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Técnicas e instrumentos de recolha de dados

CAPÍTULO 3 A ESCOLA E A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO

4.5. Técnicas e instrumentos de recolha de dados

Para a realização deste estudo optámos por recorrer a uma diversidade de técnicas e instrumentos de recolha de dados, visando a complementaridade e a triangulação de informações, a saber: pesquisa documental (tanto do Regulamento Interno, como do Plano Anual de Atividades; entrevista dirigida aos EE de alunos do 2.º CEB e questionários aos professores de EVT e aos DT do 2.º CEB.

A pesquisa documental é, de acordo com Marconi e Lakatos (2003), uma técnica indireta de recolha de dados, que pode utilizar uma variedade de fontes. No caso concreto, utiliza o Regulamento Interno e o Anual de Atividades. Com base nestes documentos procedemos à análise documental que pode ser definida como “uma operação ou um conjunto de operações visando representar o conteúdo de um documento sob uma forma diferente da original, a fim de facilitar num estado ulterior, a sua consulta e referenciação” (Chaumier, 1974, citado por Bardin, 1977, p.45).

Foram selecionados o Regulamento Interno e o Anual de Atividades, por se entender serem estes documentos decisivos e determinantes do funcionamento, preocupações, valores e objetivos da escola, assim como das atividades pensadas para a sua execução/realização durante o ano letivo.

A entrevista foi uma outra técnica a que recorremos, a fim de obter um conjunto de informações úteis para o nosso estudo.

Uma entrevista consiste numa conversa intencional, geralmente entre duas pessoas, embora por vezes possa envolver mais pessoas (Morgan, 1988), dirigida por uma das pessoas, com o objectivo de obter informações sobre a outra. (Bogdan & Biklan 1991, p. 134).

As entrevistas aos EE seguem o modelo de entrevista semiestruturada, dado que, apesar de pretendermos ter uma linha condutora, interessa-nos também perceber os entrevistados no seu enquadramento inter-relacional e cultural.

Foi elaborado um guião subdividido em cinco blocos: (i) identificação dos participantes; (ii) contextualização geográfica; (iii) transmissão de cultura geracional; (iv) conhecimento de associações que preservem a cultura; e, por último, (v) participação do educando na vida cultural local. O primeiro bloco visa a caracterização dos entrevistados; o segundo bloco pretende perceber se o período de fixação de residência permitiu a assimilação de vivências culturais; o terceiro bloco tem o intuito de perceber várias situações: se o EE se preocupa em transmitir a cultura do seu universo às gerações seguintes; se o educando tem uma participação ativa na vida cultural; e se a escola tem como preocupação promover a participação do EE em atividades de cariz cultural. O quarto bloco tem por objetivo saber se os EE têm conhecimento de alguma associação que se preocupe em preservar a cultura local. Por último, o quinto bloco tem em vista saber se o educando participa em alguma atividade cultural sobre a vida local.

As questões que procuram dar respostas a estes objetivos são simples e diretas, para não criar qualquer confusão na sua interpretação e para ser acessível a todos os EE (cf. Anexo 4).

Os questionários aos professores de EVT e aos DT foram elaborados para efeitos de investigação, tendo em conta as recomendações de McMillan e Schumacher (1989), Tuckman (1994) e Fortin (2003).

Sobre as capacidades e limites dos questionários, McMillan e Schumacher (1989) designam-nos como instrumentos não cognitivos. Contrariamente aos testes, estes instrumentos não são utilizados para avaliar os sujeitos, mas antes para conhecê-los quanto às variáveis de interesse para o investigador, acabando por ter um valor informativo, ao invés de uma valor avaliativo. Pretende-se evitar o risco de respostas omissas e de respostas falsas, através de uma elaboração minuciosa dos questionários.

O questionário aos professores de EVT foi dividido em três partes. A primeira parte tem por objetivo recolher os dados da caracterização sociodemográfica dos participantes: idade, sexo e habilitações académicas.

A segunda parte aborda o método de ensino/aprendizagem, auscultando o professor de EVT em relação a aspetos como: se considera importante a promoção da cultura local no processo de ensino/aprendizagem; se considera que os alunos poderiam beneficiar de um método de ensino que se preocupasse mais com as suas vivências culturais; se o professor de EVT costuma abordar aspetos do património

cultural imaterial nas suas aulas e como acha que devem ser abordados; se considera pertinente que os alunos articulem os conhecimentos específicos da disciplina de EVT com o património cultural imaterial e, em que medida, considera importante a interligação da disciplina com a comunidade local; e, ainda, tendo em conta a mobilidade docente, se acha importante que o professor de EVT tenha a preocupação de conhecer a cultura local e a projete nas atividades letivas.

A terceira parte, referente à escola e à comunidade, pergunta ao professor de EVT: se considera que a escola, nos seus planos e regulamentos, prevê o incentivo ao conhecimento do património cultural imaterial; se promove atividades culturais apelando à participação da comunidade local; quais as atividades que são mais valorizadas em termos de ensino/aprendizagem e, por último, se considera que a escola onde leciona estimula a realização de atividades culturais apelando à participação da comunidade envolvente (cf. Anexo 5).

No que respeita à organização do questionário aos DT, também este se divide em três partes, sendo que a primeira parte visa recolher dados sociodemográficos (idade, sexo e habilitações académicas). A segunda parte pretende questionar os DT sobre se consideram importante a promoção da cultura local e, também, se a aula de Formação Cívica deve ser orientada de maneira a estabelecer laços/relações de proximidade entre a cultura dos pais e o processo de formação dos educandos.

A terceira parte diz respeito à escola e à comunidade, onde se tenta perceber qual o grau de importância que os DT atribuem à promoção da interligação da escola às tradições populares da comunidade envolvente e, ainda, se apoiam as atividades culturais e as tradições populares nas suas direções de turma. Questiona-se, também, se consideram que as escolas, nos seus planos e regulamentos, preveem o incentivo ao conhecimento do património cultural imaterial, e ainda, se, na construção da Planificação Anual, consideram atividades de complemento curricular relacionadas com aspetos de natureza cultural. Uma questão abordada prende-se com a necessidade de saber se em contexto de Conselho de Turma, há orientações concretas de incentivo e promoção do conhecimento popular, e por último, averiguar, como DT, incentivam a participação dos pais em atividades de promoção dos valores culturais da região onde a escola se insere (cf. Anexo 6).

Dos doze questionários distribuídos aos DT, obtivemos apenas oito respostas, sendo a taxa de devolução de 66,7%.

Dos nove questionários distribuídos aos professores de EVT recebemos nove questionários, ou seja, a sua totalidade.

No que respeita às entrevistas aos EE, conseguimos entrevistar quinze pessoas que aceitaram participar neste estudo, das 12 turmas do 5.º e 6.º anos.

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