4. Metodologia: investigação 57
4.2 Técnicas e instrumentos de recolha de dados 57
Como defende Lígia Máximo-‐‑Esteves (2008) o facto de o professor ser também o investigador pode trazer vantagens e inconvenientes. A falta de distanciamento do investigador pode ser, segundo esta autora, um bloqueador de discernimento que tem a ver também com o envolvimento existente com o contexto. Por outro lado, a mesma autora fala também em vantagens tais como uma mais ampla e profunda capacidade de compreensão das questões e a vantagem de ter à partida a colaboração e confiança do grupo envolvido.
Assim, os instrumentos e técnicas de recolha de dados utilizados nesta investigação foram a observação participante através de notas de campo, registos de vídeo e áudio, entrevistas semiestruturadas (também recolhidas em vídeo e áudio).
4.2.1 Notas de campo
Segundo (Nisbet, 1977), “O investigador/professor, ou o estudante que trabalhe sozinho, pode ser comparado a uma equipa de investigadores quando se dedica pessoalmente à observação e análise de casos individuais. A observação, porém, não é um dom natural, mas uma atividade altamente qualificada para a qual é necessário não só́ um grande conhecimento e compreensão de fundo, como também a capacidade para desenvolver raciocínios originais e a habilidade para identificar acontecimentos significativos. Não é certamente uma opção fácil”
É essencial a planificação e orientação cuidadosa deste tipo de estudos, tal como alguma prática.
Esta é no entanto uma técnica que pode revelar-‐‑se bastante eficaz e fidedigna “ na medida em que a informação obtida não se encontra condicionada pelas opiniões e pontos de vista dos sujeitos, como acontece nas entrevistas e nos questionários” (Afonso, N., 2005, p.91).
Este método não foi muito utilizado neste trabalho de investigação, no entanto manteve-‐‑se a preocupação de ser o mais concreto possível e focado em descrever apenas as observações manifestadas.
4.2.2 Registos vídeo
Durante este projeto de investigação foram efetuados vários registos vídeo e áudio. As entrevistas, os concertos e alguns momentos de aula foram registados em vídeo, pois, segundo vários autores o vídeo é cada vez mais utilizado como técnica de recolha de dados.
Koshy (2005) refere que, as gravações, permitem analisar diferentes aspetos da atividade realizada e verificar situações inesperadas, que podem ser significativas. A mesma autora diz ainda que através dos vídeos podemos recolher informações importantes sobre a participação e atitudes dos alunos.
4.2.3 Entrevistas
Na etapa final do processo, foi de grande importância a realização de entrevistas a cada um dos grupos como instrumento de recolha de dados servido como complemento aos dados recolhidos através da observação.
Segundo Natércio (2005), citado por Verdelho (2014) a entrevista consiste, “numa interação verbal entre o entrevistador e o respondente, em situação de face a face ou por intermédio de um telefone” (Natércio, 2005:97).
Na sala de aula foram formados 5 grupos de 4 alunos e 2 grupos de 5 alunos. Procedeu-‐‑se então às entrevistas semiestruturadas, uma vez que possuído um guião de entrevista, as perguntas contidas no mesmo foram sendo adaptadas consoante o discurso dos entrevistados.
Foram também entrevistados 3 encarregados de educação de forma a melhor entender o ponto de vista dos mesmos no culminar do processo.
O guião preparado para as entrevistas realizadas aos alunos centrou-‐‑se assim nas seguintes categorias: perceções, aprendizagens musicais e aprendizagens sociais. Estas categorias foram organizadas em diferentes subcategorias: repertório, contextos/concertos, vocais, instrumentais, tecnológicas, (aprendizagens sociais) em grupo, partilha com a comunidade e intercâmbio de aprendizagens.
Por sua vez, o guião preparado para as entrevistas realizadas aos encarregados de educação, encontra-‐‑se organizado nas seguintes categorias: perceções, aprendizagens musicais, aprendizagens sociais, e questões finais. Em relação às subcategorias, a
grupo, partilha com a comunidade, intercâmbio de aprendizagens e finalmente sugestões.
