CAPITULO II – METODOLOGIA
1.4. Operacionalização do Estudo de Caso
1.4.2. Técnicas de Observação e Recolha de dados
A recolha dos dados realizou-se com apoio às seguintes técnicas: recolha documental; observação participante; realização de uma entrevista, notas de campo. Com estes instrumentos procurámos colher dados que correspondam às três directrizes básicas que regem os estudos de casos, nomeadamente, a descrição, a reconstrução do ocorrido e a procura de soluções (Diogo, 1998:99).
Recolha documental
Foi efectuada uma recolha documental com recurso a documentos de domínio público entre os quais os censos, registos e dados da câmara municipal, bem como de outras organizações internacionais.
Para a recolha documental sobre a população alvo da região, foram consultados (com devida solicitação e autorização institucional) vários registos e ficheiros relativos a utentes idosos inscritos no Centro de Saúde de Ovar a usufruírem de cuidados de enfermagem domiciliários, para de forma aleatória serem escolhidos a participarem.
Estes utentes foram contactados posteriormente via telefónica, combinando com os mesmos os dias e hora que lhes conviesse a fim de se proceder a uma entrevista.
Todos tiveram conhecimento prévio do tipo de estudo a realizar e cederam a um consentimento informado escrito.
Realização de uma entrevista
Conforme Selltiz (2000) a entrevista é uma das técnicas de recolha de dados mais utilizada no âmbito das pesquisas. Esta técnica é bastante adequada para a obtenção de informações acerca do que as pessoas sabem, sentem, crêem, esperam ou desejam, bem como acerca das suas explicações ou razões a respeito das coisas precedentes.
Segundo Martins (2001), pode se definir a entrevista como a técnica em que o entrevistador se apresenta frente ao investigado e formula perguntas, com o objectivo de obtenção de dados que interessam a investigação
Para Goode e Hard (cit, in Lakatos, 2001:196) a entrevista consiste no desenvolvimento de precisão, focalização, fidedignidade e validade de certo acto social como a conversação.
Além da obtenção de informações do entrevistado, tem como objectivos a averiguação de factos; a determinação das opiniões sobre os factos; a determinação de sentimentos; a descoberta de planos de acção; a conduta actual ou do passado e motivos conscientes para opiniões, sentimentos, sistemas ou condutas (Lakatos e Marconi, 2001).
Segundo Richardson (2000), a abordagem qualitativa considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números, opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Os estudos de natureza descritiva
propõem-se a investigar o que é, ou seja, a descobrir as características de um fenómeno como tal.
Desta forma a sua realização foi baseada na observação directa e intensa, com recolha de dados efectuada através de uma entrevista estruturada.
Optamos pela entrevista pelo facto deste ser um método com características narrativas e também devido:
• Ás características peculiares da população geriátrica;
• Possibilitar o estudo de indivíduos analfabetos e/ou em situações físicas que impossibilitam a escrita;
• Permitir uma correcção imediata de questões mal interpretadas.
O local escolhido para as efectuar será o domicílio do idoso, “fora” do âmbito dos cuidados, nos dias e horas a combinar com o entrevistado.
Na recolha de dados será dada abertura ao entrevistado, para que seguindo uma linha de orientação nossa, narre os seus pontos de vista; pelo que optámos por construir um guião (Anexo III).
O guião serve como “checklist” e assegura basicamente que a mesma informação seja obtida a um conjunto de várias pessoas. O entrevistador pode esclarecer as questões e manter a ordem das perguntas para todos os participantes tentando assim aumentar a possibilidade de comparação entre elas.
Distribuiremos as questões de acordo com as seguintes dimensões ou indicadores:
• Reconhecimento do papel do enfermeiro;
• Cuidados de enfermagem a nível psico biológico; • Cuidados de enfermagem a nível psico espiritual; • Cuidados de enfermagem a nível psico social.
A recolha da informação insidirá sobre uma amostragem não aleatória, já que pode ser utilizada, a partir de escolhas intencionais dependentes dos seus objectivos.
Tenham idade igual ou superior a 65 anos;
Estejam a usufruir de cuidados de enfermagem nos seus domicílios;
Consigam comunicar oralmente;
Sejam utentes do Centro de Saúde de Ovar;
Aceitem colaborar neste estudo
Observação Participante
Através da observação participante procurámos proceder a uma análise qualitativa dos cenários de estudo, pretendendo entender o contexto em que decorre a acção, ter acesso a fenómenos que habitualmente possam passar despercebidos aos intervenientes, obter informação pertinente em relação à qual os sujeitos possam estar relutantes em a referir nos questionários, desenvolver um corpo de conhecimento sobre o terreno da pesquisa e que possa constituir um recurso importante para a compreensão e interpretação das situações, (Patton, 1980).
Optamos por realizar uma recolha de dados descritivos, associados a uma forte componente reflexiva.
Bogdan & Biklen (1994:152) defendem que nestes registos escritos devem existir dois tipos de materiais:
• Descritivo
• A componente reflexiva
Esta ultima tem como objectivos registar as reflexões sobre:
• a análise/interpretação que o observador faz dos dados por ele recolhidos;
• o método que utiliza;
• os conflitos e dilemas éticos;
• o ponto de vista do observador (a forma como a sua experiência de vida o conduz ao tipo de análises/apreciações que faz);
• os pontos de clarificação (ex.: correcção de erros, ou confusões cometidos pelo observador em sessões anteriores e que importa corrigir).
Recorremos á observação participante em todas as deslocações e contactos. No entanto esta não foi organizada, nem sistematizada, sendo apenas para clarificação dos dados recolhidos nas entrevistas.
Instrumentos Métricos
Também achamos pertinente caracterizar os elementos da nossa amostragem de acordo com o seu grau de dependência, no sentido de averiguar se as opiniões dos idosos variam ou não consoante a sua situação de saúde.
Para a avaliação do grau de dependência usaremos a Escala “ Índice de Katz Padl” (Anexo IV). Esta escala foi criada para avaliar a capacidade funcional do paciente.
O "Índice de Katz para Actividades da Vida Diária “ aborda áreas como: banho, capacidade para vestir-se, usar o WC, locomoção, continência e alimentação.
De acordo com o nível de dependência do utente, há três níveis possíveis para cada um dos itens:
Independente,
Necessita de assistência,
Dependente.
Também aplicaremos a Escala Mini – Mental State Examination (MMSE) utilizada vulgarmente para avaliação das funções cognitivas do idoso, isto porque a deterioração das faculdades mentais será um critério de exclusão.
O MMSE (anexo V) é composto por diversas questões tipicamente agrupadas em sete categorias, cada uma delas planeada com o objectivo de avaliar "funções" cognitivas específicas:
⇒ Orientação no tempo (5 pontos),
⇒ Atenção e cálculo (5 pontos),
⇒ Memorização das três palavras (3 pontos),
⇒ Linguagem (8 pontos),
⇒ Capacidade construtiva visual (1 ponto).
O score do MMSE pode variar de um mínimo de 0 até um total máximo de 30 pontos. A escala é simples de usar e pode ser facilmente aplicada em 5-10 minutos. Tombaugh e McIntyre (1992) observaram que a escala tem boa consistência interna e confiabilidade teste-reteste (0,80 a 0,95).