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4. SOLUÇÕES DE INTERVENÇÃO EM PAVIMENTOS

4.3. S OLUÇÕES DE INTERVENÇÃO

4.3.3. C ONSERVAÇÃO – P AVIMENTOS EM MADEIRA

4.3.3.1. Técnicas de Tratamento e Reforço Local

São muito variadas as opções que existem para remediar estas patologias, usando técnicas tradicionais ou modernas.

Figura 4.3. – Técnicas de reforço local nos apoios [Arriaga, 2002]: a) frechal de madeira assente em cachorro de pedra; b) fixação de novas peças de madeira às antigas

Figura 4.4. – Técnicas de reforço local nos apoios [Arriaga, 2002]: a) fixação de perfis metálicos à parte sã da madeira; b) introdução dos varões ou cavilhas FRP e execução de cofragem

No entanto, a escolha da técnica e do material a utilizar obrigam a considerar certos fatores, que podem condicionar o sucesso da intervenção, apresentando-se como exemplo as deformações diferenciais que podem surgir por incompatibilidade entre materiais quando se aplicam ligações coladas ou rígidas.

 fixação ou introdução de um novo elemento na parede para apoio do vigamento (Figura 4.3.a), através de um frechal de madeira assente em cachorros de pedra fixados à parede, ou através de uma cantoneira metálica fixada à parede, bem como através de um frechal de betão armado executado no interior da parede;

 introdução de novos elementos de madeira (Figura 4.3.b), que passam pela fixação de novas peças de madeira às antigas, quer pela substituição das partes degradadas por novas peças de madeira;

 introdução de elementos metálicos (Figura 4.4.a), que podem ser feitos através da fixação de chapas ou perfis metálicos à parte sã da madeira, mas também através da introdução de elementos metálicos no interior da secção, bem como pela colocação de perfis metálicos sob as vigas degradadas;

 introdução de colas epoxídicas com peças metálicas ou materiais compósitos (Figura 4.4.b), através da introdução de varões metálicos ou de FRP selados com cola epoxídica ou através da introdução de chapas metálicas ou de FRP no interior da viga com cola epoxídica.

No caso das primeiras é importante, previamente, eliminar as causas da degradação e efetuar um tratamento adequado à madeira, deve ter-se um cuidado especial no que respeita ao tipo de paredes em que se empregam pois, podem originar danos estruturais a nível global, e deve realizar-se uma boa ligação das vigas ao novo apoio. Por outro lado, como ficam à vista e provocam o aumento da espessura do pavimento, não são aplicáveis a todas as situações, sendo também discutíveis no que respeita ao seu impacto visual. De salientar que, a solução de “introdução de vigas de betão armado embebidas na parede não deve ser feita, salvo em situações devidamente justificadas” [Dias, 2008]. No caso das segundas é de referir que, são uma solução adequada, já que consistem na “adição de um material com características semelhantes ao existente” [Dias, 2008], devendo executar-se com cuidado a ligação entre as novas peças de madeira e as antigas para que haja uma correta transmissão de esforços (deve garantir-se um comprimento de sobreposição mínimo na primeira, e ter-se em conta que a segunda é mais complexa em termos de mão-de-obra). Por outro lado, são soluções sem limitações arquitetónicas, sendo a primeira mais simples, por poder não necessitar de escoramento, obrigando, no entanto, a um tratamento preservador da madeira mais cuidado.

No que respeita às terceiras, são em geral uma boa solução por serem pouco intrusivas, apresentando, no entanto, o inconveniente de serem pouco resistentes ao fogo. De referir que, a primeira técnica é a de mais fácil execução por não obrigar à remoção do material degradado, sendo que a terceira solução apresenta limitações arquitetónicas, pois implica o aumento da espessura do pavimento. Conclui-se então que, com exceção da terceira, são soluções recomendáveis.

