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Técnicas e instrumentos de pesquisa para a recolha de dados

Parte II. Estudo Empírico

5. Metodologia

5.4. Técnicas e instrumentos de pesquisa para a recolha de dados

A execução da investigação é feita através da recolha de dados, nesta etapa inicia-se a aplicação dos instrumentos elaborados e de todas as técnicas selecionadas. As técnicas são então, ferramentas ou instrumentos utilizados para o desenvolvimento da investigação e ainda, para recolher a informação necessária. Esta tarefa exige muita paciência, disponibilidade, um bom cuidado e preparação dos registos. Existem vários procedimentos para se realizar a recolha de dados, que variam conforme o tipo de instigação que o investigador faz.

5.4.1. Entrevista a reformados da Indústria Mineira

De forma a obter informações sobre os reformados, que nos permitissem alcançar os objetivos definidos no presente estudo, foram aplicadas entrevistas aos mesmos. Neste sentido, o entrevistador tinha conhecimento de todos os temas sobre os quais tinha de obter informação, as perguntas foram lançadas no desenvolvimento da conversa, tendo sido deixadas ao seu critério a ordem e a forma e apenas fixadas uma orientação para o início da entrevista (Ghiglione & Matalon, 2001). Estes tipos de entrevistas caracterizam-se essencialmente por ser uma comunicação de carácter informal entre o entrevistador e o entrevistado.

Assim, foi elaborado um guião de entrevista composto por sete dimensões sendo elas: 1. Caracterização do reformado;

2. Caracterização do período de atividade profissional; 3. A passagem à reforma;

4. Medidas de prevenção da saúde, alimentação, consumo de substância e bem-estar na altura da reforma;

5. Medidas de prevenção da saúde, alimentação, consumo de substância e bem-estar no presente;

6. Atividades de vida diária; 7. Envelhecimento Ativo;

E ainda, por uma questão de resposta aberta que permitisse que o entrevistado deixasse alguma opinião, reflexão, sugestão ou conselho.

5.4.2. Questionário da Vulnerabilidade ao Stress – 23 QVS

De forma a avaliar a vulnerabilidade ao stress dos indivíduos em situação de reforma, foi aplicado o Questionário de Vulnerabilidade ao Stress – 23 QVS (Vaz Serra, 2000). Este consiste num instrumento de autoavaliação que permite avaliar a vulnerabilidade psicológica que os participantes apresentam numa situação incitadora de stress.

É composto por 23 itens, através de uma escala de Likert (cada questão pode ser respondida em função de cinco classes: concordo em absoluto, concordo bastante, nem concordo nem discordo,

discordo bastante e discordo em absoluto), pretende essencialmente analisar o perfeccionismo

e intolerância à frustração, inibição e dependência funcional, carência de apoio social, condições de vida adversas, dramatização da existência, subjugação, de deprivação, de afeto e rejeição. A escala está construída para que a cotação final, quanto mais elevada for, mais se relaciona com a vulnerabilidade ao stress (Vaz-Serra, A., 2000).

Neste sentido, os indivíduos que obtenham um valor igual ou superior a 43 devem ser considerados vulneráveis ao stress.

5.4.3. Inventário da Satisfação com a Reforma

Foi também aplicado o Inventário de Satisfação com a Reforma que consiste num instrumento original, desenhado por uma equipa de investigadores norte-americanos, denominado “The

Retirement Satisfaction Invetory” (Floyd, Haynes, Doll, Winemiller, Lemsky, Burgy, Werle &

Heilman, 1992),adaptado à população portuguesa. Esta versão foi adaptada e validada pelos autores Fonseca e Paúl em 1999.

O Inventário de Satisfação com a Reforma é um instrumento que “visa refletir as questões relativas à reforma sob um ponto de vista desenvolvimental “de ciclo de vida”, encarando-a justamente como um acontecimento de vida que suscita a necessidade de se analisar e compreender: a avaliação que o indivíduo faz da sua vida passada e dos sentimentos decorrentes da transição vida profissional - reforma, isto é, da "passagem à reforma"; a avaliação da satisfação de vida atual; a avaliação das principais expectativas futuras em termos de adaptação

à condição de "reformado" (Fonseca, 2011, p. 439).

Neste sentido, o presente instrumento foi utilizado de forma a avaliar a transição e adaptação à reforma tendo em conta as razões para a reforma, a satisfação da vida e os motivos de prazer e/ou os fatores de bem-estar durante a reforma.

5.5. Procedimento

Na definição dos instrumentos para a recolha dos dados foi importante a orientação com base em temas que se revelaram fundamentais para a compreensão da forma como os participantes vivenciaram o processo de reforma e a satisfação com a mesma, de modo a alcançar os objetivos propostos para o estudo: reforma, saúde, qualidade de vida satisfação, bem-estar, profissão de desgaste e envelhecimento ativo. Foram estes os temas que estiveram na base do guião de entrevista.

O guião de entrevista foi elaborado após uma revisão bibliográfica rigorosa e exaustiva tendo por base os temas referidos anteriormente. Neste sentido, procedeu-se à construção de uma primeira versão do guião de entrevista que foi sujeito a uma revisão por parte dos orientadores do presente estudo. Após ter sido alcançada a versão final, foi importante ter em consideração que se tratava de uma entrevista semiestrutura, que permite, se necessário na fase de entrevista, fazer alguns ajustes.

Seguidamente e de forma a complementar a entrevista, foram selecionados dois instrumentos para serem aplicados. Neste sentido, solicitou-se, via e-mail, a autorização para a aplicação do Questionário de Vulnerabilidade ao Stress – 23 QVS ao Professor Doutor Adriano Vaz Serra, que forneceu todos os instrumentos e mecanismos necessários para analisar o questionário. E ainda, a autorização para a aplicação do Inventário de Satisfação com a Reforma ao Professor Doutor António Manuel Fonseca que, por sua vez, deu parecer positivo.

Procedeu-se ao contacto prévio com todos os entrevistados no sentido de explicar o tema principal do trabalho bem como dar a conhecer os objetivos, garantindo a confidencialidade e o anonimato das respostas. O primeiro contacto foi feito pela autora do trabalho e os indivíduos aceitaram de imediato participar no presente estudo, o que permitiu marcar as entrevistas de forma breve, num local e hora de acordo com a sua total disponibilidade. As entrevistas foram realizadas nas casas dos entrevistados, num ambiente calmo, tranquilo e acolhedor, com a presença apenas do entrevistado e da autora do trabalho. No decorrer das mesmas, foi adotada uma postura de disponibilidade para ouvir o entrevistado, mesmo quando o assunto não se relacionava diretamente com aquilo que se pretendia abordar e saber. As entrevistas tiveram uma duração entre 60 a 90 minutos.

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