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IV.  Teoria para a flauta nativa americana

7. Juntando a teoria com a prática

7.1 Técnicas de ataque e duração

O ataque consiste em movimentos feitos com a língua ou a pressão do ar para obter certos efeitos na NAF. E a duração é o tempo que você mantem a técnica para surtir o fim desejado na canção ou melodia.

 Vamos então a cada um deles:

O ataque ou articulação

Quando tocamos uma nota na flauta, não basta apenas que assopremos assim de qualquer maneira, como se estivesse enchendo um

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 balão! Existe uma técnica adequada de ataque ou tongue que fará a nota soar mais equilibrada. São técnicas simples, que requer apenas treinamento para executá-la corretamente.

 A forma como tocamos a primeira nota na canção, assim como nós a separamos das outras notas, terá um valor sonoro muito significativo para a música. Cada nota iniciada recebe uma ou várias articulações específicas, e a execução“limpa” desta técnica garante um som harmonioso e equilibrado na

melodia.

O ataque das notas é nada menos que articular ou pronunciar determinadas sílabas ao tocar a nota, ou seja, emitir sons com movimentos da boca, ao invés apenas de assoprar; esta é a técnica básica de sopro na NAF. Na verdade. Utiliza-se destas articulações, para alterar significativamente como a pressão do ar sairá de seus pulmões; quando você usa uma articulação, o som ou o ar que sai de seus pulmões e chega à garganta, recebe essa alteração fonética, digamos assim, e com isso a pressão do ar que sairá da boca alterará o som que se obterá na flauta. Legal, não?

Estas articulações ou sílabas emitidas são escolhidas para obter um determinado aspecto de som de acordo com a melodia a ser executada. Portanto é essencial que você apure os ouvidos durante o aprendizado delas, e verifique que efeitos elas poderiam proporcionar na melodia. Alguns ataques soam mais suaves, harmoniosos; outros já são mais intensos e outros mais agressivos, digamos assim. Portanto, a escolha de cada ataque  vai depender do tipo de canção que se almeja executar, da mensagem que se quer passar com ela, e também do humor do nafista  (tocador de NAF;

coloquei este termo, não sei se existe...).

Bem, há muitas pronuncias ou ataques que você pode usar na NAF. As mais utilizadas pelo meio, que percebemos, são oito. São: Taah... Ou Tuuh..., Kaah... Ou  Kuuh..., Haah... Ou  Huuh, Trooorr..., chilreado e outros.

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Um ponto importante que devemos ter em mente, é sobre como o som destas sílabas soam na nossa língua materna. Estas pronúncias foram originalmente criadas em uma língua diferente da nossa; portanto haverá uma variação de som na hora de pronunciar e de tocar na flauta. Mas não se preocupe porque isto não vai afetar expressivamente o som da NAF, pode até

dar um “charme” a mais, mesmo que você utilize os ataques na sua língua

materna. A única diferença de som que poderia ter é a vogal sair com um som mais aberto ou fechado, devido às características vocais de cada país ou região. Observe que as vogais utilizadas são sempre A , U e O. Portanto use o som delas da forma como você as articula; a diferença vai ser muito imperceptível. Certo?

 Vamos então descrevê-las:

  Ataque Taah... Ou Tuuh...

O ataque Taah é o mais básico ou utilizado. Com ele você consegue tocar com mais facilidade e o som ou a nota soará mais simples, curta. Usa- se muito para melodias mais rápidas e/ou simples.

Prática:

Faça o seguinte exercício: coloque a parte de trás de sua mão (ou a parte de trás de seu antebraço) uns 5 cm em frente de sua boca.

 Agora diga “Taah”. Diga com gosto, firme! Como se você falasse aborrecido para alguém: ““-Tááá... Eu já entendi !”

Sinta a pressão do ar saindo de sua boca criada pelo "Taaa." Perceba que este ataque vem da projeção de sua língua no “telhado” de sua boca.

O som sairá moderado, mais curto, e é um dos mais utilizados. É especialmente empregado para iniciantes.

