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2.1.1 Aquisição e representação do conhecimento

2.1.1.3 Técnicas para elicitação do conhecimento

As fontes potenciais de conhecimento são os especialistas humanos (a principal fonte), livros-texto, bancos de dados, documentos com relatos de experiências e estudos, e a experiência pessoal do engenheiro do conhecimento (MILTON, 2007).

Existem várias técnicas para se obter conhecimento, entre elas: análise de textos, análise do comportamento, cenários e entrevistas (CORDINGLEY, 1989; SHADBOLT, O'HARA e CROW, 1999).

Na análise de textos, realiza-se a extração do conhecimento através da consulta a livros-textos. O elicitante deve assimilar o conhecimento consultando vários livros na tentativa de adquirir informações do próprio especialista (CORDINGLEY, 1989).

A análise do comportamento ou técnica da observação consiste em observar as tarefas que o especialista executa, podendo interromper a análise do especialista para questionar pontos que não se compreenda (SHADBOLT, O'HARA e CROW, 1999).

Na técnica de cenários, o elicitante submete casos (tarefas) reais ou hipotéticos ao especia1ista e acompanha sua resolução. Os casos devem ser escolhidos de tal forma que reflitam: problemas relevantes, problemas que cubram uma porção considerável do domínio e problemas de variados graus de imprecisão. A técnica de cenários enfatiza o raciocínio baseado em casos onde a solução do problema se dá pela adaptação de uma solução conhecida para um problema semelhante (CORDINGLEY, 1989).

A entrevista é uma atividade de interação entre o e1icitante e o especialista, que se baseia em uma estratégia de perguntas e respostas. A entrevista prevê a realização de várias sessões de discussão e pode ser direcionada, estruturada e semi-estruturada (SHADBOLT, O'HARA e CROW, 1999):

x A entrevista direcionada é semelhante a uma conversação comum, na qual o especialista conversa com o elicitante sobre assuntos específicos de seu domínio. A entrevista geralmente segue uma agenda pré-determinada na qual são selecionados previamente itens específicos sobre a área a ser pesquisada. A agenda pode ser enviada com antecedência para o especialista para que ele se familiarize com as questões. O objetivo da entrevista direcionada é adquirir uma visão completa tanto da área como das tarefas que o especialista realiza;

x A entrevista semi-estruturada é semelhante a um interrogatório. A informação é requerida a uma profundidade e especificidade maiores do que na entrevista direcionada. O objetivo é obter um entendimento das questões, ou seja, dividir as

tarefas gerais em subtarefas para facilitar o trabalho. Esta forma de entrevista envolve uma lista de questões que se pergunta e a ordem destas questões pode variar de entrevista para entrevista. Esta flexibilidade permite ao elicitante adotar vocabulários de acordo com o andamento da entrevista para apropriar os itens a se questionar sobre o assunto proposto. A entrevista semi-estruturada é aquela que combina perguntas fechadas e abertas, e que permite ao entrevistado discorrer sobre o tema sugerido sem que o entrevistador fixe determinadas respostas ou condições;

x As entrevistas estruturadas têm várias características que as fazem úteis para a AC. Estas entrevistas envolvem pré-planejamento cuidadoso das questões e da ordem destas, bem como a especificação de eventos que o entrevistador deve e não deve fazer. A entrevista estruturada ocorre depois que o entrevistador tem algum domínio do assunto, pois requer um roteiro de perguntas fechadas, previamente elaboradas, com o objetivo de extrair as informações que faltaram na entrevista semi-estruturada.

Há muitos obstáculos a serem considerados durante o processo de AC, a saber: os especialistas possuem vastas quantidades de conhecimento e este conhecimento geralmente é tácito (eles não têm noção de tudo o que sabem e utilizam para resolver um determinado problema), os especialistas são pessoas muito ocupadas e de difícil abordagem e, além disso, cada especialista não conhece tudo sobre o domínio em questão. Desta forma, para o sucesso do processo de AC é necessário que se crie condições de contorno para os problemas mencionados. Sugere-se retirar o especialista de seu trabalho por curtos períodos de tempo, enfocar no conhecimento essencial, tentar extrair o conhecimento tácito e entrevistar diferentes especialistas.

Para ilustrar de maneira geral o processo de AC apresenta-se o exemplo de Milton (2007) através de uma metodologia de abordagem simples. Este método começa com o uso de técnicas simples e então prossegue para técnicas mais elaboradas.

x O primeiro passo envolve conduzir uma entrevista inicial com o especialista com o objetivo de estabelecer o escopo do conhecimento a ser adquirido, determinar qual o propósito para este conhecimento, adquirir vocabulário do domínio e estabelecer uma comunicação com o especialista. Esta entrevista (como todas as demais conversas) deve ser gravada para não se perder informações;

x Na seqüência deve-se transcrever a entrevista inicial e analisar o protocolo resultante. Então, deve-se criar uma hierarquia de conceitos sobre o conhecimento resultante para que se obtenha uma representação geral do domínio. A hierarquia criada pode ser utilizada para produzir um conjunto de questões sobre os principais assuntos do domínio e servir de meta para o projeto de AC;

x No terceiro passo, conduz-se uma entrevista semi-estruturada com o especialista utilizando as questões previamente planejadas com objetivo de prover estrutura e foco;

x Então, deve-se transcrever a entrevista semi-estruturada e analisar o protocolo resultante. Geralmente como resultado desta entrevista obtém-se os principais conceitos, atributos, valores, relacionamentos e regras do domínio;

x No quinto passo, sugere-se a representação deste conhecimento utilizando o modelo mais apropriado (esquemas, diagramas, hipertextos, entre outros).

x Este modelo embasa o desenvolvimento de um questionário para entrevista estruturada, a qual deve ser realizada e também representada em um modelo.

As etapas descritas devem ser repetidas até que o modelo gerado satisfaça as expectativas do especialista. Após o fechamento com o primeiro especialista, este conhecimento deve ser validado com outros especialistas que podem solicitar adequações no conhecimento quando necessário

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