No que respeita às quartas, são no geral técnicas pouco intrusivas e com boa adaptação a elementos circulares, devendo ressalvar-se o caso de estruturas expostas a variações de temperatura e humidade e considerando que são, ainda, relativamente recentes, carecendo portanto de estudos e informação, logo devem ser aplicadas com relativa precaução.

Passando agora às técnicas de reforço local ao longo do comprimento dos elementos estruturais (meio vão) podem-se destacar as seguintes soluções:

 Introdução de novos elementos de madeira (Figura 4.5.), que podem passar pela fixação de novas peças de madeira às antigas, pela colocação de novas peças de madeira intercaladas com as originais, pela colocação de novas vigas a dividir o vão das existentes e pela introdução de escoras que criem pontos de apoio intermédios;

 Introdução de elementos metálicos (Figura 4.6.), através de reforço com chapas, parafusos, cintas ou perfis metálicos, através da instalação de perfis metálicos intercalados com as vigas de madeira, através da colocação de perfis metálicos a dividir o vão das vigas de madeira, através do reforço com tirantes metálicos/aplicação de sistema de pré-esforço exterior, bem como através da melhoria da continuidade do apoio comum em pavimentos contínuos bi-apoiados;

 Introdução de colas epoxídicas com peças metálicas ou materiais compósitos (Figura 4.7.), como a introdução de barras de reforço seladas com cola epoxídica, a aplicação de placas de reforço internas seladas com cola epoxídica, o envolvimento do elemento a reforçar com mantas, tecidos ou telas FRP coladas, a reconstrução da parte superior das vigas com cola epoxídica, a colmatação de fendas de secagem com cola epoxídica.

Figura 4.5. – Técnicas de reforço local a meio vão: reforço com novas peças ou vigas de madeira fixadas às degradadas [Arriaga, 2002]

Figura 4.6. – Técnicas de reforço local a meio vão: reforço com chapas metálicas [Arriaga, 2002]

Figura 4.7. – Técnicas de reforço local a meio vão: reconstrução da parte superior das vigas com cola epoxídica [Arriaga, 2002]

No que diz respeito às primeiras, “conclui-se que, com exceção da solução com a utilização de escoras, que apresenta o grande inconveniente de impor às paredes cargas horizontais, as soluções apresentadas podem ser aplicadas, sendo que a terceira deve ser bem ponderada pelo acréscimo de carga que pode provocar nas paredes.” [Dias, 2008].

As segundas, “e particularmente as que introduzem perfis (paralelos e transversais), permitem uma grande diminuição do nível de deformações e vibrações, acabando também por conferir o reforço dos

pavimentos com caráter global. Em relação à aplicabilidade em vigamento de secção circular, verifica-se que a primeira solução, uma vez que implica diretamente com a viga a reforça r, é talvez a menos adaptável às vigas de secção circular. No entanto, com uma preparação prévia da viga, também nesta situação é facilmente aplicável. Conclui-se assim que as soluções apresentadas são eficazes, podendo ser aplicadas, tendo em consideração que a terceira e a quarta só o poderão ser em algumas situações.” [Dias, 2008].

Para o caso das terceiras, tal como referido para os apoios, conclui-se que, “ainda que em estruturas mais expostas a variações de temperatura e humidade, devam ser usadas com mais reservas, (…) podem ser consideradas na reabilitação dos elementos de madeira, permitindo ainda uma boa adaptação a elementos de secção circular.” [Dias, 2008].

Passando, agora, às técnicas de tratamento local dos revestimentos e acabamentos, pode-se considerar que a solução passa, por um lado, por um tratamento adequado da madeira dos pavimentos (soalhos), através da sua limpeza, polimento, envernizamento e pequenas reparações pontuais, passando, por outro lado, por uma recuperação adequada dos tetos, através da sua limpeza, repintura e reparação das zonas com destacamentos ou fendilhações no estuque, procurando todos, de um modo geral, tratar o mau estado dos acabamentos através do recurso a tecnologias tradicionais, de modo a assegurar a manutenção do aspeto e valor original destes elementos.

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