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Pegue agora sua flauta. Segure-a firme, como lhe ensinamos anteriormente, e toque uma nota qualquer, agora utilizando este ataque, o

“taah”. Ao invés de simplesmente assoprar. A dificuldade que pode sentir é

manter o bocal da flauta ajustado em seus lábios e pronunciar ao mesmo tempo o ataque. Na verdade, você deve buscar utilizar mais o ar emitido da pronuncia do ataque, e não do som vocal propriamente dito. Mas é apenas questão de treino. Para saber se você está realizando-o corretamente, perceba se sua língua toca parte do céu da boca e até parte do bocal. Se sim,  você está no caminho certo!

É bem simples. Com o treino você o realiza sem dificuldade alguma.

 Você pode agora, substituir o Taah pelo Tuuh.

O procedimento é o mesmo, a única diferença é que durante o ataque, a língua tocará os dentes superiores e boa parte do bocal da flauta. E o som sairá um pouco mais agressivo que o ataque Taah.

Experimente. Treine ambos e escolha o que achar melhor para você. Certo?

  Ataque Kaah... Ou Kuuh...

O ataque Kaah ou Kuuh proporciona um som mais “macio” ou “leve”

do que o ataque anterior Taah. Você pode utilizá-lo sempre que quiser em determinados trechos da melodia ou em toda.

 Prática:

É o mesmo procedimento de execução do ataque anterior.

Treine primeiramente na palma de sua mão sentindo o fluxo de ar que sai de seus lábios; e após execute-o na flauta.

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 Você agora perceberá que o ar sairá “mais macio” ou fraco, em

comparação com o Taah ou Tuuh. O ataque Kaah é criado na parte de trás de sua garganta, o que torna o som um pouco mais aberto.

Já o ataque Kuuh sofre uma variação de som, porque a parte da frente da língua abaixa-se levemente e lança-se um pouco para frente, para os dentes inferiores; e a parte de posterior da língua, na garganta, emitirá uma levíssima tosse.

Repita a palavra Kuuh e perceba que o ar sai bem mais fraco que o Kaah e os lábios são direcionados para frente, como num beijo. Com esse movimento a tendência é assoprarmos como se o fizéssemos a um balão, e a quantidade de ar para o corpo da flauta é mais intenso.

É mais fácil ainda. As crianças quando estão aprendendo o instrumento inconscientemente usam este ataque, por achar que se deve apenas assoprar no instrumento.

Tente tanto o Kaah quanto o Kuuh, e utilize-os sempre, variando-os a favor da melodia.

  Ataque Haah... Ou Huuh...

O ataque Haah e Huuh soa com muito mais harmonia. O som sai mais limpo, claro, suave, do que quando se usa os ataques anteriores. Particularmente utilizo-o na execução de melodias lentas e suaves; mas fica ao seu sabor a utilização dos mesmos.

 Prática:

É o mesmo exercício como nos anteriores. Apenas substitua agora pelo Haaa... Você perceberá o ar sair muito mais “macio” e mais aberto que

o ataque Kaah. A corrente de ar começa do fundo de seus pulmões e inclui o  volume inteiro de seu sistema respiratório. Compreendeu?

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Então... Você tem o hábito de mastigar balas de menta ou canela? Às  vezes mastigamos uma tão inflamada, que involuntariamente ficamos

“assoprando” para sentir o ar sair fresco ou para aliviar a sensação de

ardência na língua, ou até lançamos fora, não é mesmo? Ou só eu que faço isso? Bem, se você já experimentou esta sensação, o mesmo jeito que você lança o ar da boca pela ardência da bala na língua, é o mesmo procedimento utilizado para conseguir o ataque Kaah! Com a diferença que os lábios estarão cerrados no bocal da flauta. Se quiser substitua pela pimenta e veja o efeito! Brincadeira...

Certo?

E para o Huuh, o movimento será parecido com o ataque Kuuh; a diferença é na língua: ela continuará inclinada para frente, mas não haverá a pequena tosse.

Procure realizar estes ataques pronunciando-os, mas também apenas emitindo o ar que passa por eles, sem criar um som. Pois à medida que você for progredindo na flauta, a tendência é apenas usarmos a forma como o ar sai destas articulações, e não o som vocal que elas emitem.

