoas com Ensino Superior - 98,6%.

Os espíritas também apresentaram as menores percentagens de indivíduos sem instrução (1,8%) e com Ensino Fundamental incompleto (15%).

15.300.000 milhões, ou seja, 8% da população brasileira se declaram agnósticos e ateus e 3,2% se declaram pertencentes a outras religiões.

De acordo com o último senso brasileiro do IBGE podemos ter um panorama da divisão por sexo na escolha da religião seguida pela população brasileira, como se vê na figura 8:

Figura 8 – Índice de opção da religião por sexo

Nota-se um domínio da religião católica e uma proximidade muito grande entre homens e mulheres dentro da religião escolhida. Outro ponto a destacar é que o Brasil é um país religiosamente diverso, com uma tendência de mobilidade entre as religiões e o sincretismo religioso, isso se deve à laicicidade do Brasil, uma vez que legalmente o país apresenta liberdade de culto religioso.