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Técnicas de produção artística

Estampa XXI- Mapeamento de danos e patologias, segundo vista lateral esquerda, da

Capítulo 4- Técnicas de produção artística

4.1. Princípios gerais

Peter Rockwell (1993, pp. 8-14), no livro intitulado “The art of stoneworking”, defende que a produção artística de escultura em pedra requer o conhecimento prévio da matéria-prima, das ferramentas e da metodologia de trabalho a adotar.

Sobre a matéria-prima, a escolha de um bom material pétreo é importante, uma vez que todas as rochas possuem características diferentes. A cor, a dureza e a textura dos minerais que compõem as rochas são algumas das características a ter em atenção, aquando a escolha de um bom material para esculpir (Rockwell, 1993, pp. 8-14).

De acordo com o livro “La Sculpture: methode et vocabulaire”, os materiais pétreos usados na produção de esculturas eram selecionados em função das técnicas, dos motivos artísticos e dos custos de produção envolvidos (Inventaire general des monuments et des richesses artistiques de la France, 1978, pp. 211-220).

Sobre as técnicas, o mesmo livro supracitado refere que estas eram escolhidas em função da durabilidade e da resistência do material pétreo. Era importante selecionar rochas que resistissem ao entalhe, à ação do tempo e aos diversos fatores de degradação (Inventaire general des monuments et des richesses artistiques de la France, 1978, pp. 211- 220).

Relativamente ao fator estético, as rochas que iriam servir como matéria-prima para a produção de esculturas, eram escolhidas em função da sua textura, da sua cor e do tipo de projeto artístico envolvido (Inventaire general des monuments et des richesses artistiques de la France, 1978, pp. 211-220).

Muitas famílias nobres encomendavam esculturas, pinturas ou outro tipo de obras de arte para ostentar poder, prestígio e dinheiro. Quanto mais elementos artísticos possuíssem nos seus aposentos, mais riqueza demonstravam aos convidados. Escolher certo tipo de materiais era importante, uma vez que alguns deles eram mais valiosos que outros (Rockwell, 1993).

O local de proveniência também era um fator importante para a escolha da matéria- prima. Antigamente, as esculturas de pedra eram executadas com as rochas existentes nas

pedreiras locais. Isto porque, era o modo mais barato e rápido para se obter a matéria- prima pretendida (Rockwell, 1993, pp. 8-14).

A título de exemplo, rochas como os calcários dolomíticos são facilmente encontrados na zona de Souselas (Coimbra). Por sua vez, as rochas mais predominantes na região de Lisboa são os calcários, as margas e os arenitos (Brilha & Henriques, 2000).

A escolha de ferramentas era também um aspeto muito importante a considerar. Estes utensílios eram escolhidos de acordo com a própria natureza da matéria-prima. Para os escultores, era importante utilizar instrumentos resistentes e que não danificassem o substrato pétreo (Rockwell, 1993, pp. 8-14).

As ferramentas usadas para esculpir os materiais pétreos podem ter origens e composições diferentes. Porém, todas elas são usadas com os mesmos objetivos ou seja, esculpir, segurar ou polir as esculturas de pedra (Rockwell, 1993, pp. 8-14).

De acordo com Rockwell (1993, pp. 8-14), a criação de uma metodologia de trabalho era igualmente importante no processo de elaboração de uma escultura de pedra. Pois,“uma escultura deveria ser feita passo a passo”. Não se podia saltar nenhuma das etapas envolvidas ou trocar a sua ordem.

Assim sendo, pode-se dizer que todo o processo de elaboração de uma escultura de pedra envolve a realização de um esboço, o entalhe do material pétreo e o acabamento do mesmo (Rockwell, 1993, pp. 8-14).

Segundo as “Normas de inventário de escultura: Artes plásticas e artes

decorativas” o termo esboço diz respeito ao “desenho preparatório de uma obra de arte.

Fase da produção de uma escultura na qual as formas principais já́ foram dadas à matéria

dessa obra (pedra, madeira, marfim, barro...), enquanto que os pormenores e o acabamento ainda não foram executados” (Carvalho, Normas de escultura: Artes plásticas

e artes decorativas, 2004, pp. 120).

Por sua vez, as normas supracitadas referem que o entalhe “consiste num processo

subtrativo executado sobre uma massa sólida de material resistente (suporte) através do corte, cinzelagem ou abrasão de modo a criar uma forma determinada” (Carvalho,

Normas de escultura: Artes plásticas e artes decorativas, 2004, pp. 120).

Por último, o termo acabamento é utilizado para “identificar a ultima fase da

normalmente a ferramentas como as grosas, as raspas, as pedras de brunir e as pedras pomes” (Carvalho, Normas de escultura: Artes plásticas e artes decorativas, 2004, p. 105).

4.2. Técnicas de produção das quatro esculturas em estudo

No que diz respeito à tipologia, as “Normas de inventário de escultura: Artes

plásticas e artes decorativas” referem que as obras em estudo podem ser identificadas

como esculturas de vulto pleno. Esta nomenclatura é atribuída às esculturas que apresentam todos os seus lados trabalhados (Carvalho, Normas de escultura: Artes plásticas e artes decorativas, 2004, p. 20).

A nível de execução técnica, as esculturas nº 772 Esc. e nº 773 Esc. são mais pobres, isto se as compararmos com as esculturas nº 2479 Esc. e nº 2480 Esc. As duas primeiras esculturas referidas, apresentam-se com um traçado mais rudimentar e, ao mesmo tempo, carentes de ornamentos (figuras 10 e 11).

Figura 10- Fotografia referente à

qualidade de execução da base da escultura nº 773 Esc.

Figura 11- Fotografia do manto da

escultura nº 772 Esc., segundo vista posterior. Visualização de várias marcas provocadas por uma ferramenta utilizada no entalhe.

Relativamente às esculturas nº 2479 Esc. e nº 2480 Esc., a qualidade de execução é mais elevada, como se pode ver em elementos como os cabelos (figura 12), as flores (figura 13) e os panejamentos (figuras 14 a 16).

Figura 12- Fotografia referente à qualidade de execução do

cabelo da escultura nº 2480 Esc.

Figura 13- Fotografia referente à

qualidade de execução das diversas flores que embelezam a escultura nº 2479 Esc.

Figura 14- Fotografia referente à

qualidade de execução do panejamento existente na escultura nº 2479 Esc.

Para terminar, convêm referir que tanto a escultura nº 2479 Esc. como a nº 2480 Esc. apresentam alguns elementos metálicos, sendo estes visíveis onde se identificam as chamadas faltas de matéria original. A presença destes elementos metálicos indica que, possivelmente, ambas as esculturas foram produzidas em vários blocos de pedra que foram posteriormente unidos.

Figura 15- Fotografia referente à

qualidade de execução de um panejamento existente na escultura nº 2480 Esc.

Figura 16- Fotografia referente à

qualidade de execução de um outro panejamento existente na escultura nº 2480 Esc.

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