  Ataque Trooorr...

 Algumas vezes este ataque é considerado como um ornamento, através de uma pequena variação. Mas foram poucas as fontes que observei com esta referência. Portanto incluo aqui, o Trooorr como ataque, e mais adiante verá esta variação em ornamentos.

Bem, a técnica utilizada para obtê-lo é basicamente colocar a língua para agitar! O Trooorr é frequentemente chamado de "rolar a língua".

É o ataque mais difícil de realizar, mas não impossível. Demanda treino e paciência para chegar ao resultado agradável.

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É usado em determinadas partes da canção, funcionando mais como uma ferramenta de fantasia do que ataque contínuo das notas, como nos ataques anteriores.

 Prática:

Pronuncie em voz alta a palavra tro-tro-tro. Ou repita apenas o R (um R bem acentuado como os irmãos gaúchos o pronunciam: como um gaúcho falaria a palavra porrrta?! Não um Rr “torcido” como nós do interior

falamos, mas um Rrr bem ao estilo gaúcho! Tente várias vezes. Agora diga apenas um Tróó, e acrescente no final mais um r, ficando então Trooorr. Pronuncie com duração e mesma cadência, sem esmaecer o som.

 Agora tente na flauta. Escolha uma nota e utilize este ataque. Observe que esta técnica muda completamente à textura do som da flauta! Algumas pessoas não conseguem fazer isso pela dificuldade em controlar a respiração ou movimento da boca. Mas como disse, é só questão de treino e dedicação para realizá-lo corretamente.

Para conferir se você está conseguindo realizar corretamente, observe que a aponta da língua deverá fazer um movimento agitado (ela toca rapidamente nos dentes superiores e em seguida faz um movimento brusco de dobrar-se para trás). Para facilitar ainda mais, faça o ataque lentamente e depois ganhe velocidade. Você pode recuar ou aproximar a língua dos dentes ou bocal da flauta, alterando a velocidade; perceba que o som irá modificar- se expressivamente, tornando-se mais acentuado ou agressivo.

É isso!

  Ataque chilreado

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Na verdade, o chilreado é um som emitido pela pressão do ar bem no início da nota e pelo movimento da boca ao começar a executá-las. Quando se toca a nota pelo ataque Taah ou Tuuh, a tendência é que o som saia forte e depois esmaeça. Se for numa nota de curta duração, é quase imperceptível. E este som mais forte, bem no início do ataque, com o rápido movimento dos lábios na flauta, pode produzir um leve gorjear no começo da nota. Algumas flautas proporcionarão este ataque inicial mais claramente, enquanto outras praticamente não soarão.

 Prática:

 Você pode adquirir este efeito de chilro sempre que quiser, apenas invista uma pressão mais forte na respiração, antes de atacar a nota pelo ataque Taah ou Tuuh. Requer observação e treinamento para que você consiga torná-la mais perceptível. Tente várias vezes.

* **

Bem, encerramos aqui esta parte das técnicas de ataque ou articulação.

 Você pode criar as suas próprias técnicas de ataque, desde que mantenha a harmonia na melodia.

Lembrando que a NAF, não se restringe a sistemas rígidos de escrita e prática como os instrumentos comuns; basta que você utilize as técnicas  básicas próprias para ela e mantenha sempre o bom senso ou equilíbrio quando for utilizar as técnicas de ataque e, os ornamentos, que veremos a seguir.

Observe que as duas vogais, A e U é que garantem a alteração no som, tornando-o mais suave e aberto (com o A), ou intenso e fechado (com o U). Quando introduzidas as consoantes K, H, T, apenas variará a intensidade e duração da técnica, pelo movimento interno da boca e da língua. Portanto,

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utilize os ataques para chamar a atenção em sua canção, como quer que ela se apresente aos ouvintes. Use da forma como melhor convir.

Não tem segredos. Como sabemos, a teoria e prática da NAF são muito simples; requer apenas a dedicação e exercício diário até que você memorize os poucos conceitos e pegue a prática do instrumento.

Treine bastante, e quando você sentir que está mais inteirado nos ataques, parta para o próximo tópico.

Ok? Estude.

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