A entrevista é assim, muito importante para este estudo, sendo que, permitirá na fase de categorização das respostas, um melhor conhecimento sobre o pensamento do entrevistado ainda potenciado pelo facto de as mesmas entrevistas terem sido também gravadas em áudio/vídeo.
Tabela 1 -‐‑ Tabela/Guião de entrevistas aos alunos Fonte: autor
Categorias Subcategorias Questões
Pe
rc
eç
õe
s
RepertórioQual a peça de que gostaste mais? E a que gostaste menos?
Qual a peça onde aprendeste mais coisas? Contextos
concertos
Qual foi o teu concerto favorito? Porquê?
Qual o local onde gostas-‐‑te mais de cantar? Porquê? Quais as dinâmicas que sugeres de futuro?
Ap
re
nd
iz
ag
en
s
m
us
ic
ai
s
VocaisO que é que aprendeste nas aulas de Coro? Que cuidados devemos ter ao cantar?
O que é que é preciso para um Coro cantar bem? Como é que avalias o nosso Coro? Porquê? Como devemos produzir o som com a nossa voz? Achas que tu e os teus colegas cantaram a afinados?
Instrumentais
O que aprendeste com a utilização de percussão (copos) na peça siyahamba?
O siyahamba tem sido das peças que mais agrada nos concertos, na vossa opinião, quais os motivos desta preferência?
O que achas mais complicado? Aprender uma peça coral a 3 vozes ou uma peça com percussão rítmica? (Dona Nobis ou siyahamba)
Quais para ti as principais diferenças de cantar com acompanhamento instrumental ou cantar à capela? Quais poderão ser as vantagens de cantar com e sem instrumentos?
Tecnológicas
Quantos tipos de microfones conheces? O que é uma pista de áudio?
Qual a vantagem de gravar por pistas?
Qual é para ti a diferença de cantar em estúdio ou ao vivo?
Ap
re
nd
iz
ag
en
s
so
ci
ai
s
Em grupo Qual a diferença entre cantarmos sozinhos ou em grupo? Quais as regras fundamentais quando se canta em grupo?Partilha com a comunidade
Qual é para ti a importância de gravarmos um cd? Quando o cd estiver pronto, o que pretendes fazer com ele?
Qual a importância para ti, de terem sido apresentados vários concertos? Porquê? E para o público? (Abrantes)
Intercâmbio de aprendizagens
O que aprendeste com a experiência de cantar com os elementos do grupo coral do sertanense?
Tabela 2 -‐‑ Tabela/Guião de entrevistas aos encarregados de educação Fonte: autor
Categorias Subcategorias Questões
Pe
rc
eç
õe
s
Repertório Qual a peça de que gostou mais? Sentiu motivação no seu filho(a)?
Contextos/concertos
Qual foi o seu concerto favorito? Porquê? Acha que estas dinâmicas são importantes para o seu filho?
Qual considera ser a motivação do seu filho para estas dinâmicas?
Quais as dinâmicas que sugere de futuro?
Apr
end
iz
ag
en
s
m
usi
ca
is
Vocais
O que acha que o seu/a sua filho(a) tem aprendido na disciplina de Coro?
Apr
end
iz
ag
ens
s
oc
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Em grupo Considera que o Coro pode também ser um fator de sociabilização? Partilha com a
comunidade
Qual a importância para si, de terem sido apresentados vários concertos? Porquê? E para o público em geral?
Intercâmbio de aprendizagens
Em sua opinião, qual a importância do intercâmbio com o grupo coral do Sertanense?
Qu
es
tõ
es
F
in
ai
s
SugestõesSe tiver ficado a faltar alguma questão que considere importante para o tema em estudo, ou algo que não tenha tido oportunidade de partilhar no decurso da entrevista, agradeço que o acrescente.