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2 Referencial teórico

2.2 Riscos em projetos

2.2.4 Técnicas para análise de riscos em projetos

2.2.4.2 Técnicas probabilísticas na análise de investimentos

Entre as técnicas probabilísticas para análise de investimentos analisadas nesta seção são a simulação de Monte Carlo, a análise de sensibilidade, a árvore de decisão e a teoria das opções reais. Essas vão além das técnicas estáticas apresentadas anteriormente por levar em consideração a distribuição de probabilidade associada ao resultado do fluxo de caixa do investimento.

2.2.4.2.1 Simulação de Monte Carlo (SMC)

Com relação à abordagem probabilística para análise de projetos de investimento, essas são considerados mais completas do que as duas técnicas discutas anteriormente, permitindo a determinação de possíveis valores que um ativo terá caso algum evento inesperado ocorra. Entre os métodos probabilísticos tem-se a simulação de Monte Carlo, que proporciona uma análise dos efeitos de riscos de forma contínua e completa, além de incorporar riscos não lineares, internos e externos do modelo, incluindo variações temporal da volatilidade das variáveis e cenários extremos (JORION, 2007).

Segundo Samanez (2009), a simulação de Monte Carlo é um método de ensaios estatísticos, em que os valores são obtidos por meio de uma seleção aleatória na qual a probabilidade de escolher determinado resultado entre a população é obtido por meio de amostragem aleatória de identificação dos eventos estudados.

Esse método foi publicado em 1949 no artigo intitulado de “Monte Carlo Method” com autoria de John Von Neumann e Stanislav Ulam. A exigência desse método é que o problema seja modelado de forma consistente, ou seja, em termos de funções de densidade de distribuição de probabilidades (FDP). Ao conhecer a distribuição, esse método realiza várias amostragens aleatórias a partir da mesma, ou seja, ele perturba a distribuição para ver o seu nível de variação. A Figura 10 (2) a seguir ilustra a ideia genérica do método Monte Carlo.

Figura 10 (2) – Ideia genérica do método de Monte Carlo

Fonte: A pesquisa (2016).

Os números aleatórios usados nas simulações de Monte Carlo são habitualmente gerados por meio de um algoritmo numérico, o que na realidade os torna valores obtidos de uma forma determinística. No entanto, quando se olha para eles sem se conhecer o algoritmo que os gerou, afiguram-se mesmo como sendo aleatórios. Por essa razão, eles são chamados de números pseudoaleatórios e conseguem passar a maior parte dos testes estatísticos, quando

Utilização de números aleatórios (ξ1, ξ2, ξ3....) Observação do fenômeno simulado FDP

solicitados. Pelas razões já conhecidas, é particularmente importante a geração de números aleatórios com distribuição uniforme no intervalo [0,1], embora a inclusão dos extremos, que formam um conjunto de probabilidade nula, possa ser dispensável (CEMAPRE).

Com relação às funções de distribuição de probabilidade (FDP), as principais são: a normal, lognormal, uniforme, triangular, exponencial. Elas estão relacionadas à descrição do conjunto de probabilidades associadas aos possíveis valores da variável analisada, isto é, a FDP está relacionada à natureza que a variável em estudo possui, devendo essa ser identificada por meio de testes de aderência.

Portanto, segundo Lustosa, Ponte e Dominas (2004), a simulação de Monte Carlo seguem as seguintes etapas básicas abaixo:

i. Identificação da distribuição de probabilidades de cada uma das variáveis analisadas;

ii. Construção da distribuição de probabilidade acumulada;

iii. Definição dos intervalos de números aleatórios que podem ser obtidos levando em conta as particularidades de cada variável estudada;

iv. Geração dos números aleatórios;

v. Simulação por meio da substituição dos novos valores nos fluxos de caixa base; vi. Repetição do procedimento anterior até o número de interações estabelecidas; vii. Estimação do valor esperado e da variância dos valores da variável dado por:

𝐸(𝑅) = ∑ 𝑝𝑖 𝑛 𝑖=1 𝑅𝑖 𝜎2 = ∑ 𝑝 𝑖 𝑛 𝑖=1 𝑅𝑖2− (∑ 𝑝𝑖 𝑛 𝑖=1 𝑅𝑖)²

Onde: i = 1,2, ... n, identifica os n diferentes estados que o universo pode assumir. 𝑝𝑖= probabilidade de ocorrência do estado i.

𝑅𝑖= retorno em caso de ocorrência do estado i.

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2.2.4.2.2 Análise de sensibilidade

Outra técnica que leva em consideração um nível de incerteza alto e o baixo nível de reação dos gestores é a análise de sensibilidade. Essa técnica é utilizada para observar o quanto o retorno ou uma variável de um projeto se modifica diante de alterações de alguma variável subjacente. Por meio da realização de simulação é possível identificar a qual variável o projeto é mais sensível. Ainda, a análise de sensibilidade se resume a expressar fluxos de caixa em termos de variáveis chaves de projetos e depois mensurar as consequências de estimar as variáveis equivocadamente. Ela força o gerente a identificar as variáveis básicas, indicando onde informações adicionais seriam mais úteis e ajudariam a expor previsões confusas ou inapropriadas (BREALEY e MYERS, 2006).

2.2.4.2.3 Árvore de decisão

Em seguida, outra ferramenta para análise de investimentos é a árvore de decisão que realiza a representação dos níveis do processo decisório, mostrando os caminhos e os possíveis valores que o projeto pode assumir após a tomada de uma decisão. Inicialmente parte-se de um valor conhecido no projeto e a partir desse parâmetro um conjunto de probabilidades vai sendo construída para o curso de ação do projeto, bem como o seus valores adjacentes. A partir desses novos valores encontrados por meio das probabilidades atribuídas podem ser calculados novos VPLs e TIRs para os cenários identificados pelo analista do projeto.

2.2.4.2.4 Análise de opções reais

Por fim, em condições de alta incerteza e alta flexibilidade, como referenciado na Figura 9 (2), tem-se a técnica de opções reais para análise de investimentos. Essa técnica parte de algumas suposições implícitas na análise dos modelos determinístico do VPL, a saber: um investimento é reversível, podendo ser abandonado e parte dos recursos recuperados; e que o investimento é irreversível no que concerne ao tempo, onde um investimento não realizado no momento atual pode representar a impossibilidade de realizá-lo no futuro (DIXIT e PINDYCK, 1994).

As opções reais têm sido interpretadas e apresentadas por muitos autores como uma nova forma de pensar (new way of thinking) sobre decisões de investimentos corporativos. Sua

premissa é que qualquer decisão sobre investir ou não em patrimônios reais é simplesmente uma opção (PARK e HERATH, 2000).

As opções reais utiliza um VPL expandido em sua análise, que se trata do VPL obtido por meio das técnicas tradicionais adicionado do valor da opção. O VPL expandido disponibiliza ao gestor informações de viabilidade adaptadas a alterações no mercado que podem gerar melhorias no potencial de ganhos, ao mesmo tempo em que limita perdas relativas às expectativas iniciais (GUIMARÃES FILHO, 2010).

Após o estudo dos principais fatores de risco nos projetos que envolvem tecnologia da informação e das principais técnicas de identificação e análise de riscos, o presente estudo utilizará um método multicritério pra análise de investimentos, seguido da matriz de riscos modificada e da simulação de Monte Carlo para o alcance dos seus objetivos, por ser amplamente utilizada para situações de baixa flexibilidade dos gestores e alta incerteza dos projetos, como nos casos aqui estudados. A seguir estão descritos os passos metodológicos seguidos.