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TÉCNICAS DE ANÁLISE DE DADOS

2. METODOLOGIA

2.5. TÉCNICAS DE ANÁLISE DE DADOS

Segundo Yin (1994), "a análise de dados consiste em examinar, categorizar, tabular, ou, caso contrário, recombinar as evidências para atender as proposições iniciais de um estudo12" (102). Assim sendo, nesta fase da investigação analisaram-se os dados presentes no

corpus de análise pretendendo, pela sua análise e interpretação, chegar às inferências que permitirão responder às perguntas de partida.

Para analisar os documentos que constituem o corpus de análise, recorreu-se à técnica de análise de conteúdo. Esta é uma das "técnicas usualmente utilizadas pelas ciências sociais para a exploração de documentos" (Estrela, 1994: 455) uma vez que, segundo Quivy & Campenhoudt (2003), "tem como objeto uma comunicação reproduzida num suporte material (geralmente um documento escrito)" (230) e permite "um controle posterior do tra balho de investigação" (230).

Esta técnica de análise de dados "permite fazer uma descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto das comunicações, tendo por objetivo a sua interpretação" (Carmo & Ferreira, 1998: 251).

exploração do material; e, o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação (Bardin, 2011). Procedeu-se em seguida ao desenvolvimento de cada uma destas fases.

3.5.1 Pré-análise

"Esta primeira fase possui três missões: a escolha dos documentos a serem submetidos à análise, a formulação das hipóteses e dos objetivos e a elaboração de indicadores que fundamentem a interpretação final" (Bardin, 2011: 121).

Durante esta fase, recolheram-se os documentos que iriam constituir o corpus de análise segundo os critérios de exaustividade, representatividade, homogeneidade e pertinência (Carmo & Ferreira, 1998); fez-se a leitura flutuante desses documentos para perceber se o instrumento de análise de conteúdo (taxonomia de questões de acordo com a exigência cognitiva, anexo 1) seria adequado e se, através da análise, poderia obter os dados que permitissem responder às questões iniciais.

3.5.2 Exploração do material

"Esta fase, longa e fastidiosa, consiste essencialmente em operações de codificação" (Bardin, 2011: 127). Durante esta fase codificaram-se todas as questões presentes nos documentos que integravam o corpus de análise, segundo a taxonomia de questões de Martin

et al. (1998).

Durante a codificação definiu-se como unidade de registo as questões presentes no

corpus de análise, num total de 523 questões, 250 no caso A e 273 no caso B. Definiram-se como unidades de contexto os parágrafos que, por vezes, antecedem as questões e que as contextualizam, assim como as possíveis respostas. De acordo com a referida taxonomia de questões, classificou-se cada questão como sendo de memorização, de pensamento convergente, de pensamento divergente ou de pensamento avaliativo (exemplos de questões no apêndice 1).

Na fase de exploração do material procurou-se também avaliar a fiabilidade dos dados através da triangulação do investigador. A validade e a fiabilidade das categorias "devem ser testadas, submetendo um mesmo texto a vários analistas e verifica ndo as concordâncias e divergências" (Estrela, 1994: 456). A fiabilidade "diz respeito ao problema de garantir que diferentes codificadores cheguem a resultados idênticos" (Carmo & Ferreira, 1998: 259). Se

serão considerados fiáveis, ou seja, haverá fiabilidade dos dados.

Existem vários tipos de triangulação, sendo que a utilizada nesta investigação foi a triangulação entre investigadores. Este tipo de triangulação "refere-se ao uso de mais de um observador (ou participante) no modelo de uma pesquisa13" (Cohen & Manion, 1989: 274), uma vez que "o uso cuidado de dois ou mais observadores ou participantes (...) pode levar a dados mais válidos e credíveis13" (Cohen & Manion, 1989: 274). Contou-se, então, com a colaboração de três codificadores, selecionados segundo dois critérios:

- ser licenciado na área da educação, dado que se trata de uma investigação nessa área; - ter experiência pedagógica, para introduzir uma perspetiva mais fundamentada na experiência profissional.

Cada codificador fez a análise independentemente, utilizando a mesma taxonomia. Depois de recolhidas as várias análises, organizaram-se numa tabela (apêndice 2), e compararam-se as várias codificações. Em cada questão comparou-se a codificação realizada pela investigadora com a codificação realizada por cada um dos três codificadores. Considerou-se, para cada questão, a codificação que se verificava mais vezes e, no caso de existir igual número de codificações, optou-se pela da investigadora.

Segundo Tuckman (2005), "se essa correlação for suficientemente elevada (pode situar - se, arbitrariamente, em cerca de 0,70 ou mais), pode concluir -se que as diferenças individuais, na perceção do avaliador, estã o situadas nos limites toleráveis, reduzindo assim a falta de validade interna" (291). Uma vez que se obtiveram níveis de concordância altos (90,1% para o Codificador 1, 87,4% para o Codificador 2 e 85,3% para o Codificador 3), pode-se confiar que os dados assim obtidos não põem em causa a validade das inferências que, a partir deles, se podem realizar.

3.5.3 Tratamento dos resultados

Nesta última fase da análise de conteúdo procedeu-se ao tratamento estatístico dos dados, através da estatística descritiva. Organizaram-se os dados em tabelas de frequência. De seguida, construíram-se gráficos que traduziam as informações organizadas nas tabelas (apêndice 3). Optou-se por recorrer aos gráficos por considerar a sua leitura mais intuitiva e por revelarem os dados de uma forma mais percetível. A partir desses gráficos foi feita a análise dos resultados.

desenvolvimento e de avaliação em cada uma das áreas/disciplinas; entre as várias áreas/disciplinas de cada Ciclo; e, entre os dois Ciclos, para a mesma área/disciplina. Não foi possível fazer estas comparações para todas as áreas/disciplinas, dependendo esta análise de cada um dos casos: em ambos os casos há situações onde só existem questões em documentos de desenvolvimento; no caso B há áreas/disciplinas onde só existem questões em documentos de avaliação; e no caso A não foram abordados temas, na área do Estudo do Meio, no 1º Ciclo, que permitissem fazer a ligação com a disciplina de História e Geografia de Portugal no 2º Ciclo do Ensino Básico.

Uma vez que "a análise destes dados significa a utilização dos mesmos para responder às questões da investigação" (Tuckman, 2005: 527), finda essa análise, interpretaram-se os dados e fizeram-se inferências a partir deles. Foram feitas, no entanto, com a certeza de que as inferências não poderiam ser generalizadas dado que se tratavam de estudos de caso. Os críticos “apontam o facto de a generalização não ser geralmente possível e questionam o valor do estudo de acontecimentos individuais” (Bell, 2010: 23). Isto porque um caso tem

demasiadas variáveis condicionantes, tem características próprias que são, certamente, diferentes das de outros casos que também poderiam ser analisados. Além disso, sendo o universo de análise tão vasto, não é possível generalizar com apenas um ou dois casos analisados. Contudo, é possível que outros projetem a sua experiência nos casos estudados e que estes contribuam para o seu desenvolvimento profissional.

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