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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.2. Procedimento experimental

4.2.6. Técnicas de Caracterização

Os hidróxidos obtidos após secagem foram caracterizados por análise termogravimétrica (TG) com atmosfera de ar sintético (Setaram Labsys

Instrumentation, TG-DTA/DSC) e taxa de aquecimento de 10ºC/min para

observação do comportamento de decomposição desses compostos. A caracterização dos pós calcinados e moídos foi realizada empregando-se as técnicas abaixo relacionadas:

Difração de Raios X (Rigaku, Multiflex) para identificação das fases cristalinas presentes, utilizando-se radiação Cu-Kα, coletando-se os dados entre 20o e 80o, com passo de 0,02o/min. Para identificação das fases os

dados obtidos foram comparados às fichas do banco de dados ICDD

(International Crystallography Diffraction Data).

Adsorção gasosa (Quantachrome, Nova 1200) para medidas de área de superfície específica, com degaseificação a 200ºC por 15h e análise de 3 pontos.

• Determinação das isotermas de adorção e desorção de nitrogênio a 77K (Micromeritics, ASAP 2010).

Espalhamento de feixes de laser (CILAS, 1064) para determinação da distribuição de tamanho de aglomerados, com o material disperso em água e pirofosfato de sódio por 60s em ultrasom.

Microscopia Eletrônica de Varredura (Philips, XL30) para observação da forma das partículas e dos aglomerados, com o material depositado no porta amostra metálico após dispersão em acetona por 60s em ultrasom.

Caracterização das cerâmicas e compósitos:

Para caracterização das amotras sinterizadas empregou-se as seguintes técnicas:

• Determinação da densidade aparente, pelo princípio de Archimedes, de acordo com a equação:

=

× á (40)

sendo:

ρ = densidade (g.cm -3) e

• Determinação da porosidade:

(%) =

x 100 (41)

Análise microestrutural por Microscopia Eletrônica de Varredura (Phillips XL

30) para observação de superfícies de fratura e polidas. O procedimento de

polimento compreendeu o corte longitudinal das amostras com disco de diamante, desbaste e polimento com suspensões de diamante de granulometria 15, 6 e 1 µm e ataque térmico em temperatura 50oC inferior à empregada para sinterização, por 30 minutos, para revelação dos contornos de grão. As amostras foram coladas no porta-amostras com cola de prata.

Difração de Raios X (Rigaku, Multiflex) para identificação das fases cristalinas presentes, nas condições anteriormente descritas.

• Medidas de resistividade elétrica:

Uma das características da condução nos metais é a Lei de Ohm, que estabelece uma relação linear entre a diferença de potencial aplicada no material e a corrente elétrica que surge em seu interior. Ao aplicar uma diferença de potencial entre dois pontos de um material resulta no campo elétrico

E. A densidade de corrente elétrica →J no material se relaciona com o campo elétrico da seguinte forma177:

→ →

=

J

E

ρ

e

.

(42)

Sendo ρ a resistividade elétrica, que é uma grandeza intrínseca do material

analisado. A condutividade elétrica (σ) é definida como o inverso da resistividade elétrica:

e

ρ

σ

=

1

(43)

Partindo das definições de densidade de corrente elétrica e campo elétrico, podemos escrever a equação (37), que define matematicamente a

condutividade elétrica DC na forma:

V

A

l

i

.

.

=

σ

(44)

Sendo A a área da seção transversal do condutor (cm2), “l” a distância entre os dois pontos medidos (cm) e V a diferença de potencial aplicada (Volt). A unidade da condutividade é Ω-1.cm-1 ou S.cm-1 (siemens por centrímetro), onde 1S=1Ω-1.

