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T RADUÇÃO E A DAPTAÇÃO DO I NSTRUMENTO P SICOMÉTRICO

As línguas diferem uma das outras e o conteúdo descrito em uma língua não tem obrigatoriamente uma tradução correspondente numa outra língua (Raad 1998, cit. por Ribeiro, 2010).

Para uma boa adaptação do instrumento é necessário que a sua tradução seja sujeita aos mesmos procedimentos psicométricos que o instrumento original (Bradley 1994, cit. por Ribeiro, 2010). Assim a tradução do instrumento procura “(…) permitir a comparação dos conceitos entre respondentes pertencentes a culturas diferentes” (Fortin, Côté e Filion, 2009, p. 396), isto é, o significado dado a um conceito na versão original e posteriormente validado em outra língua tem de ser igual para as duas culturas que são comparadas (Hulin, 1987, cit por Fortin, Côté e Filion 2009).

A tradução segundo Fortin, Côté e Filion (2009) deve ser realizada pelo menos por dois autores independentes, em que um faz a tradução do instrumento para a língua de chegada e outro retrotradução do texto para a língua de partida. Assim sendo, tanto o texto de partida como o de chegada devem ser sujeitos a uma comparação. O texto na versão de chegada deverá ser corrigido as vezes que forem necessárias até obter uma tradução que se pense ser satisfatória (Fortin, Côté e Filion, 2009).

No presente estudo, para a tradução da EVM foram seguidas as etapas referidas por Fortin, Côté e Filion (2009). O processo de tradução e validação do instrumento para a população portuguesa teve início com o pedido de autorização do mesmo aos autores da escala original. No entanto, por impossibilidade em contactar os autores da escala na versão original, uma vez que esta foi construída nos anos 60, fez9se o pedido por correio eletrónico à investigadora principal responsável pela tradução da Escala da Vulnerabilidade Mental para versão inglesa e aplicação da mesma em vários estudos dinamarqueses, tendo sido aceite (ANEXO I).

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Posteriormente foram realizadas duas traduções independentes da versão inglesa (ANEXO II) para a versão portuguesa, (uma por uma professora, bióloga e investigadora, e outra por um tradutor licenciado em línguas, ANEXO III e ANEXO IV respetivamente). Sendo a escala dinamarquesa e, uma vez que foi cedida pela investigadora principal a versão original da EVM (ANEXO V), procedeu9se à sua tradução para a versão portuguesa. Nesse sentido foi contactada a embaixada da Dinamarca em Portugal, no qual nos foi fornecido o contacto de alguns tradutores, tendo sido escolhido duas tradutoras independentes (ANEXO VI e ANEXO VII). Esta tradução realizou9se com o objetivo de perceber se na tradução de dinamarquês para português perdeu9se informação significativa, o que não se verificou. Uma vez que não foi possível ter acesso ao artigo relativo à construção e validação da EVM original, foi utilizado o estudo de Eplov et al. (2010) em que a EVM foi traduzida de dinamarquês para inglês.

Na tradução de inglês para português (T1 e T2), os autores não apresentaram qualquer divergência. Na tradução de dinamarquês para português (T3 e T4) verificaram9se algumas divergências como elucida o ANEXO VIII.

Com as quatro versões existentes na versão portuguesa procurou9se chegar a uma versão provisória da EVM em português através da análise de consensos. Para a análise de consensos entre as traduções reuniu9se um grupo com os seguintes peritos, uma docente na Escola Superior de Enfermagem de Lisboa, com Mestrado e Doutoramento, uma Psicóloga, Professora Catedrática da faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, com Mestrado e Doutoramento na área da Psicologia, uma Psicóloga, Professora Catedrática da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, com Pós Graduação e Doutoramento na área da psicologia, e uma Enfermeira Especialista em Saúde Mental e Psiquiatria no Barreiro SAMS 9 Serviços de Assistência Médico9Social do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas.

Os quatro peritos conseguiram chegar a um consenso para a versão portuguesa da EVM, no entanto houve alguns itens da escala que levantaram mais dúvidas uma vez que um mesmo item apresenta dois

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conceitos diferentes. Por exemplo, no item nº3 em que é proposto “enxaqueca” ou “dores de cabeça”, são dois conceitos diferentes uma vez que, enxaqueca é considerada uma doença e as dores de cabeça são um sintoma presente em algumas doenças como o Síndrome de Burnout, (Benevides9Pereira 2001 cit Benevides9Pereira e Takahashi 2003). A enxaqueca é apresentada por Bickerstaff, (1961) como Síndrome da Enxaqueca Basilar que inclui sintomas como a dor de cabeça na região occipital, com sinais ou sintomas de alterações a nível do tronco encefálico (Bickerstaff, 1961, cit por Bahmad; Cal, 2008). Tal como este item houve outros que levantaram dúvidas relativamente ao conteúdo e semântica utilizada (ANEXO IX).

Para o passo seguinte a, retrotradução, foi entregue uma versão provisória da EVM a uma tradutora (R1) (Professora, bióloga e investigadora). Esta realizou a retrotradução do português para o inglês, tendo9se verificado que não apresentava divergências com a versão original da EVM em inglês. A retrotradução do português (R2) para o dinamarquês foi realizada por uma outra tradutora da embaixada dinamarquesa (ANEXO X). Na retrotradução de português para dinamarquês verifica9se algumas divergências com EVM dinamarquesa original ao nível dos verbos utilizados, informação fornecida pela última tradutora que realizou a retroversão. O facto de esta retrotradução apresentar divergências não é significativo, uma vez que a escala em que este estudo se apoia é a EVM traduzida para inglês.

Foi ainda proposto pelo professor J. M. (Psicólogo, cronometrista e estatística e professor no ISPA) após consultá9lo sobre o instrumento, que as respostas da EVM ao invés de serem dicotómicas (como a original) passassem a ter respostas tipo Likert (19 Nunca, 29 Raramente, 39 Algumas vezes, 49 Muitas vezes, 59 Constantemente) com o objetivo de aumentar a robustez psicométrica. Desta forma a EVM permitirá uma melhor avaliação e especificidade do constructo. Foi ainda realizado um pedido a um grupo de peritos para avaliação da validade concetual, que será descrita no subcapítulo seguinte.

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Assim obteve9se uma versão provisória da EVM que foi utilizada para realizar o pré9teste (ANEXO XI). Após o pré9teste verificou9se que com a aplicação da resposta tipo Likert não fazia qualquer sentido os adjetivos quantitativos que a grande parte dos itens da EVM apresentavam uma vez que confundiam quem estava a preencher, por isso foram retirados. Com esta última alteração chegou9se à versão final da EVM (ANEXO XII).

Foi realizado o contacto com a autora da validação da escala para a versão inglesa no sentido de validar a retrotradução em comparação com a versão original. O processo de tradução consiste assim em seis etapas (Tradução, Análise de consensos das traduções, Retrotradução, Análise Concetual, Pré9teste e Versão final do instrumento) que foram aplicadas neste estudo como demonstra a Figura 1.

?+C 9 Síntese das traduções.

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