É bastante conhecido o fato que a condutividade dos metais varia com a temperatura. A temperatura é uma grandeza macroscópica que representa a vibração dos átomos do metal e quanto maior é a temperatura, maior é a frequência de vibração. Classicamente, quando os elétrons são forçados a se movimentarem pela ação de um campo elétrico externo, eles colidem com os íons (átomos) que constituem o material. Neste caso, os átomos se comportam como barreiras à passagem dos elétrons dentro do material. Microscopicamente, quanto mais os obstáculos vibrarem, mais difícil torna- se a passagem dos elétrons, diminuindo a condutividade178. A condutividade elétrica nos metais possui comportamento diferente da condutividade elétrica nos materiais cerâmicos condutores iônicos, que ocorre devido à movimentação de íons pelas vacâncias e é termicamente ativado, ou seja, aumenta com o aumento da temperatura179,180. Além das vacâncias de oxigênio, nas cerâmicas há também o processo de condutividade elétrica devido aos saltos de pólarons 181.

As medidas de resistividade elétrica das amostras não reduzidas e reduzidas foram realizadas em um equipamento desenvolvido pelo Laboratório de

Caracterização Elétrica de Componentes de Células a Combustível de Óxido Sólido, do Centro de Células a Combustível e Hidrogênio (CCCH) do IPEN.

O sistema utilizado para a medida de resistividade elétrica pelo método de quatro pontas de prova DC consiste em um forno resistivo vertical, com atmosfera controlada, e de uma câmara porta-amostras de Inconel 600 com hastes de alumina e fios platina, conforme Figura 15. A excitação por corrente elétrica é aplicada nas extremidades dos contatos da amostra utilizando uma ponte de resistências LakeShore 370 AC, com valores entre 100µA e 10mA e frequência de 13,7Hz. O modelo 370 foi construído em um filtro passa-baixa com constante de tempo de 200 milisegundos. Este filtro é necessário para converter a saída da fase sensível do detector, operando a 13,7 Hz, para um sinal DC estável. Uma filtragem mínima é suficiente para medir pequenos valores de resistência com alta excitação. A queda de potencial é medida pela ponte de resistência entre os contatos internos, conforme Figura 15.a., fornecendo a resistência elétrica da amostra. A temperatura é monitorada por um termopar tipo K, posicionado próximo à amostra, com a tensão medida por um multímetro digital Keithley 2000.

(a) (b) (c) (d)

Figura 15. Preparação da amostra com contatos elétricos(a); Detalhe do

Porta-amostras (b); Posição da amostra (c); Forno vertical de medição (d). (Fotos cedidas por Everton Bonturin).

A aquisição e registro dos dados são realizados por computador com interface de controle General Purpose Interface Bus (GPIB) da National

Instruments, e de um software desenvolvido na plataforma Labview, Figura 16.

As amostras de SGDC/NiO foram prensadas em matriz cilíndrica de 10mm de diâmetro, sinterizadas a 1350°C e cortadas na forma de barras retangulares. Os contatos elétricos foram pintados com tinta de platina sobre a superfície das amostras, conforme a Figura 15 a, e curados a 600°C por 1h. A taxa de aquecimento foi de 3°C por minuto até 800°C e os dados de resistência e temperatura foram coletados em intervalos de 5 segundos.

Figura 16. Equipamentos utilizados na medida de resistividade pelo método de 4 pontas de prova DC. (Foto cedida por Everton Bonturin).

Inicialmente as amostras não reduzidas foram caracterizadas em ar até a temperatura de 800°C e resfriadas até temperatura ambiente, visando a obtenção da curvas de condutividade iônica da fase de céria dopada.

As amostras foram reduzidas em atmosfera de mistura 96%Ar + 4% H2 com

aquecimento até a temperatura de 800°C e taxa de 3°C/min seguida de resfriamento com a mesma taxa no próprio sistema de medição de resistividade.

A medição da resistividade em atmosfera de 96%Ar + 4% H2 ocorreu após

as amostras estarem reduzidas, com o intuito de verificar-se a condutividade da fase de níquel metálico na amostra.